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Entre o corpo e o laço: o ego como superfície sensível e política

Ao longo do módulo, ficou evidente que o ego, na perspectiva freudiana, não pode ser reduzido a uma instância racional ou consciente. Ele nasce das experiências corporais mais primárias — como o toque, o olhar, o ritmo — e se constrói na relação com o outro. Freud o define como um ego corporal, uma projeção da superfície, e isso ganha sentido nos casos clínicos apresentados, especialmente quando o corpo não foi suficientemente acolhido ou simbolizado.

Os mecanismos de defesa, por sua vez, não apenas protegem o sujeito do desprazer, mas são também peças constitutivas do ego, revelando modos singulares de existir e de sustentar a própria narrativa de si. Já a identificação se mostra como um processo complexo: ao mesmo tempo estruturante e inconsciente, ela acontece desde muito cedo e atravessa todo o desenvolvimento psíquico, vinculando o sujeito a grupos e ideais, mas também podendo causar conflitos internos entre o desejo e o pertencimento.

Mais do que um funcionamento psíquico isolado, a constituição do ego é também política: marcada pelo desejo de reconhecimento, pelas experiências de exclusão e pelas lógicas sociais que organizam o pertencimento. Esse módulo nos leva a pensar que cuidar da saúde mental é também escutar o corpo, os laços e as camadas invisíveis que sustentam o "eu" que pensamos ser.