Imagem Pessoal
Citação de Manoel Luiz Giraldi Junior em outubro 23, 2024, 7:51 pmA imagem pessoal é extremamente complexa, pois envolve diversos fatores da identidade em interação com o aparelho psíquico e o meio. No que se refere ao inconsciente e à imagem pessoal, esta última é influenciada por processos inconscientes, como no caso de Cristian-Renato, ou pela perda do referencial de identidade diante da instabilidade relacional de uma nova família, bem como por medos e experiências passadas, que naturalmente podem gerar efeitos somáticos ou distúrbios.
As relações objetais, ou seja, a maneira como interagimos com os outros, afetam nossa autoimagem e nossos vínculos, especialmente na infância, o que influencia nossa auto-percepção e a forma como nos apresentamos ao mundo. Um exemplo disso pode ser visto no episódio da série Black Mirror, em que a mulher é incessantemente penalizada. Não seria este um mecanismo de defesa? Algo tão comum nos dias atuais, como negação, repressão e projeção, ou a tentativa de manter uma certa imagem diante dos outros? Basicamente, isso reflete a manutenção da nossa integridade e dos valores que escolhemos para nós, ligados ao superego.
A destruição completa de uma pessoa, como ocorre nessa narrativa, solidifica recalques e representa uma vingança renovada, mas não resolve o problema de por que a pessoa foi penalizada ou por que cometeu o crime. Ela está sendo destruída de forma sordida. Uma sociedade que se presta a isso é uma sociedade recalcada em seus princípios, meios e pulsões finais. Claro, estou me referindo à ficção do filme, sem associar a qualquer tendência ideológica ou práticas atuais.
O ideal do Eu é aquilo que queremos ser. Quando há interferência familiar ou do meio, criam-se expectativas sobre essa imagem que almejamos, o que naturalmente pode causar conflitos internos. Quando existe uma discrepância entre o que desejamos ser e o que somos de fato, surgem defesas e mecanismos de defesa.
A transferência é um referenciamento de imagem e, por ser complexa, gera conflitos diversos. Pode refletir emoções e conflitos não resolvidos.
A narrativa pessoal é a construção da imagem que fazemos de nossas vidas e, por vezes, pode desfocar o que realmente importa, resultando em um sistema de compensação inadequado. Assim, podemos acabar aceitando a acomodação por ter feito algo de bom, mas, mesmo estando em uma situação desfavorável, nos adaptamos à narrativa e não agimos para mudar. Isso apenas nos acorrenta à inércia.
O meio, a cultura e a sociedade são fatores extremamente complexos. Ser o que não se é, ser automático, opaco ou superficial são questões que precisam ser ponderadas. A sociedade deveria visar à pluralidade expressiva dos indivíduos e não à padronização. Em termos de imagem pessoal em conjunto com o meio, é uma questão difícil de discutir. Ser o que é induzido a ser e reconhecido por isso ou se diferenciar por simplesmente ser e acabar segregado? Entre questões socioeconômicas e ideológicas, a imagem pessoal, o meio, a cultura e a sociedade evocam a figura de um certo senhor que fumava charutos, em plena época vitoriana, e que apresentou teses muito questionáveis para sua época...
O ser e a imagem, o ser e sua sobrevivência: é um equilíbrio delicado. Não somos apenas o nosso ego. Somos mais, muito mais. E, ao mesmo tempo, somos menos, ou somos desejos que nem nossos são, que capturam nossa imagem em um equilíbrio — ou desequilíbrio — de nós mesmos em um meio variável, onde temos que sobreviver e manter nossas imagens.
A imagem pessoal é extremamente complexa, pois envolve diversos fatores da identidade em interação com o aparelho psíquico e o meio. No que se refere ao inconsciente e à imagem pessoal, esta última é influenciada por processos inconscientes, como no caso de Cristian-Renato, ou pela perda do referencial de identidade diante da instabilidade relacional de uma nova família, bem como por medos e experiências passadas, que naturalmente podem gerar efeitos somáticos ou distúrbios.
As relações objetais, ou seja, a maneira como interagimos com os outros, afetam nossa autoimagem e nossos vínculos, especialmente na infância, o que influencia nossa auto-percepção e a forma como nos apresentamos ao mundo. Um exemplo disso pode ser visto no episódio da série Black Mirror, em que a mulher é incessantemente penalizada. Não seria este um mecanismo de defesa? Algo tão comum nos dias atuais, como negação, repressão e projeção, ou a tentativa de manter uma certa imagem diante dos outros? Basicamente, isso reflete a manutenção da nossa integridade e dos valores que escolhemos para nós, ligados ao superego.
A destruição completa de uma pessoa, como ocorre nessa narrativa, solidifica recalques e representa uma vingança renovada, mas não resolve o problema de por que a pessoa foi penalizada ou por que cometeu o crime. Ela está sendo destruída de forma sordida. Uma sociedade que se presta a isso é uma sociedade recalcada em seus princípios, meios e pulsões finais. Claro, estou me referindo à ficção do filme, sem associar a qualquer tendência ideológica ou práticas atuais.
O ideal do Eu é aquilo que queremos ser. Quando há interferência familiar ou do meio, criam-se expectativas sobre essa imagem que almejamos, o que naturalmente pode causar conflitos internos. Quando existe uma discrepância entre o que desejamos ser e o que somos de fato, surgem defesas e mecanismos de defesa.
A transferência é um referenciamento de imagem e, por ser complexa, gera conflitos diversos. Pode refletir emoções e conflitos não resolvidos.
A narrativa pessoal é a construção da imagem que fazemos de nossas vidas e, por vezes, pode desfocar o que realmente importa, resultando em um sistema de compensação inadequado. Assim, podemos acabar aceitando a acomodação por ter feito algo de bom, mas, mesmo estando em uma situação desfavorável, nos adaptamos à narrativa e não agimos para mudar. Isso apenas nos acorrenta à inércia.
O meio, a cultura e a sociedade são fatores extremamente complexos. Ser o que não se é, ser automático, opaco ou superficial são questões que precisam ser ponderadas. A sociedade deveria visar à pluralidade expressiva dos indivíduos e não à padronização. Em termos de imagem pessoal em conjunto com o meio, é uma questão difícil de discutir. Ser o que é induzido a ser e reconhecido por isso ou se diferenciar por simplesmente ser e acabar segregado? Entre questões socioeconômicas e ideológicas, a imagem pessoal, o meio, a cultura e a sociedade evocam a figura de um certo senhor que fumava charutos, em plena época vitoriana, e que apresentou teses muito questionáveis para sua época...
O ser e a imagem, o ser e sua sobrevivência: é um equilíbrio delicado. Não somos apenas o nosso ego. Somos mais, muito mais. E, ao mesmo tempo, somos menos, ou somos desejos que nem nossos são, que capturam nossa imagem em um equilíbrio — ou desequilíbrio — de nós mesmos em um meio variável, onde temos que sobreviver e manter nossas imagens.