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Reflexão sobre o sujeito da imagem

Nesta unidade, abordou-se a constituição psíquica do sujeito a partir da imagem e da identificação com o outro, ideias de Lacan. Essa foi uma discussão interessantíssima: além de explicitar a sabida importância das figuras de referência iniciais – mãe e pai nos cuidados da criança –, foi possível compreendê-la com um olhar ainda mais crítico: o “empréstimo” que tomamos dessas figuras que possibilita nos reconhecermos como alguém, como um corpo vivo, ainda que inicialmente um pseudo-sujeito pintado numa imagem no estádio do espelho. Portanto, a partir dessa visão, compreendemos a essencialidade do que é o traço humano: a dependência do Outro para nossa formação, base que nos faz essencialmente (e para sempre) sociais.

Uma outra discussão muito profícua foi a apresentada no material complementar. A partir do episódio White Bear, do seriado Black Mirror, os autores do artigo propõem uma reflexão muito pertinente sobre a permanência ou impermanência desse fenômeno que funda a psique humana. Será que nós, sujeitos constituídos como espelho dos outros, poderemos um dia escapar das determinações alheias dessas imagens? Se somos reflexos dos outros, estamos condenados a repeti-los, causando-nos culpa e punição se caso nos desviar desses padrões ou molduras? Esse debate é fundamental pois nos leva à consideração do papel do livre arbítrio (da formação do Sujeito – Je) e do mecanismo social ao qual estaremos sempre submetidos por causa dessas identificações iniciadas primeiro com o desejo da mãe, depois com a imposição da lei paterna, resultando na simbolização do nome do pai – dispositivo que orientará nossa vida permanentemente a fim de que possamos viver em sociedade.

A conclusão é que, se de um lado somos seres formados pelo desejo e de desejos, por outro, não podemos realizá-los por completo porque vivemos num coletivo de sujeitos, de outros desejos e de leis limites por onde se organizam os espaços para o singular, o plural e o comum. Felizes seremos quando conseguirmos realizar, apesar de talhados, porções suficientes deles. Somos seres retalhados, mas será que poderia ser diferente? O ser humano conseguiria identificar a satisfação sem contornos? O quanto seria o bastante no infinito?

Debora Menezes, Martha Francisca Maldonado Baena da Silva Haddad and Denise Vargas Barboza Ferreira have reacted to this post.
Debora MenezesMartha Francisca Maldonado Baena da Silva HaddadDenise Vargas Barboza Ferreira