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Sendo criativo, desenvolvendo-se integralmente

Nesta unidade estudamos diversas teorias sobre o desenvolvimento humano, teorias behavioristas, teorias cognitivistas e teorias psicanalíticas. Todas procuram entender como o homem alcança maturidade biológica, psicológica e afetiva; como o homem lida com o meio, os estímulos ambientais, as interações sociais e como o homem lida com frustrações, com limitações e desafios.

Para os behavioristas Watson e Skinner não interessaria o estudo introspectivo da mente, da consciência do indivíduo, eles se concentraram em estudar o comportamento observável do indivíduo para daí fazer inferências e chegar a conclusões. Watson acreditava que o desenvolvimento humano é estimulado pelo meio e modelado pelas experiências. Skinner, mais radical, entendia que os comportamentos não são resultantes somente de estímulos aos indivíduos, mas decorrentes também de seus esquemas próprios, emitidos em determinado ambiente mesmo na ausência de estímulos. Isto é, uma resposta reforçada em uma determinada ocasião tem maior probabilidade de ocorrer em outra ocasião semelhante mesmo na ausência de um estímulo.

Para os cognitivistas Piaget e Vygotsky a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem quando há uma mudança nas estruturas cognitivas, na forma como se percebem e organizam os acontecimentos, atribuindo-lhes significados. A capacidade de aprender e se desenvolver depende das estruturas cognitivas já existentes, e as novas informações que o indivíduo recebe são relacionadas com e provocam alterações nas estruturas cognitivas já existentes.

Piaget afirmava que o meio suscita situações novas, desafiadoras e conflitantes nos organismos, causando desequilíbrios que são necessários para o seu desenvolvimento. Diante do conflito e do desequilíbrio causado pelo mesmo, o organismo recorre a recursos próprios em busca do equilíbrio. Um desses recursos e categorias de Piaget é a assimilação, que ocorre quando um organismo, sem alterar as suas estruturas mentais, procura significado, a partir de experiências anteriores, para compreender um novo conflito e desequilíbrio. Um segundo recurso e categoria na teoria de Piaget é a acomodação, com a qual o organismo tenta restabelecer o equilíbrio com o meio a partir da transformação de suas próprias estruturas mentais.

Vygotsky afirmava que o desenvolvimento humano ocorria através das interações socioculturais, e ele elaborou o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP pode ser definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real do indivíduo, que pode ser reconhecido por suas capacidades para solucionar questões de forma autônoma, e o nível de desenvolvimento potencial, que pode ser reconhecido pelas ações que o indivíduo realiza com o auxílio de adultos ou de outras crianças em um estágio de desenvolvimento mais avançado. A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário.

Para as teorias psicanalíticas o desenvolvimento humano está relacionado ao desenvolvimento da psiquê. Freud e Erikson foram os teóricos estudados nessa unidade. A ênfase da psicanálise freudiana está nos aspectos psicossexuais do desenvolvimento humano. Freud considera que a libido marca e influencia todas as experiências humanas; assim sendo, a interação dos indivíduos com o meio se dá em uma constante busca pela satisfação do prazer. Por isso Freud elaborou os conceitos de id, ego e superego e também formulou a teoria das fases do desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital.

Segundo Erikson o desenvolvimento humano tem mais uma base psicossocial. Segundo Erikson, em cada fase da vida há uma crise (crises bipolares) que pode ser resolvida positivamente ou negativamente, o que é determinante para o desenvolvimento. São oito crises: confiança básica x desconfiança; autonomia x vergonha; iniciativa x culpabilidade; realização x inferioridade; identidade x confusão; isolamento x intimidade; produtividade x estagnação; integridade x desespero. Sair com sucesso de cada uma dessas crises seria determinante para o desenvolvimento pessoal.

Em todas essas teorias, sobretudo na de Erikson sobressai o fato de que o desenvolvimento humano está relacionado à criatividade e ao autoconhecimento. Desenvolver-se é ser capaz de lidar com criatividade com as demandas do meio e as demandas internas. Um teórico contemporâneo que escreve sobre isso é Ken Wilber.

Para Ken Wilber a criatividade, no seu modelo integral, ocupa um lugar central como uma força que transcende o ego e a mente racional. Criatividade, para ele, não é apenas uma habilidade artística, mas uma manifestação do desenvolvimento humano, ocorrendo quando o indivíduo está completamente alinhado com a sua natureza interior. Criatividade emerge quando as diferentes dimensões do ser humano (emocional, cognitiva, espiritual e corporal) estão integradas, permitindo uma experiência mais fluida e harmoniosa do mundo.

A criatividade é vista como uma capacidade de resolver problemas e enfrentar dilemas existenciais de maneira nova e transformadora, refletindo o grau de integração de cada pessoa com sua própria consciência e com o universo.

Assim, Wilber sugere que o desenvolvimento humano é um processo de integração entre a mente, o corpo, a alma e a cultura. Ele enfatiza a importância do autoconhecimento para o crescimento criativo e a resolução de problemas em diferentes níveis da vida (individual, relacional e coletivo).

Wilber vê a criatividade como um aspecto de um desenvolvimento integral, onde o indivíduo deve ser capaz de resolver dilemas e criar soluções inovadoras através de um conhecimento profundo de si mesmo, que é alcançado através de práticas como meditação, introspecção e desenvolvimento intelectual. Para ele, a criatividade surge à medida que o indivíduo integra as diferentes dimensões da sua experiência e se abre para novas possibilidades.

Então, conclui-se que o desenvolvimento humano ideal deve ser abordado de maneira holística, integrando todas as dimensões da experiência humana. Para alcançar o potencial humano máximo, é necessário cultivar a integração de corpo, mente e espírito, além de explorar e cultivar várias dimensões da vida, como a arte, a ciência, as relações pessoais, a espiritualidade e a política.