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A Psicanálise e o Behaviorismo

Segundo Freud a subjetividade é perpassada pela geração de símbolos, que podem ser compreendidos a partir de um processo de interpretação dos fenômenos psíquicos por meio da escuta clínica. Portanto, a psicanálise possui uma dimensão hermenêutica. A noção de sujeito de Freud está relacionada com a pulsão sexual e as formas de desenvolvimento infantil, que se dão a partir da busca por satisfação libidinal por meio das zonas erógenas. Esse processo ocorre por meio do corpo, que é tomado como referência para a obtenção do prazer. Ao caracterizar a vida psíquica infantil, Freud apontou quatro fases do desenvolvimento: oral, anal, fálica e genital, que culminam na constituição do sujeito a partir da organização das pulsões, fragmentadas na vida infantil em um domínio genital na vida adulta. Tal processo resulta na compreensão, na fase genital, por meio do complexo de Édipo, da diferença sexual e do complexo de castração a partir do falo enquanto símbolo de completude e poder.

Se Freud realizou suas teorizações a partir da análise de adultos, Melanie Klein o fez a partir da observação do atendimento de crianças na clínica. Essa psicanalista constituiu um corpus teórico sobre as relações objetais, transformando a perspectiva freudiana ao demonstrar um mundo interno infantil, marcado por fantasias, ansiedades, figuras boas e más que expunham a criança à pulsão de vida e de morte, isto é, impulsos agressivos e libidinais.
Desse modo, a diferença entre Freud e Klein é a possibilidade de se teorizar sobre o desenvolvimento libidinal desde o primeiro ano de vida, como propõe Klein. A psicanalista, ao desenvolver uma teoria sobre o desenvolvimento da criança, também formulou uma nova abordagem sobre o complexo de Édipo. Este surgiria no primeiro ano de vida da criança, a partir da posição depressiva, relacionado ao medo de perda do objeto amado em virtude de seus sentimentos agressivos em relação a ele.

Lacan, por sua vez, propõe outro caminho para pensar o sujeito e um retorno a Freud, acrescentando a linguística, a lógica e a antropologia estrutural para a sua construção teórica. Para o psicanalista, o inconsciente é estruturado como a linguagem. O sujeito não é o indivíduo, pois seria dividido entre sujeito do enunciado e sujeito da enunciação. Ou seja, há o sujeito que fala e o sujeito do inconsciente, e ambos aparecem em todo o processo de comunicação. Lacan, ao contrário dos psicanalistas anteriores, não focava no desenvolvimento infantil, mas abordava a emergência do sujeito do inconsciente. Para que esse processo ocorra, é preciso a constituição de um eu corporal de forma imaginária, que ofereceria uma síntese a uma imagem fragmentada.

O behaviorismo, por se tratar de um campo múltiplo, formado por diversas perspectivas, recebeu diferentes avaliações, como reducionista, mecanicista, positivista, entre outros.
Conforme Schultz e Schultz, essa corrente objetivava construir a psicologia como uma ciência do comportamento, a qual teria como objeto atos que fossem observáveis, descritos mediante observação a partir da apresentação do estímulo e da resposta. Nesse sentido, seria uma objetiva mensurável e experimental. No entanto, dada a diversidade de compreensões de como se constitui o comportamento humano e animal, também se observa diversidades entre os diferentes pesquisadores.

A análise do comportamento se associa aos modelos metodológicos da pesquisa em ciências naturais, especificamente à pesquisa experimental em laboratório. Andery aponta que, dessa natureza da análise do comportamento, há avaliações sobre se esta seria uma ciência natural, tendo a pesquisa experimental como único método, ou uma ciência do campo das Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo 9 ciências biológicas, visto que apresenta pressupostos que a aproximam destas, ou, ainda, se ampliaria o escopo metodológico para além da pesquisa em laboratório.

Assim, o behaviorismo direciona sua atenção para a investigação do comportamento humano e suas interações com o meio ambiente, ao passo que a psicanálise se dedica à exploração do inconsciente e dos processos mentais que moldam a conduta do ser humano.