EU, PERSONALIDADE, HAMLET E FREUD
Citação de Vil.Becker em novembro 30, 2022, 12:29 pmNão há como não citar esta peça de William Shakespeare, "A TRAGÉDIA DE HAMLET" nas palavras de Freud
(...) não posso deixar de pensar nas palavras de um neurótico mundialmente famoso. Refiro-me a Hamlet, Príncipe da Dinamarca. O Rei enviara dois cortesãos, Rosencrantz e Guildenstern, para sondá-lo e arrancar dele o segredo de seu desgosto. Ele os repele; aparecem então algumas flautas no palco. Tomando uma delas, Hamlet pede a um de seus algozes que a toque, o que seria tão fácil quanto mentir. O cortesão se recusa, pois não conhece o manejo do instrumento e, não conseguindo persuadi-lo a tentar, Hamlet finalmente explode: "Pois vede agora em que mísera coisa me transformais! Quereis tocar-me; (…) quereis arrancar o cerne de meu mistério; pretendeis extrair-me sons, de minha nota mais grave até o topo de meu diapasão; e embora haja muita música, excelente voz neste pequenino instrumento, não podeis fazê-lo falar. Pelo sangue de Cristo, julgais que sou mais fácil de tocar do que uma flauta? Chamai-me do instrumento que quiserdes, pois se podeis desafinar-me, ainda assim não me podeis tocar" (ato III, cena 2). (Freud 1905 [1904])
A ausência da experiência eu sou, "sou uma unidade, minhas diversas partes me pertencem, tenho uma membrana que demarca meu interior daquilo que a mim é externo"; leva o indivíduo a comunicar-se através de identificações projetivas, que o fazem atribuir a outros intenções, sentimentos ou desejos que são seus.
Não há como não citar esta peça de William Shakespeare, "A TRAGÉDIA DE HAMLET" nas palavras de Freud
(...) não posso deixar de pensar nas palavras de um neurótico mundialmente famoso. Refiro-me a Hamlet, Príncipe da Dinamarca. O Rei enviara dois cortesãos, Rosencrantz e Guildenstern, para sondá-lo e arrancar dele o segredo de seu desgosto. Ele os repele; aparecem então algumas flautas no palco. Tomando uma delas, Hamlet pede a um de seus algozes que a toque, o que seria tão fácil quanto mentir. O cortesão se recusa, pois não conhece o manejo do instrumento e, não conseguindo persuadi-lo a tentar, Hamlet finalmente explode: "Pois vede agora em que mísera coisa me transformais! Quereis tocar-me; (…) quereis arrancar o cerne de meu mistério; pretendeis extrair-me sons, de minha nota mais grave até o topo de meu diapasão; e embora haja muita música, excelente voz neste pequenino instrumento, não podeis fazê-lo falar. Pelo sangue de Cristo, julgais que sou mais fácil de tocar do que uma flauta? Chamai-me do instrumento que quiserdes, pois se podeis desafinar-me, ainda assim não me podeis tocar" (ato III, cena 2). (Freud 1905 [1904])
A ausência da experiência eu sou, "sou uma unidade, minhas diversas partes me pertencem, tenho uma membrana que demarca meu interior daquilo que a mim é externo"; leva o indivíduo a comunicar-se através de identificações projetivas, que o fazem atribuir a outros intenções, sentimentos ou desejos que são seus.