Imagens que revelam além
Citação de Samantha de carvalho em outubro 1, 2025, 10:25 pmNa abordagem das identificações que constituem o sujeito e o imperativo superegoico a partir das referências psicanalíticas, com o olhar voltado a pertinência e atualidade conceituais. Consegue-se deter de forma mais centrada nas questões do narcisismo a tratar o papel dos pais na formação dos ideais, chegando à concepção do supereu enquanto imperativo de gozo, dimensão que ultrapassa as identificações parentais. Recorri também, à autobiografia da jogadora de futebol feminino Sheilya McDonald Ogawa, em seu livro escrito após o término de sua carreira profissional, a qual relata que desde sua infância, foi obrigada por seu pai a praticar esse esporte, ainda que declarasse seu. Apesar disso, não conseguia parar de jogar futebol, e, assim, tornou-se uma dos maiores jogadoras de futebol da história. Traçando as limitações impostas num percurso a respeito da formação dos ideais e da função do supereu na economia psíquica. Pode-se questionar, até quando tudo precisa ser rompido ou refletido/reproduzido?
Sobre os escritos técnicos de Freud, Lacan (2009) debruça-se sobre o estudo do narcisismo, que diferencia o Ideal-Ich (eu ideal) do Ich-Ideal (Ideal do eu), jogando a gosto do rigor freudiano, constatando que os dois termos foram elaborados. Em Lacan, o eu ideal é uma instância imaginária, a imagem no espelho, uma projeção. No entanto, para que essa imagem se constitua, é necessário que o olhar, no esquema óptico, esteja em certa posição em relação ao espelho, ou seja, que o sujeito se situe em uma posição no simbólico, dessarte singular, no subjetivo. O modelo simbólico é que guia essa projeção, sendo esse o Ideal do eu, que se constitui em uma introjeção.
Voltemos à imagem daquela menina que transgredia regras, odiava jogar futebol e, ainda assim, obtinha um excelente desempenho, acima da média e tomando-a como seu eu ideal, que parecia depender da contrariedade provocativa no pai, em seu treinador e em todos aqueles de quem, como supôs seu desejo que era, que ela fosse a número um do mundo. Portanto, havia um guia, o Ideal do eu, que comandava sua posição imaginária, uma regulação pelo Ideal do eu que permitia que se hesitasse e transitasse em uma certa oposição em relação ao pai, ao mesmo tempo em que protestava, obedecia àquilo que considerava ter sido imposto a ela, a qual poderia estar brincando com os vizinhos ou assistindo à televisão com a mãe, mas era impossível desobedecer à intimação.
Em meio aos estudos, cabe refletir sobre a linha do poeta alemão Heinrich Heine, sobre a criação do mundo: "Foi a doença que causou/Meu ímpeto para criação;/E criando pude ficar são,/E criar foi que me salvou".
Lacan, Em seu retorno a Freud, definirá o supereu como "uma instância que fala, quer dizer, uma instância simbólica" , e atribuirá maior valor ao aspecto pulsional dessa instância, aspecto que ultrapassa a voz proibitiva e se apresenta como voz imperativa, pois a lei do supereu é uma lei insensata, que não só proíbe o gozo, mas o incita.
É por tudo isso, que precisamos pensar para além do narcisismo parental em nossa práxis, visto que o outro é sempre uma construção da fantasia, e também o lugar da alteridade, de onde se pode desejar. É por esse motivo que o trabalho da análise, deve esvaziar esse outro fantasmático e seus imperativos, sem favorecer a idealização – facilitadora do recalque –, para permitir que o sujeito se encontre com seu próprio desejo (Cottet, 1995).
Ademais, segue-se a síntese de " O Eu" e "A Personalidade":
O Eu/Ego em sua função mediadora, é responsável por negociar entre o id (desejos e impulsos instintivos) e o superego (moral e regras sociais), conecta as realidades públicas funcionais, permitindo ao indivíduo relacionar-se e a lidar com o ambiente de forma mais segura e menos prazerosa, defendendo o aparelho psíquico do desprazer, organizando-se psiquicamente de forma a se manifestar em corpo nas relações e em suas alteridades psicoanalíticas.A Personalidade em seus padrões de persistência(APA), como percepção duradoura, relaciona-se e pensa-se sobre si mesmo e o ambiente, desenrolando impactos sociais, que moldam a forma e senso de identidade na sua construção e conflitos existenciais .
Na abordagem das identificações que constituem o sujeito e o imperativo superegoico a partir das referências psicanalíticas, com o olhar voltado a pertinência e atualidade conceituais. Consegue-se deter de forma mais centrada nas questões do narcisismo a tratar o papel dos pais na formação dos ideais, chegando à concepção do supereu enquanto imperativo de gozo, dimensão que ultrapassa as identificações parentais. Recorri também, à autobiografia da jogadora de futebol feminino Sheilya McDonald Ogawa, em seu livro escrito após o término de sua carreira profissional, a qual relata que desde sua infância, foi obrigada por seu pai a praticar esse esporte, ainda que declarasse seu. Apesar disso, não conseguia parar de jogar futebol, e, assim, tornou-se uma dos maiores jogadoras de futebol da história. Traçando as limitações impostas num percurso a respeito da formação dos ideais e da função do supereu na economia psíquica. Pode-se questionar, até quando tudo precisa ser rompido ou refletido/reproduzido?
Sobre os escritos técnicos de Freud, Lacan (2009) debruça-se sobre o estudo do narcisismo, que diferencia o Ideal-Ich (eu ideal) do Ich-Ideal (Ideal do eu), jogando a gosto do rigor freudiano, constatando que os dois termos foram elaborados. Em Lacan, o eu ideal é uma instância imaginária, a imagem no espelho, uma projeção. No entanto, para que essa imagem se constitua, é necessário que o olhar, no esquema óptico, esteja em certa posição em relação ao espelho, ou seja, que o sujeito se situe em uma posição no simbólico, dessarte singular, no subjetivo. O modelo simbólico é que guia essa projeção, sendo esse o Ideal do eu, que se constitui em uma introjeção.
Voltemos à imagem daquela menina que transgredia regras, odiava jogar futebol e, ainda assim, obtinha um excelente desempenho, acima da média e tomando-a como seu eu ideal, que parecia depender da contrariedade provocativa no pai, em seu treinador e em todos aqueles de quem, como supôs seu desejo que era, que ela fosse a número um do mundo. Portanto, havia um guia, o Ideal do eu, que comandava sua posição imaginária, uma regulação pelo Ideal do eu que permitia que se hesitasse e transitasse em uma certa oposição em relação ao pai, ao mesmo tempo em que protestava, obedecia àquilo que considerava ter sido imposto a ela, a qual poderia estar brincando com os vizinhos ou assistindo à televisão com a mãe, mas era impossível desobedecer à intimação.
Em meio aos estudos, cabe refletir sobre a linha do poeta alemão Heinrich Heine, sobre a criação do mundo: "Foi a doença que causou/Meu ímpeto para criação;/E criando pude ficar são,/E criar foi que me salvou".
Lacan, Em seu retorno a Freud, definirá o supereu como "uma instância que fala, quer dizer, uma instância simbólica" , e atribuirá maior valor ao aspecto pulsional dessa instância, aspecto que ultrapassa a voz proibitiva e se apresenta como voz imperativa, pois a lei do supereu é uma lei insensata, que não só proíbe o gozo, mas o incita.
É por tudo isso, que precisamos pensar para além do narcisismo parental em nossa práxis, visto que o outro é sempre uma construção da fantasia, e também o lugar da alteridade, de onde se pode desejar. É por esse motivo que o trabalho da análise, deve esvaziar esse outro fantasmático e seus imperativos, sem favorecer a idealização – facilitadora do recalque –, para permitir que o sujeito se encontre com seu próprio desejo (Cottet, 1995).
Ademais, segue-se a síntese de " O Eu" e "A Personalidade":