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Aprendizados adquiridos sobre Princípios da Imagem pessoal

A constituição do EU na psicanálise é abordada por três autores: Freud, Lacan e Dolto, cada um em sua própria perspectiva. Freud introduziu o conceito do eu como instância psíquica, enquanto Lacan focou no eu como uma construção imaginária, baseada na relação com o Outro e Dolto, por sua vez, enfatizou a importância da imagem corporal na constituição do eu.

Destas contribuições, diversos conceitos foram criados, como o estádio de espelho, estado de desamparo, ações do psiquismo, etc.

Na teoria psicanalítica, especialmente segundo Freud e Lacan, a imagem pessoal é um dos pilares da constituição do ego, do eu. Ela se forma a partir da relação da criança com seu próprio corpo, com a imagem que os outros devolvem a ela, e com os afetos e identificações que vivencia desde cedo.

Essa imagem não é apenas física. Ela envolve a forma como o sujeito se reconhece simbolicamente como alguém único e separado do outro. Essa construção é frágil nos primeiros anos e pode ser impactada por experiências que confundem ou interrompem o processo de identificação.

Tivemos o estudo de caso dos gêmeos idênticos. Quando um gêmeo confunde o irmão com seu reflexo, é possível observar a dificuldade do ego em diferenciar o eu do outro. Como as aparências são idênticas, o reconhecimento do próprio corpo e da própria identidade pode ficar comprometido, gerando uma espécie de “curto-circuito psíquico”. Esse fenômeno mostra como a imagem pessoal é construída não apenas pelo corpo físico, mas pela separação simbólica entre os sujeitos.

No caso do garoto Renato, que foi adotado e passou a se chamar Cristian, houve uma ruptura simbólica em sua identidade. O nome próprio é um elemento fundamental na construção do ego. Ele representa o sujeito no mundo social e no campo simbólico. Ao ter seu nome trocado, a criança pode sentir uma quebra em sua imagem de si, pois o novo nome não carrega o mesmo lastro afetivo, histórico e identificatório que o anterior. Essa mudança pode causar confusão, insegurança e uma sensação de “não ser mais o mesmo”.

A imagem pessoal é o resultado de um processo psíquico complexo que envolve o corpo, a linguagem, o olhar do outro e a história do sujeito. Casos como o de gêmeos que confundem suas imagens ou de crianças que sofrem mudanças abruptas de identidade simbólica (como a troca de nome) revelam o quanto essa imagem pode ser frágil e vulnerável a rupturas. A psicanálise nos ajuda a entender que a construção do “eu” não é algo automático, mas uma conquista subjetiva atravessada pelo olhar, pelo desejo e pelo reconhecimento do outro.