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A Imagem e a Constituição do Eu: uma Perspectiva Psicanalítica e Social

A constituição do eu é um processo complexo que envolve fatores psíquicos, sociais e simbólicos. Na psicanálise, especialmente na teoria de Lacan, a formação do eu inicia-se no chamado estádio do espelho, quando a criança se reconhece no reflexo e constrói uma imagem unificada de si mesma. Esse momento é marcado por uma identificação que oferece ao sujeito uma sensação de completude, mas também o aliena, pois essa imagem não corresponde à sua realidade interna fragmentada. O eu, portanto, não é algo inato, mas uma construção simbólica influenciada pelo olhar e pelo desejo do Outro.

A psicologia social complementa essa visão ao considerar que a imagem de si é também moldada pelas representações sociais, ou seja, pelas normas, estereótipos e expectativas culturais compartilhadas. O sujeito se vê a partir do modo como é percebido e avaliado pelo grupo social, sendo constantemente influenciado por questões como gênero, classe e etnia.

O corpo, por sua vez, ocupa um lugar central nesse processo. Ele não é apenas biológico, mas também simbólico, carregado de significados. Para autores como Dolto, o corpo fala antes da linguagem verbal e é o suporte da imagem inconsciente do sujeito. É através do corpo que o sujeito se identifica, se expressa e vive o desejo.

Assim, a construção da imagem pessoal e do eu envolve uma articulação entre o inconsciente, a linguagem, a relação com o outro e o contexto social. O sujeito é sempre resultado de um entrelaçamento entre o que vê de si, o que deseja ser e o que o outro vê, ou espera, dele.