Forum

Please or Cadastrar to create posts and topics.

O “eu” nasce no reflexo mas também é uma armadilha

Lacan ensinou que o bebê, entre 6 e 18 meses, se vê no espelho e pensa: “uau, sou inteiro!”. A festa é bonita, mas é fake: esse “eu ideal” é construído numa superfície externa. Resultado? Passo a vida entre orgulho da própria imagem e medo de despedaçar. Nos gêmeos, o reflexo vira confusão — quem é quem quando a cópia é idêntica?

Com Berger & Luckmann entendi que o “normal” é um acordo social: classificamos eventos, colamos rótulos e seguimos. Bom pra orientação rápida, péssimo quando bloqueia o novo. O espelho lacaniano se atualiza aqui: eu não só me vejo como “imagem”, mas como “rótulo” que circula na cultura.

Percebi que “personalidade” não é estática nem puramente interna. É um mosaico: reflexo imaginário, palavra simbólica, práticas sociais e história coletiva. Se eu ignoro qualquer peça, fico cego num ponto — seja no narcisismo do espelho, no senso comum engessado ou no espetáculo que pede sangue.

Então pergunto a vocês:

  • Como equilibrar o poder criativo da imagem com o risco de virar refém dela?