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A origem da Psicanálise

A origem da psicanálise surgiu a partir do pensamento do neurologista Sigmund Freud. Foi ele o responsável por identificar as estruturas invisíveis presentes na espécie humana. A partir dos conceitos de id (desejo impulsivo), ego (razão que tenta agir dentro do mundo real) e superego (voz interna que julga e busca racionalizar ainda mais as ações propostas pelo ego), Freud inaugurou uma nova maneira de compreender o psiquismo humano.

Para além disso, Freud nos presenteou com a descoberta do inconsciente — talvez a principal razão para a repulsa que enfrentou por parte de seus professores, amigos, familiares e amantes. Ao trazer à luz uma força invisível que nos comanda, ele expôs no cerne do mundo aquilo que nos move para além da racionalidade.

Suas contribuições são riquíssimas e de grande valia para a compreensão do indivíduo para além das correntes sócio-históricas. Mesmo tendo surgido em outro contexto histórico, os pensamentos freudianos são precursores de conhecimento e entendimento do funcionamento da mente humana contemporânea.

A psicanálise surgiu em um período marcado por diversos avanços tecnológicos e filosóficos, e também por intensas disputas territoriais, guerras e derramamento de sangue. Um tempo em que a histeria do ser humano moderno advinha tanto das barbáries externas quanto das internas.

O geógrafo Milton Santos, em seus estudos acerca da concepção lúcida do conceito de território, delimita-o como algo pautado tanto na dominação quanto na contemplação dos desejos individuais, sejam estes provenientes do id ou mediados pelo ego e superego. Entretanto, o renomado geógrafo também trouxe o conceito de território vivido, compreendendo que o território vai além dos fatores nacionalistas e dominadores: ele é o espaço de expressão da cultura. Sendo a cultura modulada por seus habitantes, o território torna-se, assim, uma personificação do inconsciente humano coletivo.

É aí que se estabelece a profunda contribuição histórica da psicanálise para a construção do conhecimento: ela nos atravessa porque nos explica; é atemporal porque somos limitados; é complexa, embora às vezes reducionista.

Dentro da epistemologia psicanalítica, abre-se a janela da crítica: ao se apropriar da epistemologia do inconsciente, o ser humano é capaz de decidir por si — mas apenas se for capaz de compreender a si mesmo.

A psicanálise surge, portanto, para romper com a racionalidade empírica, em um momento de profunda instabilidade política e social. Ela surge em Freud, mesmo quando seus próprios preceitos morais foram postos em questão.