Principais matrizes teóricas da Psicologia Social
Citação de Eliane Bim em fevereiro 20, 2022, 10:12 pmEste módulo abordou as seguintes questões:
- Identificar as representações coletivas de Durkheim, as mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl e as representações de Moscovici.
Representações coletivas segundo Durkhein:
o primeiro teórico a utilizar o termo “representações” com o objetivo de introduzir o tema da representação coletiva, Émile Durkheim tem a tese de que as representações se originam da relação e dos laços sociais que os indivíduos estabelecem entre si. Para Durkhein as representações superam as instancias individuais, adquirindo realidade e autonomia próprias. Ele acreditava em uma regulação diferente entre as leis que explicavam os fenômenos sociais e os fenômenos individuais. Como as representações coletivas derivavam dos acontecimentos sociais, estas ser constituem em fato social, resultando assim, de uma consciência coletiva e não de uma consciência individual. Durkehein destaca o pensamento social como um conjunto de pensamentos que regeriam os indivíduos de forma coletiva. Desta forma, o pensamento social atua sobre o pensamento individual. O pensamento individual poderia ser entendido como fenômeno psíquico, mas que reduz a uma atividade cerebral, por ter envolvido consigo um conjunto de percepções e ligações sensoriais que contribuem para a formação do pensamento. Dessa forma, o pensamento social não se abrevia à soma dos pensamentos individuais, mas se estrutura a partir do encontro e sincronia entre eles. Os estudos de Durkheim sobre representações coletivas inspiraram Moscovici (1978) a buscar na sociologia consonância para a perspectiva individualista da psicologia social
- Representações coletivas para Moscovici
Moscovici após ser inspirado por Durkheim, entende que a representação social é uma composição que o indivíduo faz para entender o mundo e para se comunicar, e dessa forma se expressa como uma teoria. A representação social pode ser vista tanto na medida em que está inserida em um contexto psicológico autônomo, como própria da sociedade e da cultura que estamos vivendo. A teoria das representações sociais se ocupa essencialmente com a interação entre sujeito e objeto, buscando compreender como se desenvolve o processo de construção do conhecimento, sincronicamente individual e coletivo na construção das representações sociais.
Nos entendimentos de Moscovici, as relações sociais construídas no cotidiano são produto de representações que são facilmente apreendidas. Sujeito e sociedade numa dupla dimensão dando margem a uma variedade de conceitos sociológicos e psicológicos. É uma teoria que se aproxima tanto como produto quanto como processo, pois a representação é paralelamente o produto e o processo de uma atividade mental pela qual um indivíduo ou um grupo restaura o real, confrontando e atribuindo uma significação específica. Assim, a teoria das representações sociais é uma proposta metodológica de leitura do conhecimento de senso comum que se ocupa com o conteúdo das representações. Abordada como processo, a teoria das representações sociais de Moscovici reside no saber de que forma se constroem as representações, como se desenvolve a inclusão do novo e do incomum, em ambientes em que prevalecem o consenso.
Para Moscovici a representação envolve dois processos formadores: a ancoragem (envolve a integração cognitiva do objeto expresso no sistema de um pensamento preexistente) e a objetivação (consiste em dar corpo a um determinado conceito). Por meio da ancoragem tornamos familiar o conceito ou objeto representado.
- Lèvi-Bruhl
Para Lévy-Bruhl as representações abordaram a investigação das leis de funcionamento das representações coletivas, que apresentam condutas próprias e autônomas das leis da psicologia fundadas sobre a análise do sujeito individual. Assumidas por serem usuais aos indivíduos de determinados grupos sociais, por serem repassadas como herança e por se sobressaírem aos indivíduos e lhes instigar hábitos, virtudes e crenças, as representações coletivas se articulam e se diferenciam das representações construídas pelos indivíduos isoladamente.
Lévy-Bruhl destaca, como exemplo, a “língua” para mencionar uma distinção entre as instâncias coletivas e individuais. A língua não pode existir sem os falantes e ao mesmo tempo é anterior a eles e se disponibiliza de forma que seja possível cada indivíduo identificar sua fala.
Para esclarecer, Lévy-Bruhl apresenta o funcionamento da mentalidade primitiva a partir do estudo de quatro funções básicas que compõem o processamento cognitivo: a memória (importância significativa – atende necessidades reais de reprodução da cultura), a abstração (possui função que beira a mística – principal característica é isolar os caracteres que constituem um ser, dando atenção exclusiva às dimensões que englobam tudo aquilo que ultrapassa o alcance imediato dos sentidos), a generalização (consiste num resultado de um sentimento difuso de ligação entre as coisas, os seres e os homens) e a classificação (possui caráter fundamentalmente místico uma vez que consiste apenas no resultado de abstração e generalizações misticamente orientadas).
2) Analisar as influências psicanalíticas como a teoria das massas de Freud e o inconsciente coletivo de Jung:
Freud em seus estudos psicanalíticos destaca a libido e o amor como forças que unem as massas, junto à necessidade que tem o indivíduo de um outro. Assim, poderíamos resumir todo o desenvolvimento de sua tese enfatizando que existe uma relação analógica entre o que se passou no indivíduo e o que se passou na constituição de uma massa, o que nos leva a questionar sobre o vínculo estabelecido entre a massa e o indivíduo.
Já Jung formulou uma teoria que incluía tanto o inconsciente pessoal quanto o coletivo. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares é semelhante ao conceito de inconsciente de Freud. Os conteúdos, do inconsciente coletivo, também conhecido como inconsciente impessoal ou transpessoal, são universais e não se enraízam em nossa experiência pessoal. Jung define o inconsciente como um processo, em que a psique se transforma ou se desenvolve pelo relacionamento do ego com os conteúdos do inconsciente. Jung sugeriu que existe um nível de imagens no inconsciente comum a todas as pessoas. Ele também descobriu uma íntima correspondência entre os conteúdos de natureza dos sonhos dos pacientes e os temas míticos e religiosos encontrados em muitas culturas amplamente dispersas.
3) Reconhecer a dimensão empírica e raízes metodológicas da psicologia social psicológica, psicologia social sociológica e psicologia social crítica.
- Psicologia social psicológica analisa os modos de ser dos indivíduos com relação aos demais, mesmo que não seja concreto, real, produzindo conteúdos, a partir da imaginação, bem como as influências provenientes dessa relação.
- Psicologia social sociológica busca na experiência social vivenciada pelo indivíduo, nos grupos sociais nos quais está inserido uma compreensão acerca dos fenômenos que os cercam.
- Na psicologia social crítica ou psicologia social histórico-crítica, diferentes posturas teóricas estão envolvidas para uma melhor compreensão em torno da psicologia social que se delineia na atualidade, como o socio-construcionismo e a psicologia discursiva.
Essa vertente lança olhar sobre os atravessamentos que conduzem os acontecimentos e comportamentos por meio das vivências sociais. Procurando unir conhecimentos, esta tem o propósito de produção e captação de mudanças sociais. Emerge em situações de opressão e exploração presentes nas sociedades, promovendo a garantia de direitos.
Este módulo abordou as seguintes questões:
- Identificar as representações coletivas de Durkheim, as mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl e as representações de Moscovici.
Representações coletivas segundo Durkhein:
o primeiro teórico a utilizar o termo “representações” com o objetivo de introduzir o tema da representação coletiva, Émile Durkheim tem a tese de que as representações se originam da relação e dos laços sociais que os indivíduos estabelecem entre si. Para Durkhein as representações superam as instancias individuais, adquirindo realidade e autonomia próprias. Ele acreditava em uma regulação diferente entre as leis que explicavam os fenômenos sociais e os fenômenos individuais. Como as representações coletivas derivavam dos acontecimentos sociais, estas ser constituem em fato social, resultando assim, de uma consciência coletiva e não de uma consciência individual. Durkehein destaca o pensamento social como um conjunto de pensamentos que regeriam os indivíduos de forma coletiva. Desta forma, o pensamento social atua sobre o pensamento individual. O pensamento individual poderia ser entendido como fenômeno psíquico, mas que reduz a uma atividade cerebral, por ter envolvido consigo um conjunto de percepções e ligações sensoriais que contribuem para a formação do pensamento. Dessa forma, o pensamento social não se abrevia à soma dos pensamentos individuais, mas se estrutura a partir do encontro e sincronia entre eles. Os estudos de Durkheim sobre representações coletivas inspiraram Moscovici (1978) a buscar na sociologia consonância para a perspectiva individualista da psicologia social
- Representações coletivas para Moscovici
Moscovici após ser inspirado por Durkheim, entende que a representação social é uma composição que o indivíduo faz para entender o mundo e para se comunicar, e dessa forma se expressa como uma teoria. A representação social pode ser vista tanto na medida em que está inserida em um contexto psicológico autônomo, como própria da sociedade e da cultura que estamos vivendo. A teoria das representações sociais se ocupa essencialmente com a interação entre sujeito e objeto, buscando compreender como se desenvolve o processo de construção do conhecimento, sincronicamente individual e coletivo na construção das representações sociais.
Nos entendimentos de Moscovici, as relações sociais construídas no cotidiano são produto de representações que são facilmente apreendidas. Sujeito e sociedade numa dupla dimensão dando margem a uma variedade de conceitos sociológicos e psicológicos. É uma teoria que se aproxima tanto como produto quanto como processo, pois a representação é paralelamente o produto e o processo de uma atividade mental pela qual um indivíduo ou um grupo restaura o real, confrontando e atribuindo uma significação específica. Assim, a teoria das representações sociais é uma proposta metodológica de leitura do conhecimento de senso comum que se ocupa com o conteúdo das representações. Abordada como processo, a teoria das representações sociais de Moscovici reside no saber de que forma se constroem as representações, como se desenvolve a inclusão do novo e do incomum, em ambientes em que prevalecem o consenso.
Para Moscovici a representação envolve dois processos formadores: a ancoragem (envolve a integração cognitiva do objeto expresso no sistema de um pensamento preexistente) e a objetivação (consiste em dar corpo a um determinado conceito). Por meio da ancoragem tornamos familiar o conceito ou objeto representado.
- Lèvi-Bruhl
Para Lévy-Bruhl as representações abordaram a investigação das leis de funcionamento das representações coletivas, que apresentam condutas próprias e autônomas das leis da psicologia fundadas sobre a análise do sujeito individual. Assumidas por serem usuais aos indivíduos de determinados grupos sociais, por serem repassadas como herança e por se sobressaírem aos indivíduos e lhes instigar hábitos, virtudes e crenças, as representações coletivas se articulam e se diferenciam das representações construídas pelos indivíduos isoladamente.
Lévy-Bruhl destaca, como exemplo, a “língua” para mencionar uma distinção entre as instâncias coletivas e individuais. A língua não pode existir sem os falantes e ao mesmo tempo é anterior a eles e se disponibiliza de forma que seja possível cada indivíduo identificar sua fala.
Para esclarecer, Lévy-Bruhl apresenta o funcionamento da mentalidade primitiva a partir do estudo de quatro funções básicas que compõem o processamento cognitivo: a memória (importância significativa – atende necessidades reais de reprodução da cultura), a abstração (possui função que beira a mística – principal característica é isolar os caracteres que constituem um ser, dando atenção exclusiva às dimensões que englobam tudo aquilo que ultrapassa o alcance imediato dos sentidos), a generalização (consiste num resultado de um sentimento difuso de ligação entre as coisas, os seres e os homens) e a classificação (possui caráter fundamentalmente místico uma vez que consiste apenas no resultado de abstração e generalizações misticamente orientadas).
2) Analisar as influências psicanalíticas como a teoria das massas de Freud e o inconsciente coletivo de Jung:
Freud em seus estudos psicanalíticos destaca a libido e o amor como forças que unem as massas, junto à necessidade que tem o indivíduo de um outro. Assim, poderíamos resumir todo o desenvolvimento de sua tese enfatizando que existe uma relação analógica entre o que se passou no indivíduo e o que se passou na constituição de uma massa, o que nos leva a questionar sobre o vínculo estabelecido entre a massa e o indivíduo.
Já Jung formulou uma teoria que incluía tanto o inconsciente pessoal quanto o coletivo. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares é semelhante ao conceito de inconsciente de Freud. Os conteúdos, do inconsciente coletivo, também conhecido como inconsciente impessoal ou transpessoal, são universais e não se enraízam em nossa experiência pessoal. Jung define o inconsciente como um processo, em que a psique se transforma ou se desenvolve pelo relacionamento do ego com os conteúdos do inconsciente. Jung sugeriu que existe um nível de imagens no inconsciente comum a todas as pessoas. Ele também descobriu uma íntima correspondência entre os conteúdos de natureza dos sonhos dos pacientes e os temas míticos e religiosos encontrados em muitas culturas amplamente dispersas.
3) Reconhecer a dimensão empírica e raízes metodológicas da psicologia social psicológica, psicologia social sociológica e psicologia social crítica.
- Psicologia social psicológica analisa os modos de ser dos indivíduos com relação aos demais, mesmo que não seja concreto, real, produzindo conteúdos, a partir da imaginação, bem como as influências provenientes dessa relação.
- Psicologia social sociológica busca na experiência social vivenciada pelo indivíduo, nos grupos sociais nos quais está inserido uma compreensão acerca dos fenômenos que os cercam.
- Na psicologia social crítica ou psicologia social histórico-crítica, diferentes posturas teóricas estão envolvidas para uma melhor compreensão em torno da psicologia social que se delineia na atualidade, como o socio-construcionismo e a psicologia discursiva.
Essa vertente lança olhar sobre os atravessamentos que conduzem os acontecimentos e comportamentos por meio das vivências sociais. Procurando unir conhecimentos, esta tem o propósito de produção e captação de mudanças sociais. Emerge em situações de opressão e exploração presentes nas sociedades, promovendo a garantia de direitos.
Citação de Zeli Vieira Romano Correia em setembro 11, 2023, 5:21 pmUma análise profunda de cada postura teórica traz as impressões e informações da dinâmica dos indivíduos interagindo entre si e com o grupo
Uma análise profunda de cada postura teórica traz as impressões e informações da dinâmica dos indivíduos interagindo entre si e com o grupo