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A imagem corporal e a constituição do eu

De início, o recém-nascido não distingue os limites de seu próprio corpo; as sensações internas e externas se confundem. Gradativamente, ele vai definindo os contornos  de seu corpo, sua subjetividade, o que é dele e o que pertence ao mundo externo, construindo dessa forma seu esquema e sua imagem corporal. Nesta construção , seu eu vai ser constituído,  num processo que é dialético e implica dois opostos: ele próprio e o outro. O eu corporal, por sua vez, é constituído pela  parte que se diferenciou do isso: as pulsões parciais dirigidas inicialmente para o próprio corpo e que  antecedem o eu propriamente dito, que depois se tornam narcísicas, ou seja são dirigidas para o próprio eu.  Parafraseando Freud : o eu é a parte do isso que foi modificada pela influência externa, através da percepção. No eu  há uma parte "desconhecida e inconsciente" que de algum modo, embora preservada pode ser trazida de novo à luz.

Já o corpo, é sua superfície, é onde se originam as sensações externas e internas: tato, sons, sensações, sensações de dor, que vão informar sobre os órgãos internos. A visão tem um papel especial, pois torna possível o olhar que reconhece o outro e se reconhecer, defini o contorno das várias partes do corpo, somente por meio do olhar no espelho é que se pode conhecer o próprio rosto. É através do olhar que se cria a imagem de si; imagem especular, criada a partir do ato de olhar a si próprio no espelho, de olhar para o outro, do olhar do outro. Todavia a imagem é por si mesma enganosa, fugaz e ilusória. Haja vista que nossa visão de nós mesmos bem como  nossa visão de mundo refletem nosso ponto de vista.