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Bem e mal, claro e escuro, eu e o outro

O que mais me encanta na psicanálise é essa capacidade que ela tem de nos atirar no incrível abismo da realidade humana. Nossa condição não é do bem nem do mal. Somos projetos em construção. Muitas teorias sociais nos incentivam a adotar comportamentos infantis e iludidos sobre a vida. Freud não. Em todos os campos com os quais a psicanálise contribuiu e contribui, suas premissas nos levam ao orgânico da nossa condição humana. Temos ID, EGO e SUPEREGO, ou seja, nossos instintos primitivos, nossos reguladores internos e nossa repressão numa tentativa de ganharmos amor e aprovação. Somos diluídos no meio social e para isso renunciamos a nós mesmos e nossa subjetividade, e odiamos a sociedade por isso, mas entregamos nosso melhor para mantê-la funcionando, passando então a ter como objeto desse ódio, em alguma proporção, nós mesmos. Amamos nossos pais, mas precisamos crucificá-los para assinar nossa carta de alforria e evoluir, porque o mundo precisa evoluir a partir, também, de mim. É incrível a capacidade de sair da condição de passividade e mediocridade que a psicanálise nos dá. É como se até o surgimento dela, estivéssemos no escuro da superstição. Claro que levar a luz tem seu preço, mas viver na escuridão da falta de conhecimento me parece muito mais aterrorizante é uma grande perda de tempo.