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Módulo I - Fórum de Discussão (Resposta)

A ORIGEM DA PSICANÁLISE

INTRODUÇÃO
A origem e o desenvolvimento das teorias da ciência da Psicanálise foi influenciada pelas condições da vida social, cultural, econômica, e política de período frutífero da modernidade. Freud (1856-1939) criou e aprimorou essa ciência, desejando entender primeiro a si e os outros seres humanos de sua época, suas relações e, acima de tudo, a natureza interior, a alma, o ser psíquico dos indivíduos. As ideias de Freud foram influenciadas pela filosofia metafísica de Herbart, entrelaçadas com um período histórico marcado pelo darwinismo, a ideia da evolução, e o método científico empírico.

Quando surgiu, a psicanálise foi radicalmente novo de conceber o ser humano e interpretar o mundo decorrente de suas ações. Ela trouxe um novo olhar sobre a realidade interior do ser humano. A psicanálise se refere a uma compreensão teórica, a um método de investigação e a um exercício profissional. Enquanto teoria, a psicanálise se caracteriza por ser um conjunto de saberes sistematizados sobre a estrutura, o funcionamento e as ações do ser psíquico. Enquanto método de investigação científica, a psicanálise deve ser compreendida como um processo metodológico. Segundo Bock et al. (2002, p. 70), “(a psicanálise) busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, etc”. Freud tinha uma rigidez com relação aos passos da pesquisa científica, o que possibilitou um caminho seguro para a investigação do ser profundo de cada pessoa.

Como atividade profissional, a psicanálise consiste em uma forma de tratamento denominada análise. A análise busca levar o paciente ao autoconhecimento e, com isso, à eliminação do desconforto psíquico e de suas manifestações somáticas. Para alguns estudiosos, a psicanálise também deve ser tida como um importante instrumento que amplia as possibilidades para a compreensão dos fenômenos sociais contemporâneos que questionam a visão do seu humano enquanto ser civilizado.

PRINCÍPIO DO ESTUDO DA PSICANÁLISE - JOSEF BREUES (HIPNOSE)
Antes de chegar no método da psicanálise, Freud iniciou suas investigações psíquicas com o método da hipnose, acompanhando Josef Breuer. Através desse método, o paciente rememorava os eventos e experiências dolorosas esquecidas que causavam comportamentos obsessivos, angustiosos ou dolorosos. Na sugestão hipnótica, o paciente é induzido pelo médico a um estado de consciência alterado, e o médico investiga as relações entre condutas e/ou fatos e condutas que podem ter levado ao surgimento de determinado sintoma. Além disso, o médico poderia introduzir novas ideias que podem provocar um desaparecimento temporário do sintoma. Esse era o método da rememoração de Breues.

No entanto, Freud percebeu que nem todos os pacientes se deixavam hipnotizar. Freud criou a técnica da concentração, sem, contudo, abandonar completamente a ideia da rememoração. Esse processo tinha a intenção de inibir as resistências das memórias e levar à consciência de fatos esquecidos (bons e ruins). Posteriormente, aperfeiçoando esses recursos, Freud deixou de lado a conversão dirigida para optar pela livre fala do paciente (conversão livre) como caminho para a rememoração e o autoconhecimento.

1ª TEORIA PSICANALÍTICA: CONSCIENTE, INCONSCIENTE, E SUBLIMAÇÃO
Ao deixar seus pacientes livres para que falassem e conduzissem as sessões de análise, Freud percebeu que alguns ficavam extremamente embaraçados e retraídos com certos conteúdos lembrados, pensamentos, ou imagens. Ele percebeu que havia uma força que tentava impedir tais fatos e pensamentos. A partir dessa evidência, Freud se deu conta da existência de dois elementos que atuam na origem dos esquecimentos: A resistência e a repressão. A resistência é uma força psíquica que impede a revelação, a tomada de consciência de um pensamento. Já a repressão atua no sentido de fazer desaparecer a consciência de uma memória, a lembrança de algo insuportável e doloroso, que pode ser a origem do sintoma do paciente.

Segundo a teoria psicanalítica, existe um recipiente intrapsíquico onde todas as memórias residem - o inconsciente. Em sua tentativa de de entender os esquecimentos, atos falhos, a percepção freudiana foi dirigida para concluir que o inconsciente do ser humano o conduz em suas escolhas e sentimentos e possui lógica e leis próprias de funcionamento.

Freud apresentou em seu livro A Interpretação dos Sonhos (1899) a sua primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento do aparelho psíquico, da personalidade.

Consciente ➜ Onde residem os conteúdos conscientes, as ideias, e os pensamentos mais presentes. Esse é um sistema do aparelho psíquico em que as informações do mundo externo e interior são recebidas, pensadas e percebidas. 
Pré Consciente ➜ Onde estão conteúdos acessíveis à consciência, mas que podem ou não estar nela, e isso sem um esforço muito grande por parte do indivíduo. Essa parte do sistema psíquico é um local intermediário entre os estados de consciência e o estado de inconsciência. 
Inconsciente ➜ Aqui estão os conteúdos da memória, lembranças boas e ruins, fatos ou lembranças de episódios não conscientes. Freud definiu o inconsciente como o sistema em que estão agrupados os conteúdos não presentes na consciência, reprimidos devido à ação da censura de mecanismos de defesa internos. Freud salienta que o inconsciente é uma parte do sistema psíquico dirigida por leis próprias de funcionamento, não estando limitada à concepção de tempo, sem noção de passado e presente. 

2ª TEORIA PSICANALÍTICA: ID, EGO, E SUPEREGO
Entre 1920 e 1923, Freud aperfeiçoou sua teoria e dividiu o aparelho psíquico em três novos componentes especiais. Os três componentes básicos do sistema psíquico encontram-se permanentemente empenhados numa interação que é uma batalha constante. O id busca uma satisfação irracional, o ego procura ajustar as exigências e impulsos do id ao mundo da realidade, e o superego tenta reprimir ou apoiar o impulso que for moral e socialmente reprovável ou louvável. A ação conflituosa em excesso desses três componentes pode resultar no aparecimento das neuroses, desconfortos psicológicos, e doenças somáticas.

Superego ➜ É o representante de uma natureza superior do “eu”. Ele atua para que sejam evitadas as punições e as transgressões, fomentando ideias moralmente aceitas. O superego origina-se com o complexo de édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. Como funções básicas, considera-se a criação da culpa, do sentimento de inferioridade, da virtude, da interação entre o desejo e a ação, e da necessidade inconsciente de punição. 
Ego ➜ Exerce o controle das experiências conscientes e regula as ações entre a pessoa e o meio. Ele ocupa a posição de um centro de referência para todas as atividades psíquicas e qualidades egocêntricas. Procura sempre a autopreservação do organismo. É por meio do ego que as pessoas aprendem tudo sobre a realidade externa e orientam o seu comportamento no sentido de evitar os estados dolorosos, as ansiedades, e as punicões. O ego é responsável pela memória, sentimentos, pensamentos, repressão, etc. 
Id ➜ O Id deve ser concebido como um reservatório de energias psíquicas, lugar de onde emanam as pulsões de vida (Eros) e de morte (Tânato). O id é o componente arcaico e inconsciente de energias mentais (psique) que dinamizam o comportamento humano. Do id vêm os impulsos cegos e impessoais devotados à satisfação pessoal, e não consegue perceber os limites de suas ações, é o mais inconsciente dos componentes. 

SUBLIMAÇÃO
No inconsciente do ser humano existe uma força interna que conspira para que os desejos sejam realizados sem que existam os sentimentos de culpa, de desprazer. Essa força busca a tranquilização da consciência - Freud a classificou como um mecanismo de defesa que busca aliviar o conflito, negando ou falsificando a realidade. Ele é um instinto mantenedor da satisfação interior. Na concepção psicanalítica, esses mecanismos procuram defender o autoconceito da pessoa, podendo, por isso, impedir o desenvolvimento sadio da sua personalidade.

A sublimação é um instinto/pulsão forte que possibilita a transformação de impulsos indesejados em algo menos danoso. Esse instinto permite que conteúdos que não podem ser expressos de forma direta pela pessoa, por serem violentos ou repulsivos, sejam manifestos na vida em sociedade por meio de atividades intelectuais, artísticas, religiosas, de atos que beneficiem a organização social em vez de prejudicá-la. A sublimação é um importante instrumento de apaziguamento e de manutenção da ordem social. Sem ela, a convivência social poderia ser muito perigosa e difícil.

PSICANÁLISE, SOCIEDADE, E CULTURA
Freud buscou entender o seu mundo a partir da compreensão do ser humano em sua parte mais íntima, o inconsciente. Ele sabia o quanto a realidade, as pressões, e as exigências cotidianas incidem sobre a vida psíquica dos sujeitos e sobre a sua racionalidade. Ao fazer esse trajeto, a psicanálise apontou para a necessidade de se construírem espaços em que a liberdade e a individualidade fossem levadas a sério. A busca pela liberdade e pela emancipação do ser humano leva à reafirmação das potencialidades do homem.

O ser humano consciente de si tem mais facilidade de lidar com o sofrimento e com as ausências. Reafirmando essa concepção, Bock et al. (2002, p. 80) reitera que a finalidade da psicanálise enquanto trabalho investigativo de autoconhecimento, consiste em “criar mecanismos de superação das dificuldades, dos conflitos e dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma, criativa e gratificante de cada indivíduo, dos grupos, das instituições (...)”

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mila.fantato@gmail.com

Estudar Psicanálise é realmente algo disruptivo para mim mesmo sendo sempre muito interessado sobre a mente humana iniciar este curso já me trouxe a abertura de muitos horizontes antes invisíveis, acredito que somente neste início de curso já aprendi e me interessei por aprender mais sobre os dispositivos da mente humana.