princípios da imagem Pessoal.
Citação de LUCIANA ARAUJO em dezembro 16, 2022, 3:14 pm"Uma teoria genética do eu pode ser considerada psicanalítica na medida em que trata da relação do sujeito com seu próprio corpo nos termos de uma identificação a uma imago, vínculo psíquico por excelência."
O eu, instância sobretudo imaginária, sofre modificações ao longo do tempo de existência de cada sujeito. Também a imagem corporal muda, como também muda o olhar para o mundo, para os outros e, acima de tudo, para si mesmo. Estes textos aqui apresentados mostram como a imagem corporal e o eu são formados de modo simultâneo. E neste desenvolvimento, a imagem especular e a imagem do outro são fundamentais.
Da unidade-dual mãe-filho(a), em que o rosto da mãe é o primeiro rosto a ser conhecido e reconhecido, a criança começa a se descobrir como unidade-separada, de início ainda não diferenciada do outro. Nesse período em que se conhece e se distingue da mãe, a criança descobre também um terceiro que desvia o olhar da mãe – figura paterna, o outro como diferente e que introduz a lei simbólica. A criança nesta fase faz uso da linguagem, nomeia-se e nomeia os outros e, sobretudo, adquire uma representação simbólica que lhe permite suportar a ausência da mãe. O desenvolvimento passa por outras fases que acarretam mudanças, tais como puberdade e adolescência, a idade adulta e o envelhecimento, trazendo modificações corporais, perdas e ganhos.
O corpo registra e assimila vivência, bem como sofre as marcas do tempo. Muitas vezes a representação interna de nosso corpo, nossa imagem corporal, e a imagem fornecida pelo espelho não coincidem, bem como a imagem nossa falada pelo outro. O corpo pode ser objeto de prazer, prazer de ver (schaulust), mas também de sofrimento, de angústia, de satisfação auto-erótica, ou de vergonha. O desejo em relação ao corpo está sempre presente: desejo de se ver (pulsão escópica), de ser visto, de ser reconhecido, de despertar o interesse do outro. O insuportável é o não ser olhado. Ou ser olhado e não ser visto.
O corpo para se tornar um eu e depois sujeito precisa ser desejado: primeiro pela mãe depois por si mesmo e pelo outro. Mas sempre objeto de desejo de si mesmo – narcísico – porém marcado pelo Outro inconsciente. Através de meu corpo desejo ser desejado. O olhar do outro que me invade, me desnuda, mas deseja algo de mim, contrapõe-se à falta de desejo do outro por meu corpo, por mim.
A imagem do corpo – principalmente do rosto – envelhecido remete à castração, à proximidade do fim, para a morte iminente. A imagem do corpo envelhecido não é aquela que se gostaria de ver. Aquilo que se vê nesta imagem é a presença da falta, da castração. E neste tempo não é mais possível uma troca, não se tem mais o recurso de se tornar algo diferente, não existe o porvir. Contudo, neste real há sempre uma possibilidade imaginária, que permite ver-se como se gostaria, que permite aí identificar-se e amar-se. "O mais importante e bonito, do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam" (Guimarães Rosa).
"Uma teoria genética do eu pode ser considerada psicanalítica na medida em que trata da relação do sujeito com seu próprio corpo nos termos de uma identificação a uma imago, vínculo psíquico por excelência."
O eu, instância sobretudo imaginária, sofre modificações ao longo do tempo de existência de cada sujeito. Também a imagem corporal muda, como também muda o olhar para o mundo, para os outros e, acima de tudo, para si mesmo. Estes textos aqui apresentados mostram como a imagem corporal e o eu são formados de modo simultâneo. E neste desenvolvimento, a imagem especular e a imagem do outro são fundamentais.
Da unidade-dual mãe-filho(a), em que o rosto da mãe é o primeiro rosto a ser conhecido e reconhecido, a criança começa a se descobrir como unidade-separada, de início ainda não diferenciada do outro. Nesse período em que se conhece e se distingue da mãe, a criança descobre também um terceiro que desvia o olhar da mãe – figura paterna, o outro como diferente e que introduz a lei simbólica. A criança nesta fase faz uso da linguagem, nomeia-se e nomeia os outros e, sobretudo, adquire uma representação simbólica que lhe permite suportar a ausência da mãe. O desenvolvimento passa por outras fases que acarretam mudanças, tais como puberdade e adolescência, a idade adulta e o envelhecimento, trazendo modificações corporais, perdas e ganhos.
O corpo registra e assimila vivência, bem como sofre as marcas do tempo. Muitas vezes a representação interna de nosso corpo, nossa imagem corporal, e a imagem fornecida pelo espelho não coincidem, bem como a imagem nossa falada pelo outro. O corpo pode ser objeto de prazer, prazer de ver (schaulust), mas também de sofrimento, de angústia, de satisfação auto-erótica, ou de vergonha. O desejo em relação ao corpo está sempre presente: desejo de se ver (pulsão escópica), de ser visto, de ser reconhecido, de despertar o interesse do outro. O insuportável é o não ser olhado. Ou ser olhado e não ser visto.
O corpo para se tornar um eu e depois sujeito precisa ser desejado: primeiro pela mãe depois por si mesmo e pelo outro. Mas sempre objeto de desejo de si mesmo – narcísico – porém marcado pelo Outro inconsciente. Através de meu corpo desejo ser desejado. O olhar do outro que me invade, me desnuda, mas deseja algo de mim, contrapõe-se à falta de desejo do outro por meu corpo, por mim.
A imagem do corpo – principalmente do rosto – envelhecido remete à castração, à proximidade do fim, para a morte iminente. A imagem do corpo envelhecido não é aquela que se gostaria de ver. Aquilo que se vê nesta imagem é a presença da falta, da castração. E neste tempo não é mais possível uma troca, não se tem mais o recurso de se tornar algo diferente, não existe o porvir. Contudo, neste real há sempre uma possibilidade imaginária, que permite ver-se como se gostaria, que permite aí identificar-se e amar-se. "O mais importante e bonito, do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam" (Guimarães Rosa).