Forum

Please or Cadastrar to create posts and topics.

Principais Matrizes Teóricas da Psicologia Social

Principais Matrizes Teóricas da Psicologia Social

A Psicologia Social é um campo que abrange uma diversidade de matrizes teóricas, que foram desenvolvidas para compreender as interações entre o indivíduo e a sociedade, além de explorar as formas de como a cultura e os grupos sociais influenciam os comportamentos, crenças e atitudes dos indivíduos. Essas matrizes teóricas têm uma base multidisciplinar e incluem influências da sociologia, psicanálise e psicologia.

1. Representações Coletivas de Durkheim

Em Émile Durkheim, uma das figuras centrais da sociologia, a Psicologia Social é entendida a partir da análise das representações coletivas. Durkheim propôs que a sociedade é mais do que a soma dos indivíduos; ela possui características próprias e sistemas de crenças compartilhados, chamados de representações coletivas. Estas representações são formadas por um conjunto de ideias, imagens e símbolos que os membros de uma sociedade compartilham, influenciando suas atitudes e comportamentos.

Durkheim enfatizou que a solidariedade social, que pode ser mecânica (quando as pessoas compartilham valores e normas semelhantes) ou orgânica (quando a divisão do trabalho cria interdependência), está profundamente conectada a essas representações. Portanto, para ele, as representações coletivas servem como o cimento que une os indivíduos em uma sociedade e orienta suas ações dentro de normas e padrões.

2. Mentalidades Primitivas de Lévy-Bruhl

Lucien Lévy-Bruhl é um nome importante para entender como as culturas e grupos sociais moldam a percepção e as formas de pensamento. Sua teoria sobre as mentalidades primitivas propôs que, enquanto os indivíduos modernos têm um pensamento lógico e racional, os membros de sociedades "primitivas" ou tradicionais operam a partir de um modo de pensar pré-lógico e simbólico.

Essas mentalidades não se baseiam em raciocínios abstratos, mas sim em uma conexão simbólica e emocional com a realidade. De acordo com Lévy-Bruhl, para entender esses grupos, é necessário transcender a lógica ocidental e compreender como esses grupos veem o mundo a partir de uma perspectiva mais simbólica e emocional. Essa teoria ajudou a ampliar a visão antropológica da psicologia social, refletindo a diversidade das formas de percepção e interpretação do mundo.

3. Representações Sociais de Moscovici

Serge Moscovici foi um dos principais teóricos da Psicologia Social que desenvolveu a teoria das representações sociais. Para Moscovici, as representações sociais são as imagens, ideias e interpretações compartilhadas coletivamente por um grupo de pessoas sobre determinado tema. Essas representações se formam no cotidiano e têm um impacto direto no comportamento social.

Moscovici utilizou o conceito de representações sociais para explicar como ideias e fenômenos são percebidos e organizados na mente coletiva. Por exemplo, uma representação social de "saúde" pode ser influenciada por normas culturais, religiões e educação, e essas representações podem influenciar as atitudes e práticas de saúde de uma sociedade. As representações sociais funcionam como um sistema que organiza e interpreta a realidade social, e influenciam a forma como as pessoas percebem o mundo e agem nele.

4. Influências Psicanalíticas: Teoria das Massas de Freud e Inconsciente Coletivo de Jung

A Psicanálise trouxe contribuições significativas para a Psicologia Social, especialmente no que se refere aos conceitos de inconsciente e às dinâmicas grupais. A seguir, dois pensadores psicanalíticos influentes:

Teoria das Massas de Freud:

Sigmund Freud, um dos fundadores da psicanálise, aplicou seus conceitos de inconsciente e pulsões à análise das massas. Em sua obra "Psicologia das Massas e Análise do Eu", Freud discute como o comportamento de grupos grandes, como massas ou coletividades, é influenciado por processos psíquicos inconscientes. Ele argumenta que, em uma massa, os indivíduos tendem a perder a capacidade de pensar racionalmente, sendo dominados por um líder carismático e pela identificação inconsciente com a massa. Esse fenômeno pode ser visto como uma forma de regressão à infância, onde o indivíduo é guiado por impulsos e desejos reprimidos.

A teoria das massas de Freud destaca como os mecanismos psíquicos inconscientes podem influenciar coletivos, levando os indivíduos a comportamentos irracionais ou a agir de maneira destrutiva, especialmente quando são guiados por figuras autoritárias.

Inconsciente Coletivo de Carl Gustav Jung:

Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, propôs a ideia do inconsciente coletivo, que se refere a um nível profundo da psique humana compartilhado por todos os seres humanos, contendo imagens e símbolos universais, conhecidos como arquétipos. Para Jung, as experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da história humana ficam armazenados no inconsciente coletivo e influenciam as atitudes e comportamentos individuais, muitas vezes sem que a pessoa tenha plena consciência disso.

Jung sugeriu que, ao entender o inconsciente coletivo, poderíamos compreender melhor os mitos, religiões e símbolos que aparecem nas culturas humanas. Esse conceito ajudou a explicar como certos padrões de pensamento e comportamento podem ser universais, influenciando a maneira como os indivíduos se relacionam com a sociedade.

5. Dimensão Empírica e Raízes Metodológicas da Psicologia Social

A Psicologia Social pode ser dividida em três áreas principais com base em suas abordagens metodológicas:

Psicologia Social Psicológica:

Esta vertente foca em aspectos individuais e interações interpessoais dentro dos grupos. Baseia-se principalmente na observação empírica e experimental, utilizando métodos como estudos de campo, questionários, experimentos em laboratório e técnicas de análise quantitativa e qualitativa para explorar como as pessoas percebem, influenciam e se relacionam umas com as outras. As principais questões envolvem processos como percepção social, atitudes, conformidade, obediência e estereótipos.

Psicologia Social Sociológica:

Esta abordagem, influenciada por teóricos como Durkheim, Lévy-Bruhl e outros, enfatiza os aspectos estruturais e culturais das interações sociais. Ela se preocupa em entender como as instituições sociais, normas culturais e estruturas de poder influenciam o comportamento e as atitudes dos indivíduos. Aqui, as metodologias incluem pesquisas sociais, análises de grandes grupos e estudos comparativos entre diferentes culturas e sociedades.

Psicologia Social Crítica:

A psicologia social crítica foca em analisar as relações de poder e desigualdade dentro da sociedade. Ela busca entender como as ideologias dominantes, os sistemas de opressão e as desigualdades sociais influenciam a percepção e o comportamento dos indivíduos. Ao utilizar uma abordagem interdisciplinar, essa vertente se inspira nas teorias marxistas, feministas e pós-estruturalistas, além de utilizar métodos qualitativos como estudos de caso e análise crítica de discursos.

Conclusão

As matrizes teóricas da psicologia social – que abrangem representações coletivas, mentalidades primitivas, representações sociais, influências psicanalíticas, e as abordagens empíricas e metodológicas – proporcionam uma compreensão rica e complexa das interações sociais, das influências culturais e dos processos psíquicos que moldam o comportamento dos indivíduos em grupo. Essas abordagens são essenciais para que possamos interpretar as dinâmicas sociais de maneira ampla e multidisciplinar.