Psicanálise e memória
Citação de MARIA DE FATIMA PEREIRA DE JESUS em julho 12, 2025, 1:19 amA memória é fundamental na psicanálise — é por meio dela que o passado inconsciente se manifesta, guia o tratamento e possibilita a transformação. Aqui estão os principais aspectos:
. Memória, Repressão e Repetição
Freud estabeleceu que os conteúdos mentais reprimidos não “desaparecem” — eles se repetem na vida e na terapia (compulsão à repetição). A tarefa do analista é transformar essa repetição em lembrança consciente, ou seja, “converter repetir em lembrar”.
O processo de “lembrar, repetir e elaborar” (1914) é central: os pacientes encenam padrões repetitivos até trazê-los à memória e compreendê-los .
Sistemas de memória – emoção vs conteúdo
Freud concebia a memória como estratificada: emoções e conteúdos podem ser acessados separadamente. Um paciente pode sentir algo sem lembrar exatamente o que o provoca (como esquecimento de nome ou sensação de bloqueio) .
A psicanálise também reconhece memórias implícitas (procedimentais), que influenciam o comportamento sem estarem na consciência e podem ser simbolizadas em sonhos e atos simbólicos
Memória Substitutiva e Tela (Screen Memory)
Freud descreveu as “memórias-tela”: lembranças distorcidas e benignas que encobrem experiências mais traumáticas ou carregadas — elas disfarçam conflitos inconscientes .
Trauma, Memória e Verdade Psíquica
Memórias traumáticas frequentemente resistem à recordação — podem estar encapsuladas, distorcidas ou aparecer como corpo estranho na rede psíquica. O analista ajuda a reconstruir essas memórias, permitindo uma integração emocional e cognitiva.
A busca pela “verdade psíquica” não depende da exatidão histórica, mas de reconstruir o sentido emocional e o impacto desse conteúdo sobre a vida atual do paciente .
Amnésia Infantil e “Nachträglichkeit”
Freud usava a ideia de amnésia infantil (infantile amnesia) como exemplo de repressão das primeiras experiências psicossexuais
O conceito de “Nachträglichkeit” (posterioridade) mostra que memórias são restituídas ou atribuem sentido retroativamente, moldadas pelos eventos posteriores.
Mudanças na prática psicanalítica
A psicanálise contemporânea reconhece tanto a abordagem arqueológica (trazendo memórias explícitas) quanto a transformação através da transgressão emocional no setting terapêutico (“memória sem recordação”) .
O que traz alívio não é somente recordar fatos, mas reprocessar padrões afetivos e formas de vínculo, identificáveis mesmo sem detalhes conscientes — como aponta um analista em Reddit:
A psicanálise trabalha com a memória como canal de acesso ao inconsciente. Seu uso terapêutico envolve:
Trazer ao consciente conteúdos reprimidos,
Reprocessar emoções via transferência,
Reconstruir sentido e narrativa emocional, não necessariamente literal,
Integrar fragmentos traumáticos, criando coerência entre passado e presente.
Em essência
A memória, especialmente aquela encoberta ou distorcida, é a via de entrada para desejos ocultos e traumas não processados.
O trabalho analítico visa elaborar e transformar essas memórias — dando ao paciente novas formas de relação consigo mesmo e com os outros, hoje.
A memória é fundamental na psicanálise — é por meio dela que o passado inconsciente se manifesta, guia o tratamento e possibilita a transformação. Aqui estão os principais aspectos:
. Memória, Repressão e Repetição
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Freud estabeleceu que os conteúdos mentais reprimidos não “desaparecem” — eles se repetem na vida e na terapia (compulsão à repetição). A tarefa do analista é transformar essa repetição em lembrança consciente, ou seja, “converter repetir em lembrar”.
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O processo de “lembrar, repetir e elaborar” (1914) é central: os pacientes encenam padrões repetitivos até trazê-los à memória e compreendê-los .
Sistemas de memória – emoção vs conteúdo
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Freud concebia a memória como estratificada: emoções e conteúdos podem ser acessados separadamente. Um paciente pode sentir algo sem lembrar exatamente o que o provoca (como esquecimento de nome ou sensação de bloqueio) .
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A psicanálise também reconhece memórias implícitas (procedimentais), que influenciam o comportamento sem estarem na consciência e podem ser simbolizadas em sonhos e atos simbólicos
Memória Substitutiva e Tela (Screen Memory)
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Freud descreveu as “memórias-tela”: lembranças distorcidas e benignas que encobrem experiências mais traumáticas ou carregadas — elas disfarçam conflitos inconscientes .
Trauma, Memória e Verdade Psíquica
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Memórias traumáticas frequentemente resistem à recordação — podem estar encapsuladas, distorcidas ou aparecer como corpo estranho na rede psíquica. O analista ajuda a reconstruir essas memórias, permitindo uma integração emocional e cognitiva.
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A busca pela “verdade psíquica” não depende da exatidão histórica, mas de reconstruir o sentido emocional e o impacto desse conteúdo sobre a vida atual do paciente .
Amnésia Infantil e “Nachträglichkeit”
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Freud usava a ideia de amnésia infantil (infantile amnesia) como exemplo de repressão das primeiras experiências psicossexuais
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O conceito de “Nachträglichkeit” (posterioridade) mostra que memórias são restituídas ou atribuem sentido retroativamente, moldadas pelos eventos posteriores.
Mudanças na prática psicanalítica
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A psicanálise contemporânea reconhece tanto a abordagem arqueológica (trazendo memórias explícitas) quanto a transformação através da transgressão emocional no setting terapêutico (“memória sem recordação”) .
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O que traz alívio não é somente recordar fatos, mas reprocessar padrões afetivos e formas de vínculo, identificáveis mesmo sem detalhes conscientes — como aponta um analista em Reddit:
A psicanálise trabalha com a memória como canal de acesso ao inconsciente. Seu uso terapêutico envolve:
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Trazer ao consciente conteúdos reprimidos,
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Reprocessar emoções via transferência,
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Reconstruir sentido e narrativa emocional, não necessariamente literal,
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Integrar fragmentos traumáticos, criando coerência entre passado e presente.
Em essência
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A memória, especialmente aquela encoberta ou distorcida, é a via de entrada para desejos ocultos e traumas não processados.
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O trabalho analítico visa elaborar e transformar essas memórias — dando ao paciente novas formas de relação consigo mesmo e com os outros, hoje.