Sair da Matrix
Citação de ADÉRICA YNIS FERREIRA CAMPOS em agosto 13, 2025, 12:58 pm"Matrix" (1999), dirigido pelas irmãs Wachowski, é um filme de ficção científica que segue a história de Neo, um hacker interpretado por Keanu Reeves, que descobre que a realidade que ele conhece não passa de uma simulação virtual controlada por máquinas. Após ser contatado por Morpheus (Laurence Fishburne), um líder de uma resistência humana, Neo é introduzido ao mundo real e se vê envolvido em uma batalha pela liberdade da humanidade. O filme explora temas de realidade virtual, controle mental e libertação, enquanto Neo começa a questionar sua própria existência e descobre seu papel como o "Escolhido", destinado a destruir o domínio das máquinas e liberar a humanidade da Matrix. Com cenas de ação inovadoras e efeitos especiais revolucionários, "Matrix" tornou-se um marco no gênero de ficção científica e um ícone da cultura pop.
Por falar em Matrix, vale analisar as principais matrizes teóricas da psicologia social, que remontam às ideias de representações coletivas de Durkheim e de Moscovici, à teoria das mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl e à visão psicanalítica de Freud das massas e de inconsciente coletivo de Jung.
As representações coletivas são um conceito central na obra de Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia. Ele desenvolveu essa ideia para explicar como os indivíduos em uma sociedade compartilham um conjunto de símbolos, significados e crenças que moldam suas ações e percepções do mundo. Essas representações são fundamentais para a coesão social e para a organização das sociedades. Representações coletivas são sistemas de crenças, símbolos e ideias que são compartilhadas por um grupo social. Elas não são apenas as ideias ou crenças de um indivíduo, mas algo que é construído e mantido por uma coletividade. Durkheim argumenta que essas representações têm um poder social significativo. Elas moldam a maneira como os indivíduos pensam, sentem e agem, fornecendo uma estrutura comum para a compreensão do mundo e para a interação social.
Segundo Moscovici representações sociais são formas de conhecimento socialmente compartilhadas que ajudam os indivíduos a entender e a organizar a realidade social. Elas são construídas através da interação e da comunicação com outras pessoas dentro de um contexto cultural e social. Moscovici propõe que as representações sociais surgem da interação social e da necessidade de dar sentido à realidade. Elas ajudam as pessoas a interpretar o que ocorre em seu ambiente social, dando um significado comum a situações, objetos, pessoas ou eventos. Moscovici afirma que as representações sociais surgem de um processo de integração e transformação de informações novas, que são incorporadas ao saber coletivo. As pessoas pegam informações da realidade social (como notícias, experiências, discursos) e as transformam de acordo com os valores e normas culturais de seu grupo social.
Lévy-Bruhl era um antropólogo funcionalista, ou seja, ele acreditava que os aspectos da cultura de uma sociedade (como crenças, práticas e formas de pensar) devem ser entendidos dentro do contexto de como funcionam em sua própria realidade social e histórica. Sua teoria das mentalidades primitivas foi formulada em um momento em que o entendimento das culturas não ocidentais era predominantemente marcado por um eurocentrismo. A ideia de que as sociedades "primitivas" possuíam formas de pensamento muito diferentes das "sociedades civilizadas" refletia um modelo evolucionista da história humana. Lévy-Bruhl argumentava que, nas culturas chamadas primitivas, o pensamento não era estruturado de forma lógica e coerente, como nas sociedades modernas. Ele descrevia o pensamento desses povos como sendo misturado e pré-lógico, o que significa que as crenças e práticas religiosas, mitológicas e rituais não eram vistas de forma separada da realidade cotidiana. Em vez de fazer uma distinção clara entre a fantasia e a realidade, as pessoas em sociedades primitivas tendem a unir o mundo físico e o mundo espiritual em suas interpretações. Uma das ideias centrais da teoria de Lévy-Bruhl era o conceito de participação mística. Para ele, as sociedades primitivas possuíam uma mentalidade que não via a separação entre o sujeito e o objeto. Nesse tipo de pensamento, o ser humano estava intimamente ligado à natureza e aos elementos que a compunham. Não havia uma distinção clara entre o mundo humano e o mundo natural ou sobrenatural.
Segundo a teoria das massas de Freud em uma massa, o Eu (ou ego) do indivíduo, que normalmente serve para regular os impulsos e emoções de maneira racional e controlada, tende a perder sua autonomia. O indivíduo na massa se identifica com o grupo e passa a agir sob uma condução inconsciente, muitas vezes sem o controle consciente do seu comportamento. Esse fenômeno ocorre porque, em um grupo, os membros se sentem unidos por uma identificação comum, o que pode ter um efeito de dissolução do ego individual. Nesse estado, os impulsos instintivos (como agressividade e desejo de poder) podem se manifestar com mais intensidade, sem as restrições normais da civilização.
O conceito de inconsciente coletivo de Jung consiste na camada da psique humana que contém experiências e imagens universais, arquetípicas, que são comuns a todos os seres humanos, independentemente de sua cultura, origem ou época. Essas imagens não são adquiridas ao longo da vida de uma pessoa, mas são herdadas de nossos ancestrais, sendo parte do nosso patrimônio psicológico universal. Em outras palavras, o inconsciente coletivo não é fruto das experiências pessoais de uma pessoa, mas sim um depósito de memórias coletivas que provêm da história evolutiva da humanidade, contidas em símbolos e arquétipos que se manifestam em sonhos, mitos, religiões e outras expressões culturais.
Após a análise de todas essas teorias que fundamentam a psicologia social, conclui-se que a sociedade cria narrativas coletivas que moldam a compreensão do mundo (como o capitalismo, a moralidade tradicional, a competitividade, a cultura de consumo etc.). Desconstruir essas narrativas envolve um trabalho contínuo de reflexão crítica e de criação de novas formas de significado para a vida. Por exemplo, a ideia de que a felicidade depende de bens materiais ou de sucesso social pode ser desconstruída em favor de uma visão mais holística de bem-estar, que inclui a conexão com os outros, a natureza, e o autoconhecimento. Para sair da Matrix, é necessário questionar essas narrativas e perceber como elas limitaram nossas possibilidades de imaginação e ação.
"Matrix" (1999), dirigido pelas irmãs Wachowski, é um filme de ficção científica que segue a história de Neo, um hacker interpretado por Keanu Reeves, que descobre que a realidade que ele conhece não passa de uma simulação virtual controlada por máquinas. Após ser contatado por Morpheus (Laurence Fishburne), um líder de uma resistência humana, Neo é introduzido ao mundo real e se vê envolvido em uma batalha pela liberdade da humanidade. O filme explora temas de realidade virtual, controle mental e libertação, enquanto Neo começa a questionar sua própria existência e descobre seu papel como o "Escolhido", destinado a destruir o domínio das máquinas e liberar a humanidade da Matrix. Com cenas de ação inovadoras e efeitos especiais revolucionários, "Matrix" tornou-se um marco no gênero de ficção científica e um ícone da cultura pop.
Por falar em Matrix, vale analisar as principais matrizes teóricas da psicologia social, que remontam às ideias de representações coletivas de Durkheim e de Moscovici, à teoria das mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl e à visão psicanalítica de Freud das massas e de inconsciente coletivo de Jung.
As representações coletivas são um conceito central na obra de Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia. Ele desenvolveu essa ideia para explicar como os indivíduos em uma sociedade compartilham um conjunto de símbolos, significados e crenças que moldam suas ações e percepções do mundo. Essas representações são fundamentais para a coesão social e para a organização das sociedades. Representações coletivas são sistemas de crenças, símbolos e ideias que são compartilhadas por um grupo social. Elas não são apenas as ideias ou crenças de um indivíduo, mas algo que é construído e mantido por uma coletividade. Durkheim argumenta que essas representações têm um poder social significativo. Elas moldam a maneira como os indivíduos pensam, sentem e agem, fornecendo uma estrutura comum para a compreensão do mundo e para a interação social.
Segundo Moscovici representações sociais são formas de conhecimento socialmente compartilhadas que ajudam os indivíduos a entender e a organizar a realidade social. Elas são construídas através da interação e da comunicação com outras pessoas dentro de um contexto cultural e social. Moscovici propõe que as representações sociais surgem da interação social e da necessidade de dar sentido à realidade. Elas ajudam as pessoas a interpretar o que ocorre em seu ambiente social, dando um significado comum a situações, objetos, pessoas ou eventos. Moscovici afirma que as representações sociais surgem de um processo de integração e transformação de informações novas, que são incorporadas ao saber coletivo. As pessoas pegam informações da realidade social (como notícias, experiências, discursos) e as transformam de acordo com os valores e normas culturais de seu grupo social.
Lévy-Bruhl era um antropólogo funcionalista, ou seja, ele acreditava que os aspectos da cultura de uma sociedade (como crenças, práticas e formas de pensar) devem ser entendidos dentro do contexto de como funcionam em sua própria realidade social e histórica. Sua teoria das mentalidades primitivas foi formulada em um momento em que o entendimento das culturas não ocidentais era predominantemente marcado por um eurocentrismo. A ideia de que as sociedades "primitivas" possuíam formas de pensamento muito diferentes das "sociedades civilizadas" refletia um modelo evolucionista da história humana. Lévy-Bruhl argumentava que, nas culturas chamadas primitivas, o pensamento não era estruturado de forma lógica e coerente, como nas sociedades modernas. Ele descrevia o pensamento desses povos como sendo misturado e pré-lógico, o que significa que as crenças e práticas religiosas, mitológicas e rituais não eram vistas de forma separada da realidade cotidiana. Em vez de fazer uma distinção clara entre a fantasia e a realidade, as pessoas em sociedades primitivas tendem a unir o mundo físico e o mundo espiritual em suas interpretações. Uma das ideias centrais da teoria de Lévy-Bruhl era o conceito de participação mística. Para ele, as sociedades primitivas possuíam uma mentalidade que não via a separação entre o sujeito e o objeto. Nesse tipo de pensamento, o ser humano estava intimamente ligado à natureza e aos elementos que a compunham. Não havia uma distinção clara entre o mundo humano e o mundo natural ou sobrenatural.
Segundo a teoria das massas de Freud em uma massa, o Eu (ou ego) do indivíduo, que normalmente serve para regular os impulsos e emoções de maneira racional e controlada, tende a perder sua autonomia. O indivíduo na massa se identifica com o grupo e passa a agir sob uma condução inconsciente, muitas vezes sem o controle consciente do seu comportamento. Esse fenômeno ocorre porque, em um grupo, os membros se sentem unidos por uma identificação comum, o que pode ter um efeito de dissolução do ego individual. Nesse estado, os impulsos instintivos (como agressividade e desejo de poder) podem se manifestar com mais intensidade, sem as restrições normais da civilização.
O conceito de inconsciente coletivo de Jung consiste na camada da psique humana que contém experiências e imagens universais, arquetípicas, que são comuns a todos os seres humanos, independentemente de sua cultura, origem ou época. Essas imagens não são adquiridas ao longo da vida de uma pessoa, mas são herdadas de nossos ancestrais, sendo parte do nosso patrimônio psicológico universal. Em outras palavras, o inconsciente coletivo não é fruto das experiências pessoais de uma pessoa, mas sim um depósito de memórias coletivas que provêm da história evolutiva da humanidade, contidas em símbolos e arquétipos que se manifestam em sonhos, mitos, religiões e outras expressões culturais.
Após a análise de todas essas teorias que fundamentam a psicologia social, conclui-se que a sociedade cria narrativas coletivas que moldam a compreensão do mundo (como o capitalismo, a moralidade tradicional, a competitividade, a cultura de consumo etc.). Desconstruir essas narrativas envolve um trabalho contínuo de reflexão crítica e de criação de novas formas de significado para a vida. Por exemplo, a ideia de que a felicidade depende de bens materiais ou de sucesso social pode ser desconstruída em favor de uma visão mais holística de bem-estar, que inclui a conexão com os outros, a natureza, e o autoconhecimento. Para sair da Matrix, é necessário questionar essas narrativas e perceber como elas limitaram nossas possibilidades de imaginação e ação.