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Principais Matrizes Teóricas da Psicologia Social

A psicologia social é uma área da psicologia que investiga como os indivíduos são influenciados pelos outros, tanto em nível individual quanto em nível coletivo, e como suas percepções, atitudes e comportamentos são moldados por fatores sociais e contextuais. Existem diversas matrizes teóricas que orientam a pesquisa e a prática da psicologia social, cada uma com enfoques distintos sobre a relação entre o indivíduo e o grupo. Abaixo, destaco algumas das principais matrias teóricas dessa área:

1. Teoria do Comportamento Social (Behaviorismo)

Esta abordagem, mais associada ao psicólogo B.F. Skinner, foca no comportamento observável e nas formas como ele é aprendido e condicionado pelas experiências sociais. Embora a psicologia social tenha se distanciado do behaviorismo mais radical, ele ainda influencia estudos sobre como os comportamentos são moldados por reforços sociais e punições. Em termos sociais, essa perspectiva explora a maneira como os indivíduos aprendem atitudes e comportamentos através de modelagem e imitação no contexto social.

2. Teoria da Aprendizagem Social (Albert Bandura)

A Teoria da Aprendizagem Social, proposta por Albert Bandura, enfatiza que as pessoas aprendem comportamentos e normas sociais observando outras pessoas e imitando-os, um processo chamado modelagem. Bandura destacou a importância de fatores como observação, imitação e modelos sociais, argumentando que o comportamento é influenciado por recompensas, punições e também por expectativas cognitivas que as pessoas têm sobre suas próprias ações (autoeficácia). Esta teoria também introduziu o conceito de aprendizado vicário, onde os indivíduos podem aprender ao observar os outros sendo recompensados ou punidos por suas ações.

3. Teoria Sociocognitiva

A teoria sociocognitiva expande as ideias de Bandura, focando nos processos cognitivos de interação social. A ênfase está em como as pessoas percebem e interpretam as situações sociais. A ideia central é que o indivíduo não é apenas um produto passivo das influências sociais, mas que ele ativa seu processamento cognitivo para interpretar e reagir aos estímulos sociais. Essa abordagem analisa como as pessoas formam crenças sobre os outros e como essas crenças influenciam suas interações.

4. Teoria da Identidade Social (Henri Tajfel e John Turner)

A Teoria da Identidade Social foi desenvolvida por Henri Tajfel e John Turner e é uma das teorias mais influentes na psicologia social. Ela sugere que a identidade dos indivíduos é parcialmente definida pelos grupos aos quais pertencem (como grupos étnicos, sociais, culturais, etc.). Os principais conceitos dessa teoria incluem:

  • Identidade social: A percepção de si mesmo como parte de um grupo.
  • Favoritismo do grupo interno: Tendência a favorecer o próprio grupo em relação aos outros.
  • Discriminação entre grupos: Como as diferenças entre grupos podem ser ampliadas, levando a preconceitos e estereótipos.

A teoria explica, por exemplo, como o pertencimento a um grupo pode afetar o comportamento, a autoestima e as atitudes intergrupais, resultando em fenómenos como preconceito e discriminação.

5. Teoria da Atribuição (Fritz Heider, Harold Kelley)

A Teoria da Atribuição investiga como os indivíduos explicam o comportamento dos outros e as causas desses comportamentos. Ela se concentra nos processos através dos quais as pessoas atribuem intenções, responsabilidades e causas a eventos sociais. A teoria distingue entre atribuições internas (onde o comportamento é atribuído a características pessoais) e atribuições externas (onde o comportamento é atribuído a fatores situacionais).

  • Heider foi pioneiro ao sugerir que as pessoas tendem a atribuir causas aos comportamentos de outros com base em uma busca por coerência e causalidade.
  • Kelley introduziu o modelo de atribuição baseado em consistência, consenso e distinção, para entender as causas dos comportamentos em diferentes contextos.

6. Teoria da Dissonância Cognitiva (Leon Festinger)

A Teoria da Dissonância Cognitiva, proposta por Leon Festinger, trata de como as pessoas lidam com a inconsistência entre suas atitudes, crenças e comportamentos. Quando há um conflito entre essas dimensões, a pessoa experimenta uma sensação desconfortável chamada "dissonância", que ela tenta reduzir de várias formas, como mudando atitudes, racionalizando comportamentos ou evitando informações que confirmem a dissonância. Essa teoria ajuda a explicar fenômenos como justificação de comportamentos e mudança de atitude.

7. Teoria da Troca Social (George Homans, Peter Blau)

A Teoria da Troca Social vê as interações sociais como uma troca de recursos (tais como apoio emocional, dinheiro, ou informação) onde as pessoas buscam maximizar os benefícios e minimizar os custos. George Homans e Peter Blau propuseram que o comportamento social é baseado em uma série de trocas e que as relações são sustentadas por um equilíbrio entre as recompensas recebidas e os custos pagos. A teoria sugere que as pessoas formam e mantêm relações com base em uma avaliação racional de benefícios e custos.

8. Psicologia das Relações Intergrupais

Além das abordagens teóricas centradas no indivíduo, a psicologia social também se preocupa com as relações entre grupos. A psicologia das relações intergrupais explora como os indivíduos pertencentes a diferentes grupos sociais (com base em raça, etnia, classe social, etc.) interagem uns com os outros. Esse campo se foca em processos como preconceito, discriminação, estereótipos e conflitos intergrupais. As pesquisas nessa área ajudam a entender como as dinâmicas sociais de poder, hierarquia e conflito afetam as relações entre diferentes grupos na sociedade.

9. Teoria do Contágio Social

A Teoria do Contágio Social examina como emoções, comportamentos e atitudes podem se espalhar entre indivíduos, similar a um "contágio". Por exemplo, a psicologia social usa essa teoria para estudar a propagação de boatos, modismos e tendências coletivas, bem como o impacto das emoções em grupos (como a ansiedade coletiva ou o otimismo compartilhado). O estudo de fenômenos como o comportamento de massa e o pânico social se baseia nessas dinâmicas de contágio social.

10. Teoria Crítica (Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse, Theodor Adorno)

A Teoria Crítica não é exclusivamente uma escola de psicologia social, mas tem influências importantes na análise social, incluindo a psicologia social. Influenciada por pensadores da Escola de Frankfurt, essa teoria se concentra em entender como as estruturas sociais, políticas e econômicas moldam a psique individual. Os teóricos críticos, como Herbert Marcuse e Theodor Adorno, investigaram como as ideologias dominantes e a cultura de massa afetam a liberdade individual, a alienação e a repressão.