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O espelho e suas faces

Quando crianças nos deparamos com situações nas quais não vemos saídas e resoluções. Porém, na vida adulta, essa criança perdida se manifesta e nosso inconsciente traz à luz o que muitas vezes tentamos camuflar, deixar como se nunca tivesse acontecido.

Nesse momento o "eu" se mostra como instância do imaginário desconhecido, criando assim, ilusão e alienação da realidade. Dessa forma, ao depararmos com o espelho, vemos as faces que ficam escondidas com o passar do tempo, por causa das demandas que vêm a partir da vida adulta.

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Solange Maria Barreto Guimaraes

muitas vezes nós nos mantemos alheios ao espelho. Essa nossa fuga da realidade não nos quer fazer fugir do imaginário, mas lança diretamente a ele.

o espelho é a forma mais antiga de nos fazer esquecer o medo, não nos vemos obrigados a olhar para ele, mas quando nos vemos em seu fundo brilhante, imediatamente pensamos e sabemos que aquilo que vemos é apenas a nossa imagem, o que não acontece com todas as pessoas. Algumas pessoas quando se colocam a frente do espelho, veem exatamente aquilo que elas querem deixar oculto, acreditam, porém, que ao se colocarem a frente dele, sua identidade fictícia virá a tona.

Entendo que o inconsciente guarda situações que podem afetar o indivíduo em todas as fases da vida, a exemplo de agressões vividas ainda antes da fala ou de que hajam condições de defesa, necessidades como fome ou dor intensa, episódios de desprezo ou falta de acalento, ausência ou perda de alguém, entre outras. Às vezes o gatilho pode ser ativado numa situação de trauma após anos ou o indivíduo pode conviver com essas pequenas lembranças diárias que o martirizam aos poucos. Conheci uma pessoa há alguns anos que sofreu abuso e maus tratos na infância, e ele sempre achou que havia superado tudo mas um dia ele sofreu uma traição muito dura e começou a ver a pessoa que o traiu como um dos seus agressores, ele inclusive dizia isso para essa pessoa, que não conseguia mais conviver e nem ve-la, pois a imagem que ele via era dos seus agressores e ele se via como culpado de todas as agressôes porque todos que se aproximavam dele o maltratavam, logo ele seria o culpado de atrair pessoas más por ser mal. De certa forma deixou de se ver como vítima passando a se ver como agressor ou causador do problema. Pessoas com esses traumas podem passar a ter uma difusão na própria imagem, não sendo capazes de diferenciar o eu do outro.

Entendo que as coisas boas ou ruins que ocorrem na "fase do estádio do espelho", em que inicia a constituição do eu e da identidade, a diferenciação do eu e do outro e ainda o entendimento dos limites do próprio corpo, podem influenciar na formação da autoimagem e acredito que até no desenvolvimento ou não de transtornos e doenças, ou de um indíviduo saudável e seguro de si. A comunicação

 

 

 

 

Muitas pessoas adultas evitam se olhar no espelho, pois, o espelho é uma ferramenta potente para encontrarmos o nosso mais profundo "eu". Aquele eu que teve que ficar sufocado pelo adulto, pois, quando crianças não temos problemas com nossa imagem. Os problemas com a autoimagem acontece mais na fase adolescente e adulta. É necessário que o terapeuta use a técnica do espelho para resgatar a pureza da criança interior que ficou lá no passado, esquecida e abandonada pelo próprio paciente e a começar por nós. Como iremos, pois, promover o encontro do adulto com a criança dos nossos pacientes, se nós ao menos fizemos o esforço de buscar a nossa criança e andar de mãos dadas com ela?