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Identificação para inserção do sujeito em um grupo

No processo do sujeito se relacionar num grupo, Freud afirma que está envolvido um evento de extrema importância que é a identificação. Para ele sempre existe o “outro”, que serve de modelo, objeto e ou rival no desenvolvimento do ego. A identificação é um dos mecanismos que surgem na mais tenra idade. É a expressão de um laço emocional com outras pessoas. O laço mútuo existente entre os membros de um grupo é da natureza de uma identificação baseada numa importante qualidade emocional comum, e podemos suspeitar que essa qualidade comum reside na natureza do laço com o líder.

Freud procurou explicar a atratividade dos grupos e de sua influência no sujeito pela libido. A libido, enquanto energia de todas as pulsões, pode se manifestar em todas as formas abrangidas pelo amor (amor sexual, amor próprio, pelos pais, pelos filhos, amizade, etc.). Segundo essa abordagem, tudo que faz laço emocional pode constituir a essência da mente grupal.

Como membro de um grupo, o sujeito identifica-se com o líder e também com os outros membros do grupo. Nessa dinâmica, o sujeito abandona o seu ideal de ego em prol do amor a um líder, ou seja, o objeto foi colocado no lugar do ideal do ego. Do mesmo modo todos os membros do grupo o fizeram, o que leva à identificação uns com os outros em seu ego.

O líder não é alguém que se intitula um “Deus”, a não ser em casos patológicos, ou que esteja estampado “eu sou a sua parte idealizada” ou “eu sou aquilo que vocês gostariam de ser”. Tudo acontece de forma subliminar, pouco perceptível baseado no fenômeno da identificação. O líder é escolhido por ter algumas características e competências diferenciadas que todos gostariam de ter, por isso tem mais autonomia de ação que os demais membros e ao substituir o ideal de todos estabelece uma ligação entre eles. Assim, todos acabam se identificando uns com os outros através de seu ideal de ego agora compartilhado com o líder.

Ao analisar a vida de cada indivíduo como elemento de grupo, veremos que está conectado por vínculos de identificação em muitos sentidos e que constituiu seu ideal de ego a partir de muitos modelos, participando de numerosas mentes grupais: sua raça, classe, credo, nacionalidade etc. Porém, é nos grupos transitórios e efêmeros que se pode observar como o indivíduo abandona seu ideal de ego e o substitui pelo ideal do grupo, tal como é corporificado no líder. A identificação, neste sentido, revela o quanto o “outro” é universal mesmo na experiência subjetiva.