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Principios da auto imagem psicanalitica

Nas aulas aprendi que a imagem pessoal afeta a terapia de forma profunda e multifacetada, tanto no paciente quanto no terapeuta. Ela não se limita à aparência física, mas envolve a maneira como o sujeito se apresenta, se percebe e deseja ser percebido. Essa construção simbólica influencia diretamente o vínculo terapêutico, os processos de transferência e a expressão do sofrimento psíquico.
No caso do paciente, a imagem pessoal pode funcionar como uma defesa, uma tentativa de organizar o caos interno e sustentar um lugar no laço social. A forma como ele se veste, fala, gesticula ou escolhe se expor revela aspectos inconscientes de sua história, seus traumas e seus desejos. Uma imagem muito controlada pode indicar rigidez, medo do julgamento ou necessidade de aceitação; já uma imagem mais desleixada ou provocadora pode expressar conflitos com normas sociais ou dificuldades de autoestima. O terapeuta, ao observar essa imagem, não a interpreta de forma superficial, mas como uma linguagem simbólica que comunica o mundo interno do paciente.
Além disso, a imagem pessoal influencia a transferência — o fenômeno em que o paciente projeta no terapeuta figuras significativas de sua vida. A forma como o paciente vê o terapeuta (como autoridade, como acolhedor, como distante) está diretamente ligada à imagem que este transmite, e isso molda a dinâmica da relação terapêutica. Por isso, muitos analistas mantêm uma postura neutra e discreta, para permitir que o paciente construa livremente suas projeções e associações.
Em abordagens como a psicanálise, a imagem pessoal é vista como parte do imaginário do sujeito — um reflexo de sua tentativa de se localizar no mundo e de lidar com o olhar do outro. Já em terapias mais expressivas, como a arteterapia ou a terapia cognitivo-comportamental, imagens mentais e visuais são usadas como ferramentas para acessar conteúdos inconscientes, promover insights e facilitar a comunicação emocional.
Em resumo, a imagem pessoal é uma porta de entrada para o mundo interno do paciente. Ela afeta a forma como ele se relaciona com o terapeuta, como expressa seus conflitos e como constrói sua narrativa subjetiva. Reconhecer e trabalhar essa dimensão é essencial para que a terapia seja um espaço de escuta profunda, transformação e autenticidade.