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Percepção e experiências sensoriais, significados pessoais.

A situação vivida por Juliana permite uma análise clara a partir dos conceitos de sensação e percepção. A sensação corresponde ao momento inicial em que os estímulos do ambiente são captados pelos órgãos dos sentidos. No caso apresentado, esse fenômeno ocorre quando Juliana se observa no espelho e enxerga as rugas, a textura da pele e as linhas do rosto. Trata-se de um processo primário e imediato, no qual a visão registra as características objetivas da sua imagem refletida, sem ainda atribuir a esses dados qualquer valor ou interpretação. A característica definidora desse fenômeno, portanto, é o caráter fisiológico e direto, ligado à simples recepção do estímulo visual.

Já a percepção se manifesta quando Juliana interpreta aquilo que viu, atribuindo significados subjetivos às sensações captadas. Nesse momento, ela se sente insatisfeita ao se perceber envelhecendo, compara-se com a irmã Carla, a quem julga como “velha e feia”, e internaliza esses sinais como ameaça ao seu próprio valor e identidade. A percepção, assim, é marcada por um processo psicológico ativo, que organiza e dá sentido às informações captadas pelos sentidos. É nesse ponto que a cultura exerce um papel fundamental: em uma sociedade que supervaloriza a juventude e associa o envelhecimento à perda de beleza e vitalidade, Juliana constrói sua interpretação de forma negativa. O olhar cultural funciona como mediador, direcionando a forma como ela percebe a si mesma e à irmã, reforçando estigmas sociais em torno da velhice.

Portanto, enquanto a sensação em Juliana está vinculada ao simples ato de enxergar sua imagem refletida, a percepção está no julgamento e na interpretação desse reflexo, revelando como a cultura influencia profundamente o modo como as experiências sensoriais são transformadas em significados pessoais.