O Eu e a Imagem Pessoal
Na psicanálise, o Eu (ou ego) é entendido como uma construção psíquica que media os desejos inconscientes e as exigências da realidade. Freud descreve o Eu como a instância responsável por organizar as percepções do mundo externo, gerenciar impulsos internos e garantir a adaptação do sujeito ao meio social.
Lacan, ampliando essa concepção, introduz a ideia do Estágio do Espelho, momento crucial para a constituição do Eu. Nesse processo, a criança identifica-se com a imagem refletida no espelho, reconhecendo-se como um todo. Essa imagem, porém, é marcada por uma alienação: o sujeito constrói sua identidade a partir de uma representação externa, mediada pelo olhar do Outro (pais, cuidadores, sociedade).
Assim, a imagem pessoal, na ótica psicanalítica, não se refere apenas à aparência física, mas está profundamente ligada às identificações, ao desejo do Outro e à linguagem. O corpo e sua imagem tornam-se suporte para o sujeito estruturar seu Eu e sua posição no mundo.
Portanto, a relação do indivíduo com sua imagem pessoal é sempre atravessada por aspectos inconscientes, simbólicos e sociais, sendo essencial para compreender os processos de identificação, autoestima e subjetividade.