Artigo sobre o episódio da série Black Mirror
Citação de tainarapaulas@hotmail.com em fevereiro 5, 2025, 9:22 pmO artigo se propõe a analisar o episódio Urso Branco da aclamada série Black Mirror. No desenrolar da análise, os autores chegam ao ponto chave: que o episódio é uma alusão ao estádio do espelho de Freud e Lacan. (Contém spoiler).
Na trama, a protagonista acorda em estado de amnésia, se olha no espelho tentando entender o que está acontecendo e se depara com a foto de uma criança e força se lembrar do que está acontecendo, mas não consegue. Em busca de respostas, sai de casa e na porta encontra pessoas filmando-a e fotografando-a e a chamam de assassina. Ao tentar se desvencilhar, corre o risco de ser linchada. A cena se passa dentro de um espaço de justiça, que a comunica de seu crime e o motivo por ela estar passando por tudo aquilo: ter assistido o seu companheiro torturar e assassinar a garotinha da foto em questão. Ela entra em estado de culpa e profunda agonia e sofre com a repetição e punição, todos os dias, ao ser submetida a essa intervenção.
Os autores apontam que o objeto de comoção no inicio do episódio era para com a protagonista, entretanto, com o desenrolar da história, é desvelado que o objeto de comoção passou a ser a garotinha e que isso implica em retirar a subjetividade e a história da protagonista como sujeita e caracteriza-la apenas como criminosa conivente, estaríamos invalidando o direito dela de ser, como acontece no estádio do espelho, o qual a autorização do outro que permitirá a constituição do eu.
A partir de uma visão da psicanálise, o que chama a atenção é que no final das contas, tendenciamos a nos identificar com as vítimas, e ignoramos o fato de muitas vezes também exercemos esse papel de vilões da conivência em maior ou menor grau. Sendo que, assim como no episódio da série, estamos mais parecidos com a protagonista, exercendo punição e repetição a todo momento, submetidos a uma ordenação maior que desde o estádio do espelho está determinando nossos pensamentos, maneira de agir, viver e se comportar, como se presos estivéssemos em uma cena repetitiva de teatro, que espetáculo pós espetáculo apresenta o mesmo enredo. Sacrificando a criança (interior), sujeita ao olhar validativo do externo o não eu, incrivelmente análogo ao que acontece no episódio de Black Mirror.
Os autores finalizam as considerações apontando para o papel da psicanálise em analisar o sujeito como um ser despedaçado que pode encontrar-se com suas partes divididas e olhar com mais cuidado para essas fronteiras.
O artigo se propõe a analisar o episódio Urso Branco da aclamada série Black Mirror. No desenrolar da análise, os autores chegam ao ponto chave: que o episódio é uma alusão ao estádio do espelho de Freud e Lacan. (Contém spoiler).
Na trama, a protagonista acorda em estado de amnésia, se olha no espelho tentando entender o que está acontecendo e se depara com a foto de uma criança e força se lembrar do que está acontecendo, mas não consegue. Em busca de respostas, sai de casa e na porta encontra pessoas filmando-a e fotografando-a e a chamam de assassina. Ao tentar se desvencilhar, corre o risco de ser linchada. A cena se passa dentro de um espaço de justiça, que a comunica de seu crime e o motivo por ela estar passando por tudo aquilo: ter assistido o seu companheiro torturar e assassinar a garotinha da foto em questão. Ela entra em estado de culpa e profunda agonia e sofre com a repetição e punição, todos os dias, ao ser submetida a essa intervenção.
Os autores apontam que o objeto de comoção no inicio do episódio era para com a protagonista, entretanto, com o desenrolar da história, é desvelado que o objeto de comoção passou a ser a garotinha e que isso implica em retirar a subjetividade e a história da protagonista como sujeita e caracteriza-la apenas como criminosa conivente, estaríamos invalidando o direito dela de ser, como acontece no estádio do espelho, o qual a autorização do outro que permitirá a constituição do eu.
A partir de uma visão da psicanálise, o que chama a atenção é que no final das contas, tendenciamos a nos identificar com as vítimas, e ignoramos o fato de muitas vezes também exercemos esse papel de vilões da conivência em maior ou menor grau. Sendo que, assim como no episódio da série, estamos mais parecidos com a protagonista, exercendo punição e repetição a todo momento, submetidos a uma ordenação maior que desde o estádio do espelho está determinando nossos pensamentos, maneira de agir, viver e se comportar, como se presos estivéssemos em uma cena repetitiva de teatro, que espetáculo pós espetáculo apresenta o mesmo enredo. Sacrificando a criança (interior), sujeita ao olhar validativo do externo o não eu, incrivelmente análogo ao que acontece no episódio de Black Mirror.
Os autores finalizam as considerações apontando para o papel da psicanálise em analisar o sujeito como um ser despedaçado que pode encontrar-se com suas partes divididas e olhar com mais cuidado para essas fronteiras.