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Escola da Psicologia: Psicanálise e Behaviorismo

A psicanálise teve origem no fim do século XIX, a partir do trabalho do neurologista Freud, que apresentou uma outra concepção de sujeito, considerando o debate sobre psicologia como ciência realizada nesse período. À época, a psicanálise era direcionada para compreender o comportamento patológico de pacientes históricos, a partir da observação clínica. Essa ênfase possibilitou o desenvolvimento do estudo do inconsciente, ao demonstrar que os sintomas desses pacientes, bem como suas inibições e hesitações sensoriais e motoras, não tinham a ver com a biologia, mas sim com o psiquismo (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).

Desse modo, a diferença entre Freud e Klein é a possibilidade de se teorizar sobre o desenvolvimento libidinal desde o primeiro ano de vida, como propõe Klein. A psicanalista, ao desenvolver uma teoria sobre o desenvolvimento da criança, também formulou uma nova abordagem sobre o complexo de Édipo. Este surgiria no primeiro ano de vida da criança, a partir da posição depressiva, relacionado ao medo de perda do objeto amado em virtude de seus sentimentos agressivos em relação a ele. Com isso, foi possível que se constituísse um campo de atenção às crianças na clínica, na medida em que demonstra que a escuta ativa permitia que elas expressassem seus sentimentos e sofrimentos, trabalhando as ansiedades decorrentes do processo de desenvolvimento e constituição do ego.

Lacan, por sua vez, propõe outro caminho para pensar o sujeito e um retorno a Freud, acrescentando a linguística, a lógica e a antropologia estrutural para a sua construção teórica. Para o psicanalista, o inconsciente é estruturado como a linguagem. O sujeito não é o indivíduo, pois seria dividido entre sujeito do enunciado e sujeito da enunciação. Ou seja, há o sujeito que fala e o sujeito do inconsciente, e ambos aparecem em todo o processo de comunicação (COUTO, 2017). Lacan, ao contrário dos psicanalistas anteriores, não focava no desenvolvimento infantil, mas abordava a emergência do sujeito do inconsciente (COUTO, 2017). Para que esse processo ocorra, é preciso a constituição de um eu corporal de forma imaginária, que ofereceria uma síntese a uma imagem fragmentada. É a partir dos cuidados iniciais da vida infantil que esse processo se realiza, inscrevendo marcas que constituirão esse sujeito.

O behaviorismo, por se tratar de um campo múltiplo, formado por diversas perspectivas, recebeu diferentes avaliações, como reducionista, mecanicista, positivista, entre outros. Contudo, considerando-se que os diferentes pesquisadores que compuseram esse campo construíram diferentes corpus teórico-metodológicos, é preciso considerar qual behaviorismo se está Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo 5 analisando e quais as características dele. Por esse motivo, embora se encontre um consenso sobre o objeto de estudo, o mesmo não se pode dizer sobre o que significa comportamento e ciência (BAUM, 2006).

A análise do comportamento se associa aos modelos metodológicos da pesquisa em ciências naturais, especificamente à pesquisa experimental em laboratório. Andery (2010) aponta que, dessa natureza da análise do comportamento, há avaliações sobre se esta seria uma ciência natural, tendo a pesquisa experimental como único método, ou uma ciência do campo das Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo 9 ciências biológicas, visto que apresenta pressupostos que a aproximam destas, ou, ainda, se ampliaria o escopo metodológico para além da pesquisa em laboratório.