A IMAGEM DO EU
Citação de MARCOS SANTOS DE OLIVEIRA em abril 19, 2024, 7:16 pmNa continuação do desenvolvimento psíquico, o estágio do espelho vem
reforçar e remanejar o pré-ego corporal.A primeira tomada de consciência do corpo
próprio, como unificado, provém da confrontação com a imagem especularquando
o sujeito se percebe pela primeira vez na sua totalidade.O reconhecimento alegre da imagem especular proporciona à criança o sentimento inebriante da unidade do
próprio corpo; a angústia primitiva de despedaçamento é reparada pelo investimento narcísico do próprio corpo. O espaço imaginário habitado pelo corpo possui, então, uma estrutura duplamente simétrica nos eixos horizontal e vertical: a direita e a esquerda são simétricas, como o são, por outro lado, o corpo do sujeito e o do outro (o da imagem especular). O outro torna-se o simétrico e o complementar do ego: se há reciprocidade para com ele, não há reversibilidade.Em suma, a imagem do corpo pode ser entendida como uma imagem narcísica que se elabora na alternância da presença e da ausência materna.
Ela irá refletir a história do sujeito nas suas relações com a mãe e com o ambiente; esta história não se reduz às sensações experimentadas mas diz respeito também, devido a evolução psicossexual da criança, ao que foi simbolicamente apreendido. É através da mediação pela palavra que a imagem do corpo se constitui e se unifica verdadeiramente.
Na fase do espelho, a tomada de consciência do corpo unificado é ainda imaginária. Mas é no declínio do Édipo que essa distância entre o sujeito e o
outro se torna real, porque o outro é vivenciado como verdadeiramente outro em relação ao sujeito. Portanto a imagem do corpo decorre das experiências
simbólicas das relações afetivas com os dois pais e não só das relações sensoriais.Essas considerações se inscrevem dentro de uma dupla abordagem psicanalítica do corpo: a perspectiva freudiana (1964, 1967, 1969) do corpo infantil
polimorfamente erotizado que tem que se sexualizar, e a contribuição de Lacan
(1967) em relação à constituição do corpo no sentido de uma unificação
estruturante.
Na continuação do desenvolvimento psíquico, o estágio do espelho vem
reforçar e remanejar o pré-ego corporal.
A primeira tomada de consciência do corpo
próprio, como unificado, provém da confrontação com a imagem especularquando
o sujeito se percebe pela primeira vez na sua totalidade.
O reconhecimento alegre da imagem especular proporciona à criança o sentimento inebriante da unidade do
próprio corpo; a angústia primitiva de despedaçamento é reparada pelo investimento narcísico do próprio corpo. O espaço imaginário habitado pelo corpo possui, então, uma estrutura duplamente simétrica nos eixos horizontal e vertical: a direita e a esquerda são simétricas, como o são, por outro lado, o corpo do sujeito e o do outro (o da imagem especular). O outro torna-se o simétrico e o complementar do ego: se há reciprocidade para com ele, não há reversibilidade.
Em suma, a imagem do corpo pode ser entendida como uma imagem narcísica que se elabora na alternância da presença e da ausência materna.
Ela irá refletir a história do sujeito nas suas relações com a mãe e com o ambiente; esta história não se reduz às sensações experimentadas mas diz respeito também, devido a evolução psicossexual da criança, ao que foi simbolicamente apreendido. É através da mediação pela palavra que a imagem do corpo se constitui e se unifica verdadeiramente.
Na fase do espelho, a tomada de consciência do corpo unificado é ainda imaginária. Mas é no declínio do Édipo que essa distância entre o sujeito e o
outro se torna real, porque o outro é vivenciado como verdadeiramente outro em relação ao sujeito. Portanto a imagem do corpo decorre das experiências
simbólicas das relações afetivas com os dois pais e não só das relações sensoriais.
Essas considerações se inscrevem dentro de uma dupla abordagem psicanalítica do corpo: a perspectiva freudiana (1964, 1967, 1969) do corpo infantil
polimorfamente erotizado que tem que se sexualizar, e a contribuição de Lacan
(1967) em relação à constituição do corpo no sentido de uma unificação
estruturante.