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Princípio da imagem pessoal

Ao ler sobre o menino adotado que era tratado como psicótico, lembro, especialmente com Lacan, sque o sujeito se constitui a partir da imagem, do nome e do olhar do outro. O nome próprio tem uma função fundamental: ele é o significante que nos inscreve na linguagem e na cultura, que nos dá lugar no mundo. Quando esse nome é retirado, principalmente de forma abrupta, a criança perde algo que a ligava ao seu passado e à sua própria construção como sujeito. A escrita compulsiva do “R” parece ser uma forma de reafirmar sua identidade ameaçada, de reconstruir um traço de si em meio à confusão de uma nova realidade que tenta apagar o que ela era.

Assim como em Urso Branco, onde a protagonista tem sua memória apagada e sua identidade negada, essa criança também vive uma forma de repetição forçada, tentando se agarrar a um ponto fixo que lhe dê alguma estabilidade psíquica. No caso da criança, há um esforço de gritar subjetivamente em meio à imposição simbólica de um novo nome, de um novo lugar, talvez sem espaço para sua própria história.

Essa reflexão mostra como a psicanálise pode ajudar a entender além do sintoma, ouvindo o que está por trás do comportamento: o desejo de ser reconhecido como sujeito.

Sigmund Freud e Jacques Lacan abordam a questão da imagem pessoal de maneiras distintas, mas complementares.

Freud não desenvolveu uma teoria específica sobre a imagem pessoal, mas suas ideias sobre o ego, id e superego são fundamentais para entender a identidade e a percepção de si mesmo. Ele enfatiza o papel do ego na mediação entre os impulsos internos e as exigências externas, além de destacar a identificação como um processo psicológico essencial na formação da personalidade.

Lacan, por outro lado, introduziu o conceito do estádio do espelho, onde a criança, ao se ver no espelho pela primeira vez, forma uma imagem idealizada de si mesma. Esse momento é crucial para o desenvolvimento da identidade e da autoimagem. Ele também distingue entre o simbólico (ligado à linguagem) e o imaginário (relacionado às imagens e identificações visuais), mostrando como a imagem pessoal se constrói na interação entre esses elementos.

 

Concordo plenamente com  o raciocínio da Larissa.