Módulo Literatura, Psicanálise e Filosofia
Citação de Alisongodoi em fevereiro 9, 2024, 12:16 amA literatura está intrinsecamente ligada à filosofia, à psicologia e à psicanálise. Desde o primeiro documento literário, a Bíblia, encontramos razões suficientes para pensar os meandros, as questões ligadas às vicissitudes da alma e, por que não afirmar, a preocupação em descrever, compreender e dar sentido às manifestações da realidade psíquica, ainda que o foco seja moral e religioso, restrito desse modo a algo estabelecido por preconceitos. No entanto, vai depender do modo como se lê um texto repleto de metáforas e ensinamentos.
Ao psicanalista, hoje, é inadmissível a privação dos textos literários como subsídios para aprofundar com mais riqueza o conhecimento da realidade sensível e psíquica. Não se pode prescindir da leitura de Shakespeare, Virgílio, Homero, Quixote, e tantos outros clássicos que meditaram consciente e inconscientemente em suas obras a questão da existência humana nas mais diversas manifestações. S. Freud nunca escondeu sua humilde e respeitosa atitude em reafirmar que em tudo o que ele observou, pesquisou e encontrou em seu divã, os poetas já tinham chegado antes.
É nesse contexto que proponho coisa que não é novidade para uma maioria de autores, romancistas, críticos literários, filósofos e historiadores: reforçar a ideia de que ao psicanalista não se entende ficar fora da leitura dos “ícones da literatura”, para com eles aprender e desenvolver seu método de trabalho, principalmente, sua arte de psicanalisar. Wilfred Bion sabia disso quando enfatizou os vários vértices de olhar do psicanalista: o científico-filosófico; o estético-artístico e o místico-religioso.
Jeanne-Marie Gagnebin, em seu posfácio: “Entre sonho e vigília: quem sou?”, publicado no volume primeiro do Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust – No caminho de Swann, tradução de Mário Quintana, faz uma síntese de questões implícitas na obra de Proust, quando escreve: “Tal prova modificadora de si mesmo, a obra de Proust, Em busca do tempo perdido, a configura de maneira exemplar. Trata-se de um texto que desafia definições rígidas dos gêneros literários e os ultrapassa, criando uma nova unidade fundadora na escrita contemporânea: romance, autobiografia aparente que desmascara sua impossibilidade, ensaio estético-filosófico, tratado de psicologia”. Enfatizo aqui, exPROUST: LITERATURA, PSICANÁLISE E FILOSOFIA Carlos de Almeida Vieiratraindo da leitura desse ensaio, que a obra de Proust é uma “autoanálise” em busca do ser, mas de um ser que é somente validado na experiência do vivido e não do teorizado.
A literatura está intrinsecamente ligada à filosofia, à psicologia e à psicanálise. Desde o primeiro documento literário, a Bíblia, encontramos razões suficientes para pensar os meandros, as questões ligadas às vicissitudes da alma e, por que não afirmar, a preocupação em descrever, compreender e dar sentido às manifestações da realidade psíquica, ainda que o foco seja moral e religioso, restrito desse modo a algo estabelecido por preconceitos. No entanto, vai depender do modo como se lê um texto repleto de metáforas e ensinamentos.
Ao psicanalista, hoje, é inadmissível a privação dos textos literários como subsídios para aprofundar com mais riqueza o conhecimento da realidade sensível e psíquica. Não se pode prescindir da leitura de Shakespeare, Virgílio, Homero, Quixote, e tantos outros clássicos que meditaram consciente e inconscientemente em suas obras a questão da existência humana nas mais diversas manifestações. S. Freud nunca escondeu sua humilde e respeitosa atitude em reafirmar que em tudo o que ele observou, pesquisou e encontrou em seu divã, os poetas já tinham chegado antes.
É nesse contexto que proponho coisa que não é novidade para uma maioria de autores, romancistas, críticos literários, filósofos e historiadores: reforçar a ideia de que ao psicanalista não se entende ficar fora da leitura dos “ícones da literatura”, para com eles aprender e desenvolver seu método de trabalho, principalmente, sua arte de psicanalisar. Wilfred Bion sabia disso quando enfatizou os vários vértices de olhar do psicanalista: o científico-filosófico; o estético-artístico e o místico-religioso.
Jeanne-Marie Gagnebin, em seu posfácio: “Entre sonho e vigília: quem sou?”, publicado no volume primeiro do Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust – No caminho de Swann, tradução de Mário Quintana, faz uma síntese de questões implícitas na obra de Proust, quando escreve: “Tal prova modificadora de si mesmo, a obra de Proust, Em busca do tempo perdido, a configura de maneira exemplar. Trata-se de um texto que desafia definições rígidas dos gêneros literários e os ultrapassa, criando uma nova unidade fundadora na escrita contemporânea: romance, autobiografia aparente que desmascara sua impossibilidade, ensaio estético-filosófico, tratado de psicologia”. Enfatizo aqui, exPROUST: LITERATURA, PSICANÁLISE E FILOSOFIA Carlos de Almeida Vieiratraindo da leitura desse ensaio, que a obra de Proust é uma “autoanálise” em busca do ser, mas de um ser que é somente validado na experiência do vivido e não do teorizado.