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Entre o observável e o inconsciente

Embora o behaviorismo se foque em comportamentos observáveis, não podemos ignorar que, no fundo, todo comportamento tem uma experiência subjetiva associada. Essa ideia nos leva a considerar que mesmo comportamentos visíveis podem ser manifestações de processos internos mais profundos, como conflitos inconscientes, desejos reprimidos ou respostas a experiências traumáticas.

Por exemplo, Freud, ao explorar a natureza dos sintomas neuróticos, descreveu que eles não são meramente respostas automáticas, mas sim expressões de desejos inconscientes reprimidos. Ele afirmou que "os sintomas são representações substitutivas de impulsos instintivos que não foram satisfeitos; são, em uma palavra, satisfacções substitutivas" (FREUD, 1996b, p. 362). Assim, podemos pensar que certos comportamentos, ainda que observáveis e aparentemente simples, carregam significados ocultos que uma análise mais profunda poderia revelar.

Jacques Lacan, por sua vez, ao enfatizar que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" (LACAN, 1998), sugere que nossas ações, gestos e comportamentos são moldados pela linguagem e pelo inconsciente, sendo, portanto, mais do que meras reações a estímulos externos. Nesse sentido, poderíamos questionar: como o reforço de certos comportamentos pode influenciar a maneira como um sujeito experiencia seu próprio sintoma ou gozo?

Ao considerar o conceito de "gozo" em Lacan, que é o prazer paradoxal encontrado na repetição do sofrimento ou no desprazer, podemos argumentar que comportamentos reforçados não são apenas respostas mecânicas, mas podem ser também formas de o sujeito se relacionar com seu próprio gozo. Por exemplo, uma pessoa que se envolve repetidamente em comportamentos autodestrutivos pode estar expressando, através dessas ações, uma forma de gozo que escapa à racionalidade e que está profundamente enraizada no inconsciente.

Essa ideia é também sustentada pelo conceito de "pulsão de morte" em Freud, que descreve uma tendência intrínseca do aparelho psíquico a buscar um estado de inanição, uma repetição compulsiva que desafia o princípio do prazer (FREUD, 1996c). Se pensarmos em um comportamento observável reforçado, podemos nos perguntar se ele não estaria, em alguns casos, atendendo a uma necessidade inconsciente de retorno ao estado de "gozo" associado à pulsão de morte.

Dessa forma, enquanto o behaviorismo se concentra em modificar o comportamento por meio de reforços positivos ou negativos, a psicanálise nos permite explorar o que está subjacente a esses comportamentos. Questiona-se não apenas o "o que" é observado, mas "por que" e "como" tal comportamento surge e é mantido. A partir dessa perspectiva, o comportamento pode ser visto não apenas como uma resposta mecânica, mas também como uma expressão de processos internos inconscientes que podem ser mais bem compreendidos através da escuta e interpretação psicanalítica.

Essas reflexões nos convidam a considerar se é possível um diálogo mais frutífero entre o behaviorismo e a psicanálise. Seria possível usar técnicas behavioristas de reforço para lidar com os sintomas de um sujeito enquanto, simultaneamente, empregamos a psicanálise para compreender as motivações inconscientes por trás desses comportamentos? Poderíamos, talvez, explorar formas de integração dessas abordagens que considerem tanto a modificação de comportamento quanto o reconhecimento e interpretação da subjetividade e do inconsciente?

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