Citação de José Carlos em novembro 22, 2023, 5:36 pm

O século XX se foi deixando um legado muito importante para a nossa civilização; a Era do conhecimento e o advento da globalização, que descortinou um cenário mutável de profundas transformações, seja na “área empresarial”, “social” ou construção do “saber humano” (conhecimento) fazendo emergir uma constante necessidade de habilidades diversificadas e adaptação aos ideários de uma “nova concepção educativa”, para atender as exigências dos processos formativos contemporâneos.

Neste prisma a “Educação Cristã” ganha relevância, e se torna um agente imprescindível na modelagem do conhecimento, que perpassa a visão utilitarista de objeto de competitividade e obtenção de resultados, e se constitui em uma das ferramentas mais valiosas do presente século na sua dimensão mais significativa como “elemento construtivo” da vida e da dignidade, com dimensão para a eternidade.

Ao compartilhar o fórum dessa última disciplina “Educação Cristã”, reflito nas palavras de Asafe no Salmo 78.1-8, e me vejo confrontado por uma pergunta emergente e profundamente inquietante: Que legado estamos deixando para as próximas gerações?

O Salmo 78 foi escrito por Asafe, cujo nome significa “Deus se apoderou”. Asafe, não foi um artista, mas, um maestro de música e um verdadeiro servo de Deus compromissado com a “parte musical da adoração”, com o “ensino e transmissão” dos preceitos da Lei do Senhor e com a preservação dos valores culturais do seu povo na perspectiva da vontade de Deus (2 Cr 5.12-14). Nesse texto Asafe aborda uma questão muito séria, e nos leva a enxergar uma responsabilidade imperativa para construção de um legado, que servirá de espelho para as próximas gerações.

Legado aqui é mais do que uma herança ou patrimônio, relacionado a bens ou riquezas materiais. Legado se refere a valores morais, espirituais, éticos e culturais que recebemos de nossos antepassados e os transmitiremos para os nossos descendentes. Isto significa que somos desafiados a deixar “marcas indeléveis” de um “discipulado” eficaz e de excelência, que possa perpetuar o conhecimento de Deus nas gerações vindouras, que começam a partir da existência dos nossos filhos e netos no ambiente familiar (vs 5-7).

Certamente a família tem uma “função imprescindível” para o ensino e a transmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos, que contribuem de modo “único e insubstituível” para o bem da sociedade. É por isto, que precisamos enxergar além de nós mesmos, para não deixarmos migalhas para as próximas gerações, e evitar no futuro uma sociedade de indigentes sociais na estrada da vida, e pessoas órfãs de filiação divina sem identidade e famintos espirituais. O legado que Asafe propõe no Salmo 78, serve de antídoto contra o vírus infeccioso da corrupção espiritual e de paradigma (modelo), para que as próximas gerações perpetuem o conhecimento de Deus, e a fidelidade de relacionamento com o seu criador.

No livro de Provérbios 22.6, está escrito: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”. Nesse texto os verbos ensinar e/ou educar se mostram no indicativo presente e imperativo afirmativo, revelando duas lições muito importantes no contexto da criação dos filhos:

a) A palavra ENSINAR em sua etimologia é: EN= Dentro; SINAR= Signum, que significa Sinal. Portanto, ensinar é deixar um sinal, ou seja, uma marca indestrutível, permanente, indelével, dentro do coração da criança, servindo de referencial em toda a sua caminhada de vida nesse mundo.

b) A outra palavra traduzida para ensino é EDUCAÇÃO, que em sua etimologia significa; E= Ex = fora; DUCAÇÃO = Ducere = Conduzir para fora. A Educação tem como base nos conduzir para fora do nosso EU, da raiz do egoísmo, da vaidade, da insensatez, da ganância, da irresponsabilidade e da injustiça, principais causas da falência do mundo atual.

Logo, “ensinar a criança no caminho em que deve andar”, significa: MARCAR fortemente a sua trajetória de vida, com exemplos de sensatez, maturidade, determinação, discernimento, responsabilidade, altruísmo, e, sobretudo de fé, para que no decurso do ciclo da sua vida, os filhos desenvolvam uma consciência da real e gloriosa da existência de Deus, que fará toda a diferença no “tempo e na eternidade”.