Módulo cinco - Literatura, Psicanálise e Filosofia
Citação de Paula Cristina Coutinho Quaresma Pimentel em fevereiro 29, 2024, 6:10 pmNa obra inaugural da Psicanálise, “A interpretação dos sonhos”, Freud defende a teoria de que os sonhos seriam particularidades do inconsciente, derrubando a concepção mística que predominava até ali. Para o médico, o material onírico está presente no cotidiano e são representações dos desejos reprimidos pela consciência do indivíduo, que, por sua vez, podem se manifestar através de quatro mecanismos: Condensação (abreviação dos pensamentos latentes. Na Condensação há uma aglutinação de diversos elementos em um único símbolo, por isto, a condensação também é compreendida como metáfora.); Deslocamento (desvio associativo onde os elementos secundários ganham mais especificidade em relação aos elementos mais primordiais. Este mecanismo também é conhecido como metonímia);Simbolismo (símbolos produzidos pelo inconsciente que representam metáforas de pensamentos originais. Segundo Freud, a maior parte destes elementos estão relacionados com a sexualidade) e Dramatização (teatralização da mente que permite que os elementos oníricos condensados, deslocados e repletos de simbolismo possam ser contextualizados). Há 3 aspectos da interpretação dos sonhos: o autobiográfico, o teórico e o circunstancial.
Ainda que a literatura, a filosofia e a psicanálise apresentem especificidades e contradições, não há fronteiras bem definidas entre elas. Observa-se, contudo, uma aproximação entre estes três discursos a ponto de se confundirem e, até mesmo, se complementarem. A literatura, muito além de ser uma ferramenta de entretenimento, reflete a cultura e o pensamento ocidental, bem como a filosofia grega desde os pré-socráticos. Assim sendo, não raramente, há uma fusão entre os textos literário e filosófico (desde Platão e mesmo antes dele). A contribuição destes dois campos de saber na construção da teoria psicanalítica de Freud que contempla o sujeito e o seu inconsciente, é inegável e pode ser evidenciada através da influência de Platão no posicionamento do médico neurologista entre a relação ciência e filosofia.
No que se refere à análise psicanalítica de um texto literário, o crítico inglês Terry Eagleton alerta que é preciso “ir além da caça de símbolos fálicos”, isto é, que o estudo da obra não deve ser reduzido àquilo que está claramente exposto ou observável, mas, focar, sobretudo, nos dilemas apresentados; nos elementos escusos e no que excede na obra (subtextos), a fim de evitar que o texto seja uma réplica perfeita de si mesmo, uma vez que há um componente inconsciente do autor permeando a sua escrita e que, portanto, produzem tais subtextos, fazendo com que o texto diga um pouco mais do que o que “realmente gostaria de dizer”.
Freud aponta que o que funda o desejo inconsciente do homem é o objeto faltante primordial, o corpo materno. O desejo inconsciente de suprir essa falta fundante é o que move o ser humano, ou seja, algo foi perdido e deve ser recuperado. Fomos capazes de tolerar o desaparecimento do objeto porque nosso suspense sempre esteve impregnado do conhecimento secreto de que esse objeto reapareceria finalmente. Este princípio entre a falta de algo e o desejo por esse algo é a estrutura básica de qualquer narrativa literária, onde um objeto faltante é o desarranjo básico do enredo que, por sua vez, irá girar em torno de sua busca. Objeto faltante, este, que se apresenta no texto literário metaforizado de diversas formas no texto literário. Uma vez que o padrão da narrativa clássica trata da restauração de uma estrutura original que foi desmantelada, a narrativa é, portanto, uma fonte de consolo para o homem, já que tais objetos perdidos simbolizam determinadas perdas inconscientes mais profundas e é sempre reconfortante vê-los de volta em segurança. A motivação pulsional do leitor diante da obra literária é justamente a ativação inconsciente do desejo humano a partir de um objeto perdido na narrativa.
Na obra inaugural da Psicanálise, “A interpretação dos sonhos”, Freud defende a teoria de que os sonhos seriam particularidades do inconsciente, derrubando a concepção mística que predominava até ali. Para o médico, o material onírico está presente no cotidiano e são representações dos desejos reprimidos pela consciência do indivíduo, que, por sua vez, podem se manifestar através de quatro mecanismos: Condensação (abreviação dos pensamentos latentes. Na Condensação há uma aglutinação de diversos elementos em um único símbolo, por isto, a condensação também é compreendida como metáfora.); Deslocamento (desvio associativo onde os elementos secundários ganham mais especificidade em relação aos elementos mais primordiais. Este mecanismo também é conhecido como metonímia);Simbolismo (símbolos produzidos pelo inconsciente que representam metáforas de pensamentos originais. Segundo Freud, a maior parte destes elementos estão relacionados com a sexualidade) e Dramatização (teatralização da mente que permite que os elementos oníricos condensados, deslocados e repletos de simbolismo possam ser contextualizados). Há 3 aspectos da interpretação dos sonhos: o autobiográfico, o teórico e o circunstancial.
Ainda que a literatura, a filosofia e a psicanálise apresentem especificidades e contradições, não há fronteiras bem definidas entre elas. Observa-se, contudo, uma aproximação entre estes três discursos a ponto de se confundirem e, até mesmo, se complementarem. A literatura, muito além de ser uma ferramenta de entretenimento, reflete a cultura e o pensamento ocidental, bem como a filosofia grega desde os pré-socráticos. Assim sendo, não raramente, há uma fusão entre os textos literário e filosófico (desde Platão e mesmo antes dele). A contribuição destes dois campos de saber na construção da teoria psicanalítica de Freud que contempla o sujeito e o seu inconsciente, é inegável e pode ser evidenciada através da influência de Platão no posicionamento do médico neurologista entre a relação ciência e filosofia.
No que se refere à análise psicanalítica de um texto literário, o crítico inglês Terry Eagleton alerta que é preciso “ir além da caça de símbolos fálicos”, isto é, que o estudo da obra não deve ser reduzido àquilo que está claramente exposto ou observável, mas, focar, sobretudo, nos dilemas apresentados; nos elementos escusos e no que excede na obra (subtextos), a fim de evitar que o texto seja uma réplica perfeita de si mesmo, uma vez que há um componente inconsciente do autor permeando a sua escrita e que, portanto, produzem tais subtextos, fazendo com que o texto diga um pouco mais do que o que “realmente gostaria de dizer”.
Freud aponta que o que funda o desejo inconsciente do homem é o objeto faltante primordial, o corpo materno. O desejo inconsciente de suprir essa falta fundante é o que move o ser humano, ou seja, algo foi perdido e deve ser recuperado. Fomos capazes de tolerar o desaparecimento do objeto porque nosso suspense sempre esteve impregnado do conhecimento secreto de que esse objeto reapareceria finalmente. Este princípio entre a falta de algo e o desejo por esse algo é a estrutura básica de qualquer narrativa literária, onde um objeto faltante é o desarranjo básico do enredo que, por sua vez, irá girar em torno de sua busca. Objeto faltante, este, que se apresenta no texto literário metaforizado de diversas formas no texto literário. Uma vez que o padrão da narrativa clássica trata da restauração de uma estrutura original que foi desmantelada, a narrativa é, portanto, uma fonte de consolo para o homem, já que tais objetos perdidos simbolizam determinadas perdas inconscientes mais profundas e é sempre reconfortante vê-los de volta em segurança. A motivação pulsional do leitor diante da obra literária é justamente a ativação inconsciente do desejo humano a partir de um objeto perdido na narrativa.
Citação de pauloemidioestudos em março 1, 2024, 6:54 pmA interseção entre literatura, psicanálise e filosofia revela-se como um terreno fértil para a exploração das profundezas da condição humana. Cada uma dessas disciplinas aborda a experiência humana de maneiras únicas, mas todas compartilham um objetivo comum: compreender e dar sentido à complexidade da existência.
A literatura, com suas narrativas e metáforas, é um espelho que reflete as múltiplas facetas da vida. Os escritores frequentemente exploram questões existenciais, dilemas éticos e conflitos internos através de personagens e enredos complexos. Ao mergulhar na ficção, os leitores são convidados a refletir sobre suas próprias vidas e experiências, encontrando paralelos entre os mundos fictícios e suas realidades pessoais. Além disso, a literatura permite uma exploração profunda da psique humana, revelando as complexidades da mente e as motivações por trás das ações humanas.
A psicanálise, por sua vez, oferece uma lente específica para examinar a mente humana. Desenvolvida por Sigmund Freud e posteriormente refinada por outros como Carl Jung e Jacques Lacan, a psicanálise busca entender os processos inconscientes que influenciam o comportamento humano. Ao explorar os sonhos, lapsos freudianos e padrões comportamentais, os psicanalistas revelam as camadas mais profundas da psique humana, desvendando traumas, desejos reprimidos e complexos mecanismos de defesa. Essa compreensão da mente inconsciente lança luz sobre os aspectos mais obscuros da experiência humana, enriquecendo nossa compreensão de nós mesmos e dos outros.
A filosofia, por sua vez, busca investigar questões fundamentais sobre a existência, a natureza da realidade e o propósito da vida. Desde os antigos filósofos gregos até os pensadores contemporâneos, a filosofia oferece uma variedade de perspectivas sobre questões como ética, metafísica e epistemologia. Ao questionar as suposições fundamentais e examinar criticamente as crenças estabelecidas, a filosofia convida os indivíduos a refletirem sobre o significado de suas vidas e a natureza do mundo ao seu redor. Além disso, a filosofia muitas vezes se entrelaça com a literatura e a psicanálise, fornecendo um quadro conceitual para entender as narrativas literárias e as dinâmicas psicológicas exploradas pela psicanálise.
Em última análise, a interação entre literatura, psicanálise e filosofia enriquece nossa compreensão da experiência humana, oferecendo múltiplas perspectivas para examinar as profundezas da condição humana. Ao explorar as nuances da vida através das histórias, análises psicológicas e investigações filosóficas, somos convidados a mergulhar nas complexidades da existência e a descobrir novos significados e insights sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor.
A interseção entre literatura, psicanálise e filosofia revela-se como um terreno fértil para a exploração das profundezas da condição humana. Cada uma dessas disciplinas aborda a experiência humana de maneiras únicas, mas todas compartilham um objetivo comum: compreender e dar sentido à complexidade da existência.
A literatura, com suas narrativas e metáforas, é um espelho que reflete as múltiplas facetas da vida. Os escritores frequentemente exploram questões existenciais, dilemas éticos e conflitos internos através de personagens e enredos complexos. Ao mergulhar na ficção, os leitores são convidados a refletir sobre suas próprias vidas e experiências, encontrando paralelos entre os mundos fictícios e suas realidades pessoais. Além disso, a literatura permite uma exploração profunda da psique humana, revelando as complexidades da mente e as motivações por trás das ações humanas.
A psicanálise, por sua vez, oferece uma lente específica para examinar a mente humana. Desenvolvida por Sigmund Freud e posteriormente refinada por outros como Carl Jung e Jacques Lacan, a psicanálise busca entender os processos inconscientes que influenciam o comportamento humano. Ao explorar os sonhos, lapsos freudianos e padrões comportamentais, os psicanalistas revelam as camadas mais profundas da psique humana, desvendando traumas, desejos reprimidos e complexos mecanismos de defesa. Essa compreensão da mente inconsciente lança luz sobre os aspectos mais obscuros da experiência humana, enriquecendo nossa compreensão de nós mesmos e dos outros.
A filosofia, por sua vez, busca investigar questões fundamentais sobre a existência, a natureza da realidade e o propósito da vida. Desde os antigos filósofos gregos até os pensadores contemporâneos, a filosofia oferece uma variedade de perspectivas sobre questões como ética, metafísica e epistemologia. Ao questionar as suposições fundamentais e examinar criticamente as crenças estabelecidas, a filosofia convida os indivíduos a refletirem sobre o significado de suas vidas e a natureza do mundo ao seu redor. Além disso, a filosofia muitas vezes se entrelaça com a literatura e a psicanálise, fornecendo um quadro conceitual para entender as narrativas literárias e as dinâmicas psicológicas exploradas pela psicanálise.
Em última análise, a interação entre literatura, psicanálise e filosofia enriquece nossa compreensão da experiência humana, oferecendo múltiplas perspectivas para examinar as profundezas da condição humana. Ao explorar as nuances da vida através das histórias, análises psicológicas e investigações filosóficas, somos convidados a mergulhar nas complexidades da existência e a descobrir novos significados e insights sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor.