O ego e o mecanismo de defesa
Citação de anaumy em novembro 7, 2025, 3:48 pmAo longo deste módulo, foi possível compreender como a psicanálise articula o conceito de ego, os mecanismos de defesa e a formação da identidade a partir das relações libidinais e sociais. Freud, em O Ego e o Id, nos apresenta o ego como uma instância mediadora entre o id e o superego uma estrutura que busca conciliar pulsões e realidade, razão e desejo. Ele descreve o ego como “primeiro e acima de tudo um ego corporal”, indicando que nossa subjetividade começa pelo corpo e pelas primeiras experiências de contato, cuidado e afeto.
Essas vivências iniciais, como mostram Winnicott e Haag, são fundamentais para a construção do ego corporal, pois é na relação com o ambiente materno no toque, no olhar e na voz que o bebê começa a se reconhecer como um “eu” separado. Esse processo é o que dará base à futura formação simbólica e à capacidade de se identificar com o outro.
Freud e Anna Freud nos mostraram que, para manter esse equilíbrio entre forças internas e externas, o ego utiliza mecanismos de defesa, que são estratégias inconscientes de proteção frente à angústia. Repressão, projeção, sublimação e racionalização são formas de o sujeito lidar com conflitos que não consegue elaborar diretamente. No entanto, quando usados em excesso, esses mecanismos podem se tornar sintomas e cristalizações do sofrimento.
A partir de Lacan, a compreensão do ego ganha outra camada: o sujeito é atravessado pela linguagem. O inconsciente, “estruturado como uma linguagem”, revela que nossa identidade não é fixa nem autônoma ela se constrói na relação com o Outro, nas cadeias de significantes e nos discursos que nos atravessam. Somos, portanto, efeitos da linguagem e das identificações que nos constituem.
Essa noção se aprofunda nos estudos sobre a constituição libidinal dos grupos, onde Freud mostra que a identificação é o laço emocional que sustenta as formações sociais. Identificamo-nos com o líder e com os outros membros, compartilhando um mesmo ideal. Esse processo, embora necessário para a vida em sociedade, também pode gerar submissão e perda de autonomia quando o sujeito abdica do seu ideal de ego em favor do grupo.
Por fim, autores contemporâneos como Edilberto Maia e Starnino reforçam que a identificação é o eixo da formação da subjetividade. Maia lembra que ela começa na relação materna, pela “osmose pele a pele”, e Starnino, inspirado em Lacan, mostra que ela se dá na relação entre sujeito, significante e afeto. Somos moldados pelo desejo do outro e pelo olhar que nos nomeia “ainda vivemos como nossos pais”, como dizia Belchior.
Em síntese, o estudo deste módulo revela que o ego não é apenas uma instância racional, mas uma estrutura viva, em constante negociação entre pulsão, linguagem e vínculo. É no movimento entre o eu e o outro, entre o desejo e o limite, que o sujeito se constrói, se defende e se transforma.
Ao longo deste módulo, foi possível compreender como a psicanálise articula o conceito de ego, os mecanismos de defesa e a formação da identidade a partir das relações libidinais e sociais. Freud, em O Ego e o Id, nos apresenta o ego como uma instância mediadora entre o id e o superego uma estrutura que busca conciliar pulsões e realidade, razão e desejo. Ele descreve o ego como “primeiro e acima de tudo um ego corporal”, indicando que nossa subjetividade começa pelo corpo e pelas primeiras experiências de contato, cuidado e afeto.
Essas vivências iniciais, como mostram Winnicott e Haag, são fundamentais para a construção do ego corporal, pois é na relação com o ambiente materno no toque, no olhar e na voz que o bebê começa a se reconhecer como um “eu” separado. Esse processo é o que dará base à futura formação simbólica e à capacidade de se identificar com o outro.
Freud e Anna Freud nos mostraram que, para manter esse equilíbrio entre forças internas e externas, o ego utiliza mecanismos de defesa, que são estratégias inconscientes de proteção frente à angústia. Repressão, projeção, sublimação e racionalização são formas de o sujeito lidar com conflitos que não consegue elaborar diretamente. No entanto, quando usados em excesso, esses mecanismos podem se tornar sintomas e cristalizações do sofrimento.
A partir de Lacan, a compreensão do ego ganha outra camada: o sujeito é atravessado pela linguagem. O inconsciente, “estruturado como uma linguagem”, revela que nossa identidade não é fixa nem autônoma ela se constrói na relação com o Outro, nas cadeias de significantes e nos discursos que nos atravessam. Somos, portanto, efeitos da linguagem e das identificações que nos constituem.
Essa noção se aprofunda nos estudos sobre a constituição libidinal dos grupos, onde Freud mostra que a identificação é o laço emocional que sustenta as formações sociais. Identificamo-nos com o líder e com os outros membros, compartilhando um mesmo ideal. Esse processo, embora necessário para a vida em sociedade, também pode gerar submissão e perda de autonomia quando o sujeito abdica do seu ideal de ego em favor do grupo.
Por fim, autores contemporâneos como Edilberto Maia e Starnino reforçam que a identificação é o eixo da formação da subjetividade. Maia lembra que ela começa na relação materna, pela “osmose pele a pele”, e Starnino, inspirado em Lacan, mostra que ela se dá na relação entre sujeito, significante e afeto. Somos moldados pelo desejo do outro e pelo olhar que nos nomeia “ainda vivemos como nossos pais”, como dizia Belchior.
Em síntese, o estudo deste módulo revela que o ego não é apenas uma instância racional, mas uma estrutura viva, em constante negociação entre pulsão, linguagem e vínculo. É no movimento entre o eu e o outro, entre o desejo e o limite, que o sujeito se constrói, se defende e se transforma.
