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Conceito do Eu e da Personalidade

Me chamou a atenção a atuação dos mecanismos psíquicos na formação do eu, especialmente diante das dificuldades que permanecerão durante a formação do aparelho psíquico. Pulsões que eram amplamente satisfeitas antes do nascimento passam a enfrentar e  confrontar uma realidade abruptamente.

O eu necessita lidar e cessar ambas estimulações, tanto internas quanto externas, e fracassa, fica dividido, como uma falha que não se completa e permanecerá como um núcleo inacessível de caráter traumático onde se destinarão a formação dos sintomas e as fantasias (FREUD, 1996b).

A dinâmica que ocorre no desenvolvimento da personalidade e os conflitos enfrentados geram ansiedade e, para dar conta do desconforto e desprazer, Freud atribuiu esse processo aos mecanismos de defesa. O Eu, como “massa de representações” (Freud, 1893-1895/1994, p. 133), seria ameaçado por
representações inconciliáveis com ele: o resultado seria uma defesa contra tal ameaça. As pessoas utilizam esses mecanismos de defesa em algum grau e, quando se tornam excessivos, para esconder e recanalizar os impulsos inconcebíveis, podem gerar transtorno mental produzido pela ansiedade — que Freud denominou de “neurose” (FELDMAN, 2015).