Citação de Julia Yembo em setembro 2, 2024, 4:23 am

O exercício proposto me proporcionou uma oportunidade de revisitar minha história, mas, após 15 anos de análise, encaro essas lembranças com uma perspectiva diferente. A longa jornada de autoanálise me ensinou a olhar para meu passado de forma distanciada, como se eu fosse uma terceira pessoa observando minha própria trajetória. Esse distanciamento emocional, desenvolvido ao longo dos anos de terapia, me permite analisar minhas experiências sem me deixar levar pelas emoções que elas poderiam ter evocado no passado. Hoje, consigo identificar padrões, compreender as motivações inconscientes e reconhecer os mecanismos de defesa que desenvolvi ao longo da vida sem me deixar dominar por sentimentos de tristeza, alegria ou raiva.

Essa habilidade de me distanciar emocionalmente é fruto de um trabalho analítico profundo, que me capacitou a separar o “eu” que viveu aquelas experiências do “eu” que as observa e as compreende agora. A análise me ensinou a adotar o papel de um observador externo, capaz de avaliar com objetividade minhas emoções, traumas e reações. Esse processo me transformou em uma analista de mim mesma, permitindo que eu olhe para o meu passado com uma clareza que antes me escapava. Por isso, ao realizar o exercício, não experimentei uma enxurrada de emoções; em vez disso, senti uma calma compreensão e uma aceitação do meu percurso até aqui.