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psicologia social

Se analisarmos a Psicologia com mais profundidade, será possível identificar as ideologias que embasam tanto as matrizes românticas e pós-românticas quanto as cientificistas. Nas duas primeiras, "(...) essas ideologias legitimam o retraimento do sujeito sobre si mesmo (...)" (Figueiredo, 1991, p.38); na ultima, a Psicologia deve ser útil aos esquemas de controle social. Isso significa que, através da Psicologia aplicada na maioria das clinicas tradicionais, estamos ajudando a sustentar a ordem vigente em nossa sociedade. A partir dessas ideologias, o indivíduo é visto ora como um ser totalmente livre e dono de si, ora como o único responsável pelo seu sucesso, independentemente do contexto social em que está inserido. Dessa forma, " se não é rico e não consegue o que quer, a culpa é dele mesmo, pois não se esforçou para conseguir". Portanto, aderir a esses conceitos de Psicologia significa reafirmar aquela velha mentira do liberalismo, a de que todos são livres e com iguais oportunidades de sucesso, pois "basta querer". Figueiredo(ibid) chega a afirmar que as ideologias que sustentam as matrizes românticas e pós-românticas são consideradas pararreligiosas e "(...) no altar desta nova religião está colocado o "indivíduo", a "liberdade" e outras imagens do gênero (...)" (p.38). Portanto, os princípios pregados nessa nova "religião" se transformam em dogmas a serem seguidos sem serem questionados. Essas práticas tornam-se ainda mais alienadas quando as matrizes cientificistas querem mostrar que a Psicologia pode ser útil à ideologia vigente em nossa sociedade. De acordo com Figueiredo (idem) "(...) um dos focos mais antigos e constantes da pesquisa psicológica tem sido a elaboração de técnicas (...)" (p.31), essas, por serem consideradas científicas, justificam o sistema opressor da atualidade. O mesmo ocorre quando as matrizes românticas e pós-românticas pregam que a própria escravidão é uma opção do sujeito. Portanto, "se tudo depende de mim, eu não preciso mais me preocupar com o outro e com a mudança social", e isso também significa legitimar que a sociedade precisa continuar como está. Essa mesma visão de Psicologia e de Homem é questionada por Ana Bock em seu artigo "Quem é o Homem na Psicologia?" quando afirma que "(...) a ênfase no indivíduo nos leva a perda total de condições de nos compreendermos." (Bock, 1997, p.07). Portanto, identificar as ideologias presentes nessas matrizes é pressuposto fundamental para enxergarmos além das aparências. No mais, para compreendermos que, muitas vezes, estar aplicando técnicas "fechado em um consultório" não resolverá o problema de nosso paciente, e isso ocorre devido ao problema não estar apenas nele, mas, também, no contexto social em que está inserido. Assim, é preciso "derrubar" as paredes do "consultório do isolamento e do egoísmo", propondo, assim, uma Psicologia comprometida com a transformação social e humana.