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Literatura, Psicanálise e Filosofia

O complexo de Édipo, teorizado por Freud, teve sua origem na tragédia grega, na narrativa do poeta Sófocles, intitulada “Édipo Rei” (427 a. C). Freud considerou que essa narrativa era mais que apenas uma história ficcional e trágica. Para ele, esse enredo supostamente absurdo, escandaloso e imoral é, na verdade, a base da estrutura da psique humana. Para Freud o corpo materno é o princípio do prazer oral (aleitamento) e afetivo (colo, contato com a pele, calor do corpo e cheiro dos feromônios), sendo o primeiro objeto de prazer do ser humano. O complexo de Édipo marca a transição do princípio do prazer para o princípio da realidade, do âmbito fechado da família para a sociedade, do incesto para as relações extrafamiliares, e da natureza para a cultura. Devemos então entender esse complexo como um processo inerente à condição humana, que é a falta traumática do corpo da mãe e a repressão (recalque) do princípio do prazer para o viver em sociedade. Também a teoria sobre o narcisismo de Freud foi desenvolvida a partir do mito clássico grego de Narciso. O mito clássico grego de Narciso é mais conhecido pela versão contada pelo poeta romano Ovídio em sua obra "Metamorfoses". O conceito de narcisismo é uma parte crucial da teoria psicanalítica de Freud e se refere à concentração do interesse libidinal no próprio eu.

Freud “diagnosticava” os artistas como neuróticos invejáveis por sua capacidade de sublimar seus desejos e fantasias inconscientes (recalcados e proibidos), o que tornava sua arte um objeto passível de desejo por pessoas “comuns”. Segundo Freud, os artistas seriam invejáveis, não por seu talento estético, mas pela capacidade de expressarem, com veemência, aquilo que os neuróticos comuns costumavam reprimir.

O texto literário pode, muitas vezes, se confundir com o texto filosófico, desde Platão e mesmo antes dele. O discurso literário não tem uma fronteira muito bem definida em relação ao discurso filosófico, tanto no que diz respeito ao conteúdo (muitas vezes filosófico) das obras literárias quanto à forma dos textos filosóficos, muitas vezes lírica e poética. Muitos textos de Platão continham narrativas dialogadas em que se debatiam temas como o amor – tema central de “O Banquete” – entre vários personagens, dos quais Sócrates figura como um dos mais famosos.

Também o método dialético de Sócrates, que envolve questionamento e reflexão crítica, influenciou Freud na sua abordagem terapêutica. Freud utilizava a técnica da associação livre, onde os pacientes eram incentivados a falar livremente, sem censura, para revelar pensamentos e sentimentos reprimidos. Também a ênfase de Sócrates na autoconsciência e no autoconhecimento é refletida na psicanálise, onde a compreensão dos próprios processos mentais e emoções é fundamental para a cura.