Sobre os princípios da imagem pessoal
A imagem pessoal está intrinsecamente ligada à formação do próprio eu e à relação com o outro.
A imagem pessoal adulta, carrega resquícios do processo inaugural visto na fase da primeira infância (entre 6 e 18 meses) onde o bebê se reconhece em sua própria imagem no espelho ou, na imagem que o outro (a mãe ou cuidador) lhe devolve.
Essa imagem no adulto (inaugurada como eu ideal na infância) se torna um reflexo das nossas tentativas incessantes de atingir esse Eu ideal imaginário. O que mostramos ao mundo é uma elaboração, muitas vezes inconsciente, da maneira como gostaríamos de ser vistos, misturada às defesas que criamos para proteger nossa vulnerabilidade. A imagem que apresentamos é uma projeção que busca reconhecimento e confirmação do outro, replicando a dinâmica do espelho. Ela não é apenas uma "fachada", mas uma complexa negociação entre o que somos, o que pensamos ser, o que gostaríamos de ser e como acreditamos que somos percebidos. É um jogo constante de identificações e projeções, onde o inconsciente dita grande parte das regras.
Assunto interessante esse!
A imagem pessoal é algo muito forte, intrínseco ao ser. Fiquei perplexa com a história do garoto adotado que, desde o nascer até o 1º ano de vida estava em orfanato, e era chamado de Renato. E quando foi adotado, os pais lhe deram outro nome. Ao crescer, a criança era fissurada com a letra R e ninguém sabia o porquê. Na verdade, estava lá, desde o ínicio, a criança, mesmo bebê, identificando a sua imagem por Renato, e a mudança de nome posterior não excluiu essa imagem inconsciente formada desde o princípio.