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Conceito do eu e da personalidade

O conceito eu faz sua entrada na rede conceitual freudiana em 1895 com a obra Projeto para uma Psicologia Científica. Mas faz-se necessário ressaltar que, só após a ”viragem” de 1920, a noção de eu recebe um estatuto de Instância.

Em 1914, Freud revela que o eu não é uma realidade originária, é constituído num processo de encontro com dimensões de alteridade. Nesse momento, aparecem as idéias de eu ideal, ideal de eu e precipitado de identificações. O eu ideal refere-se ao narcisismo primário, em que teremos o primeiro investimento sexual em uma “unidade”.1 Parece-nos pertinente ressaltar que na constituição do eu ideal está implicada a presença constitutiva do outro; mas este se encontra reduzido em sua densidade alteritária, pois é visto como um reflexo do eu. Entretanto, será este “outro-reflexo” que, na sua sedução traumatizante, possibilita a percepção do corpo como uma “unidade” para além da carnalidade. O eu corporal que determina seus limites não reconhece o outro presente na sua constituição como um outro-pessoa, mas sim como duplo de si, ou melhor, como uma modalidade de outro-reflexo. Assim, muitas definições da noção de eu aparecem atreladas à problemática identitária, que nos parece uma consequência.