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Psicanálise e Behaviorismo

Psicanálise e Behaviorismo representam abordagens opostas na psicologia: a Psicanálise (Freud) foca no inconsciente, vendo o ser humano como impulsionado por pulsões e conflitos internos, e busca a mudança através do entendimento e elaboração do material reprimido. Em franco contraste, o Behaviorismo (Watson, Skinner) rejeita o inconsciente, tratando a mente como uma "caixa preta" e concentrando-se apenas no comportamento observável; ele defende que o comportamento é determinado pelo ambiente e aprendido através de condicionamento (reforços e punições), buscando a mudança pela modificação direta dessas respostas observáveis. Em essência, a Psicanálise vê a causa do comportamento internamente (no psiquismo), enquanto o Behaviorismo a vê externamente (no ambiente).

Prezado(a) Abimael,

Excelente síntese da oposição epistemológica entre as duas escolas. Sua definição de que a Psicanálise vê a causa do comportamento internamente (no psiquismo) e o Behaviorismo a vê externamente (no ambiente) é o cerne da questão.

Gostaria de complementar sua análise focando na função do Ego dentro da metapsicologia freudiana.

Se o Behaviorismo se concentra no comportamento observável, ele está, em essência, olhando apenas para uma parte do que seria o Ego na teoria estrutural, sem considerar sua origem e suas fontes de tensão.

  1. O Ego como Executivo: O Ego é a instância que controla o acesso à ação , mas ele não é autônomo. Ele atua como o executivo da personalidade , buscando integrar as demandas conflitantes do Id, do Superego e do mundo externo.

  2. O Princípio da Realidade: A diferença que o Ego apresenta em relação ao Id é justamente que ele acata o Princípio da Realidade. Este princípio tem o objetivo de adiar a descarga da tensão até que um objeto adequado para satisfação seja encontrado.

  3. A Base Inconsciente: Mesmo sendo a instância que se relaciona com o mundo externo, o Ego possui partes inconscientes. Portanto, a Psicanálise nos mostra que o comportamento externo, mesmo quando adaptado (função do Ego), é influenciado e impulsionado por uma estrutura interna que vai além do observável (o Id, as pulsões e a porção inconsciente do próprio Ego).

Em resumo, a leitura behaviorista perde toda a dinâmica de conflito que coloca o Ego sob constante tensão e que é a verdadeira fonte da complexidade do sujeito.

Qual a sua opinião sobre a dificuldade em conciliar a metodologia empírica behaviorista com a necessidade psicanalítica de lidar com o Inconsciente — uma instância que, por definição, não pode ser dominada pelo pensamento consciente?