Pessoas como emergentes
Citação de ADÉRICA YNIS FERREIRA CAMPOS em novembro 1, 2025, 11:05 pmNesta unidade aprendi o conceito de comportamento social, que é aquele comportamento em que há participação ou mediação de outra pessoa na ação que está sendo analisada. Comportamento social também pode ser entendido como qualquer contingência tríplice (estímulo, resposta, consequência) cujas consequências são mediadas pelo comportamento operante de outro indivíduo.
Aprendi também que quando a tríplice contingência do comportamento de um indivíduo é mediada pela resposta e pela consequência do comportamento de outro, essa relação entre as tríplices contingências de duas ou mais pessoas é conhecida como sistemas entrelaçados de resposta ou sistemas entrelaçados de comportamento.
Também foi bastante interessante para mim aprender sobre fenômenos sociais em que a questão a ser trabalhada não está no comportamento em si de um indivíduo, mas sim nos resultados decorrentes da ação realizada por mais de uma pessoa. Para esses fenômenos sociais foi atribuído o conceito de produção agregada, que funciona como um estímulo consequente de uma ação, porém sendo sempre resultante da resposta comportamental de mais de um indivíduo, de uma coletividade de indivíduos, na verdade.
Considerando todos os aprendizados verificados nesta unidade fiquei preocupada com uma questão. Hoje se fala em personalidade, no seu sentido jurídico, como a capacidade de ser pessoa, titular de direitos e obrigações no plano jurídico, de personalidade como algo relacional, que surge através das relações que travamos na vida em sociedade.
Nancy S. Jecker e César A. Atuire em seu livro “What Is a Person? Untapped Insights from Africa” defendem uma visão transfronteiriça das pessoas como emergentes de processos relacionais sociais envolvendo seres humanos. Eles escrevem que uma pessoa “surge de uma configuração complexa de relacionamentos envolvendo seres humanos; podemos dizer que eles se tornam um “ser-em-relação”. O “ser-relacionamento” emergente é uma pessoa, mostrando aspectos, incluindo o valor moral superlativo, não presente antes que as relações se unam.
Em diálogo com filosofias africanas, especialmente com a tradição ubuntu — cujo princípio fundamental pode ser expresso pela máxima “eu sou porque nós somos” —, os autores sustentam que a pessoa não é um dado, mas um devir que emerge de redes de relação. Nesse sentido, o “ser-em-relação” não é apenas uma característica acidental do humano, mas o próprio modo de sua constituição ontológica.
A pessoa, portanto, não preexiste às relações sociais; ela se faz nelas e por elas. O valor moral superlativo que Jecker e Atuire atribuem à pessoa nasce justamente dessa condição relacional: ser pessoa implica responsabilidade e abertura ao outro, já que a própria identidade é co-produzida em um campo de reciprocidade. Tal perspectiva desafia o individualismo ético e político dominante, deslocando o foco da autonomia para a interdependência, e da autorreferência para a cooriginariedade.
Essa visão relacional tem implicações éticas profundas. Se o ser humano é constituído nas e pelas relações, então a vulnerabilidade do outro não é um fato exterior, mas algo que me atinge em minha própria constituição. Nesse ponto, a proposta de Jecker e Atuire ressoa com a ética da alteridade de Emmanuel Levinas, para quem o rosto do outro inaugura uma responsabilidade anterior à liberdade. Entretanto, enquanto Levinas parte de uma transcendência ética, Jecker e Atuire se apoiam na imanência das relações sociais concretas — familiares, comunitárias, culturais — nas quais o sujeito se forma.
Então, torna-se muito importante ter comportamentos sociais ajustados, pois a dignidade humana, nesse horizonte, não é propriedade privada, mas bem relacional, compartilhado e continuamente atualizado pela convivência. Ao propor essa ontologia relacional da pessoa, Jecker e Atuire convidam a repensar não só o conceito de indivíduo, mas também as bases éticas e políticas das sociedades contemporâneas, frequentemente estruturadas pela lógica da separação e da competição.
Nesta unidade aprendi o conceito de comportamento social, que é aquele comportamento em que há participação ou mediação de outra pessoa na ação que está sendo analisada. Comportamento social também pode ser entendido como qualquer contingência tríplice (estímulo, resposta, consequência) cujas consequências são mediadas pelo comportamento operante de outro indivíduo.
Aprendi também que quando a tríplice contingência do comportamento de um indivíduo é mediada pela resposta e pela consequência do comportamento de outro, essa relação entre as tríplices contingências de duas ou mais pessoas é conhecida como sistemas entrelaçados de resposta ou sistemas entrelaçados de comportamento.
Também foi bastante interessante para mim aprender sobre fenômenos sociais em que a questão a ser trabalhada não está no comportamento em si de um indivíduo, mas sim nos resultados decorrentes da ação realizada por mais de uma pessoa. Para esses fenômenos sociais foi atribuído o conceito de produção agregada, que funciona como um estímulo consequente de uma ação, porém sendo sempre resultante da resposta comportamental de mais de um indivíduo, de uma coletividade de indivíduos, na verdade.
Considerando todos os aprendizados verificados nesta unidade fiquei preocupada com uma questão. Hoje se fala em personalidade, no seu sentido jurídico, como a capacidade de ser pessoa, titular de direitos e obrigações no plano jurídico, de personalidade como algo relacional, que surge através das relações que travamos na vida em sociedade.
Nancy S. Jecker e César A. Atuire em seu livro “What Is a Person? Untapped Insights from Africa” defendem uma visão transfronteiriça das pessoas como emergentes de processos relacionais sociais envolvendo seres humanos. Eles escrevem que uma pessoa “surge de uma configuração complexa de relacionamentos envolvendo seres humanos; podemos dizer que eles se tornam um “ser-em-relação”. O “ser-relacionamento” emergente é uma pessoa, mostrando aspectos, incluindo o valor moral superlativo, não presente antes que as relações se unam.
Em diálogo com filosofias africanas, especialmente com a tradição ubuntu — cujo princípio fundamental pode ser expresso pela máxima “eu sou porque nós somos” —, os autores sustentam que a pessoa não é um dado, mas um devir que emerge de redes de relação. Nesse sentido, o “ser-em-relação” não é apenas uma característica acidental do humano, mas o próprio modo de sua constituição ontológica.
A pessoa, portanto, não preexiste às relações sociais; ela se faz nelas e por elas. O valor moral superlativo que Jecker e Atuire atribuem à pessoa nasce justamente dessa condição relacional: ser pessoa implica responsabilidade e abertura ao outro, já que a própria identidade é co-produzida em um campo de reciprocidade. Tal perspectiva desafia o individualismo ético e político dominante, deslocando o foco da autonomia para a interdependência, e da autorreferência para a cooriginariedade.
Essa visão relacional tem implicações éticas profundas. Se o ser humano é constituído nas e pelas relações, então a vulnerabilidade do outro não é um fato exterior, mas algo que me atinge em minha própria constituição. Nesse ponto, a proposta de Jecker e Atuire ressoa com a ética da alteridade de Emmanuel Levinas, para quem o rosto do outro inaugura uma responsabilidade anterior à liberdade. Entretanto, enquanto Levinas parte de uma transcendência ética, Jecker e Atuire se apoiam na imanência das relações sociais concretas — familiares, comunitárias, culturais — nas quais o sujeito se forma.
Então, torna-se muito importante ter comportamentos sociais ajustados, pois a dignidade humana, nesse horizonte, não é propriedade privada, mas bem relacional, compartilhado e continuamente atualizado pela convivência. Ao propor essa ontologia relacional da pessoa, Jecker e Atuire convidam a repensar não só o conceito de indivíduo, mas também as bases éticas e políticas das sociedades contemporâneas, frequentemente estruturadas pela lógica da separação e da competição.
