Forum

Please or Cadastrar to create posts and topics.

Corpo, identificação e imagem sob a ótica da Psicanálise

Ao longo do módulo, pude compreender que a imagem pessoal vai muito além da aparência física: ela está diretamente ligada à forma como o sujeito se reconhece e se apresenta no mundo, construindo sua identidade simbólica a partir do olhar do outro. A imagem, portanto, não é apenas o que se vê no espelho, mas aquilo que nos representa e nos ancora na existência.

Sob o ponto de vista da Psicanálise, a constituição da imagem pessoal está profundamente ligada ao corpo enquanto suporte simbólico da subjetividade. Freud já indicava que o eu (ego) é, antes de tudo, um eu corporal — o resultado de identificações e experiências que o sujeito vive desde o início de sua relação com o mundo. Esse corpo é o primeiro território de reconhecimento, de prazer e de interdição, onde se inscrevem as marcas do desejo e da linguagem.

Lacan, por sua vez, amplia essa compreensão com o conceito do “estádio do espelho”, momento em que a criança, ao reconhecer sua imagem refletida, passa a se identificar com essa totalidade visual. Nesse instante, o corpo passa a representar uma unidade imaginária, ainda que o sujeito internamente seja fragmentado. A imagem corporal, portanto, é uma construção que dá forma simbólica à existência e oferece uma sensação de coesão e continuidade ao eu.

Françoise Dolto também ressalta que o corpo é uma linguagem inconsciente, e que a forma como nos relacionamos com ele reflete a história de nossos vínculos e afetos. Assim, cuidar da imagem pessoal — compreender o corpo, suas expressões, seus limites e potencialidades — é também um modo de reconhecer-se e reconstruir-se no plano simbólico.

Percebi, ao longo desse módulo, que a imagem pessoal é inseparável da constituição psíquica e existencial do sujeito. Ela não se reduz ao vestir ou ao modo de se mostrar, mas revela o entrelaçamento entre o corpo, o olhar e o desejo. A maneira como o sujeito se vê e é visto sustenta, em grande parte, sua autoestima, seu pertencimento e sua relação com o mundo.

Esse estudo me fez compreender que cuidar da imagem pessoal é, de certo modo, cuidar da própria existência. Quando o sujeito se reconhece, aceita seu corpo e compreende sua imagem como expressão de sua singularidade, ele se aproxima de uma experiência mais integrada de si — uma experiência onde corpo, palavra e desejo se encontram.