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ESTUDO CRÍTICO SOBRE ATOS 1: 15-26

ESTUDO CRÍTICO SOBRE ATOS 1: 15-26

A escolha de Matias foi uma ação correta, aprovada por Deus?

Neste breve estudo, pretendo fazer uma crítica a interpretação literal, historicamente aplicada a esta passagem do Novo Testamento. Todavia, não pretendo acrescentar uma ideia externa, nem originada em interpretação alegórica. O meu propósito é “explicar a Bíblia pela própria Bíblia”, ou seja, aplicar a exegese teológica a partir do princípio da Analogia da Fé.

Entretanto, gostaria de deixar claro que meu ponto de partida foi o da experiência empírica. Isto é, o meu questionamento teológico nasceu da minha experiência pessoal com Deus e Sua Palavra. No início de minha caminhada cristã, por vezes, recorri ao ato de “lançar sorte”, ou “tirar na sorte” para saber a “vontade” de Deus. Na ânsia de obter uma resposta rápida de Deus sobre certos questionamentos, eu me precipitava em querer “descobrir a vontade de Deus” de maneira equivocada. Ainda que eu orasse antes, e mesmo crendo que em certas vezes o processo “funcionava” (“Deus me respondia”), eu não tinha paz. Essa situação ficava me incomodando, trazendo dúvidas sobre a possível “resposta”. E foi então que o Espírito Santo me levou ao texto de Atos 1: 15-26 para me dizer: “você está errado, não é correto lançar sortes para receber um sim ou não de Deus. EU sou quem te oriento, a resposta tem que ser buscada em MIM.”

A partir dessa experiência começou meu estudo. E primeira pergunta foi: então os apóstolos erraram escolhendo Matias? E a reposta é: sim! Existem duas situações a serem analisadas aqui. Primeiro, sabemos que era uma prática sacerdotal, comum em Israel, lançar sortes para saber a vontade de Deus através do “Urim e Tumim”. Eram pedras preciosas usadas pelos sacerdotes como se fosse hoje uma “cara ou coroa”. Todavia, essa prática, que provavelmente parecia comum aos apóstolos, não era mais para ser utilizada. Jesus nunca deu uma orientação nesse sentido. Afinal, o Espírito Santo é quem deve nos guiar a toda verdade (Jo 16.13). Porém, aqui está a segunda situação que merece especial atenção: o Espírito ainda não havia sido derramado. Ou seja, eles não haviam recebido a plenitude do Espírito, e portanto, ainda não estavam prontos para fazerem a obra que lhes foi confiada. Isto é, eles se precipitaram.

Em Atos 1. 20, Pedro está correto ao interpretar que o A.T. profetizara que outro deveria tomar o lugar do “traidor”. Sim, isso faz sentido, pois desta forma se manteria “os Doze”. Tal como aconteceu com a contagem das Tribos de Israel, mesmo que mudasse a lista das tribos, o número permanecia sendo 12. Entretanto, o substituto não era Matias. E nesse ponto, novamente parto de outra revelação ao meu espírito: o substituto era Paulo de Tarso. Este foi chamado pessoalmente por Jesus, tal como os outros onze. Este era o substituto profetizado por Davi. Paulo já estava nos planos de Deus, que tudo sabe. Ele é quem seria o Apóstolo dos Gentios, aquele que completaria o “Colégio Apostólico”. Matias, nunca mais foi citado no Novo Testamento. Ele pode ter sido “contado entre os apóstolos” como formam outros; porém, não tem a importância de pertencer ao grupo dos Doze.

Entretanto, não devemos nos escandalizar da bíblia relatar um “decisão errada” dos apóstolos, pois eles eram homens, sujeitos aos mesmos erros que nós somos. Destaco que a escolha foi deles, não do Espírito Santo. Este sim não pode errar. Mesmo que eles tenham orado antes, nada nos garante que receberam “aprovação” ou direção de Deus. Quantas vezes nós também oramos antes, mas nos equivocamos com o que “achamos” ser a resposta do Pai? Comigo já aconteceu várias vezes. E reforço: o Derramamento do Espírito Santo ainda não havia ocorrido. Outras “controvérsias” também são relatadas no Novo Testamento: Paulo recusou levar João Marcos com Ele, mas depois confessou que este foi útil ao seu ministério; assim como o embate entre Pedro e Paulo a cerca da circuncisão. A mensagem da Bíblia é inerrante, mas os homens não. A verdade das Boas Novas estão acima dos erros humanos. A Bíblia relata ações corretas, e também erradas, dos servos de Deus. Para exemplificar, basta falarmos do erro de Davi.

Por fim, deixo um conselho: nunca usem de “cara ou coroa”, ou qualquer outra forma de adivinhação, para saber a vontade de Deus, para buscar uma direção. Apenas ore e “aguarde” a resposta pacientemente. Aprendi que Deus sempre nos responde, mas no tempo DELE. E a resposta pode ser: sim; não; ou espere mais um pouco.

Graça e Paz!