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Arte também cura

Ao assistir à fala do professor Christian Dunker, fui profundamente tocada pela maneira como ele articula arte e psicanálise. Concordo plenamente quando ele afirma que “a pintura, o teatro, a fotografia, o romance... são meios de linguagem que nos dão estruturas de verdade”. Essa concepção desloca a arte de um lugar meramente estético para um campo de produção de sentido e autoconhecimento.

Quando lemos uma obra literária, assistimos a um filme ou observamos uma pintura, não estamos apenas contemplando algo externo — estamos, na verdade, encontrando partes de nós mesmos. Como diz Dunker, não é apenas que “a gente se conhece a partir da literatura”, mas que “a literatura nos forma”. Ela molda nossa sensibilidade, nossas perguntas, nossos modos de perceber o mundo e de nos relacionarmos com ele.

A psicanálise compreende que o sujeito se constitui dentro da linguagem — e a arte é uma das suas expressões mais potentes. Muito antes de existirem terapeutas ou analistas, já havia pintores, escritores, poetas e dramaturgos que traduziram o inconsciente em formas simbólicas, nos oferecendo caminhos para pensar e sentir. A cultura, nesse sentido, é um espelho da alma humana e, ao mesmo tempo, um instrumento de cuidado.

Concordo com Dunker quando ele afirma que a subjetividade é atravessada por esse grande universo cultural, que pode nos ajudar a nos conhecermos e a nos tornarmos melhores. A arte, portanto, não apenas reflete a vida — ela a recria e nos recria.

E, como encerra o vídeo citando Lacan, “a verdade tem estrutura de ficção”. Essa frase sintetiza a potência da arte: é por meio da ficção, das narrativas e das imagens que acessamos verdades profundas sobre nós mesmos. A arte é, assim, uma via legítima de conhecimento, transformação e cura.