As tentativas de representar o Real
Citação de PATRICIA GROSSI em março 10, 2025, 6:26 pmA Psicanálise, especialmente como Lacan, organizou a experiência humana em três registros: O Imaginário, ligado à percepção e às ilusões; O Simbólico, ligado à linguagem e às regras; e O Real, aquilo que escapa à representação.
Os pesquisadores Lúcia Santaella e Winfried Noth analisaram como as imagens foram compreendidas ao longo da história e propuseram três paradigmas da imagem: o Pré-Fotográfico; o Fotográfico; e o Pós-Fotográfico.
Agora, será apresentada uma relação desses três paradigmas da imagem para interpretar a imagem como representação ou aproximação do real.
1 - Paradigma Pré-Fotográfico - Registro do Imaginário - Neste período, as imagens eram construções mentais ou artísticas, muitas vezes idealizadas. O registro do imaginário, segundo Lacan, é onde formamos ilusões sobre nós mesmos e o mundo. Exemplo: retratos pintados da realeza mostravam os reis como figuras perfeitas e poderosas, escondendo suas fraquezas. Assim como no Imaginário, a verdade não importava tanto quanto a aparência. A interpretação da imagem aqui é uma fantasia, uma ilusão, mais próxima da imaginação do que da realidade.
2 - Paradigma Fotográfico - Registro Simbólico - A fotografia trouxe a ideia de que a imagem poderia ser um reflexo da verdade. Isso se relaciona ao Simbólico, pois passamos a confiar na imagem como parte de um discurso estruturado. Exemplo: uma foto de um casamento pode simbolizar felicidade e união, mas não mostra conflitos ou sentimentos ocultos. Assim como no Simbólico, a imagem ganha sentido dentro de um sistema (cultura, linguagem, convenções). A interpretação da imagem aqui é uma representação simbólica, estruturada por significados e contextos, mas ainda não atinge o Real.
3 - Paradigma Pós-Fotográfico - Registro do Real - Hoje, as imagens são manipuladas e desconectadas da realidade, criando crises de identidade e percepção. O registro do Real, segundo Lacan, é aquilo que não pode ser completamente representado. Exemplo: deep fakes, avatares de IA mostram rostos que parecem reais, mas não existem. Isso cria um desconforto porque toca no Real - aquilo que não conseguimos nomear ou compreender totalmente. A interpretação da imagem aqui não é mais uma simples representação, mas uma aproximação do real que, paradoxalmente, nos afasta dele. Quando mais tentamos capturar o real, mais ele escapa.
A imagem nunca é o Real em si, mas uma tentativa de representá-lo. No pré-fotográfico, ela é uma ilusão; no fotográfico, ela é um símbolo estruturado; no pós-fotográfico, tenta tocar o real, mas se perde na manipulação. A Psicanálise no ensina que, por mais que tentemos fixar uma verdade na imagem, sempre há algo que escapa - e é justamente esse "não dito" que nos fascina e inquieta.
A Psicanálise, especialmente como Lacan, organizou a experiência humana em três registros: O Imaginário, ligado à percepção e às ilusões; O Simbólico, ligado à linguagem e às regras; e O Real, aquilo que escapa à representação.
Os pesquisadores Lúcia Santaella e Winfried Noth analisaram como as imagens foram compreendidas ao longo da história e propuseram três paradigmas da imagem: o Pré-Fotográfico; o Fotográfico; e o Pós-Fotográfico.
Agora, será apresentada uma relação desses três paradigmas da imagem para interpretar a imagem como representação ou aproximação do real.
1 - Paradigma Pré-Fotográfico - Registro do Imaginário - Neste período, as imagens eram construções mentais ou artísticas, muitas vezes idealizadas. O registro do imaginário, segundo Lacan, é onde formamos ilusões sobre nós mesmos e o mundo. Exemplo: retratos pintados da realeza mostravam os reis como figuras perfeitas e poderosas, escondendo suas fraquezas. Assim como no Imaginário, a verdade não importava tanto quanto a aparência. A interpretação da imagem aqui é uma fantasia, uma ilusão, mais próxima da imaginação do que da realidade.
2 - Paradigma Fotográfico - Registro Simbólico - A fotografia trouxe a ideia de que a imagem poderia ser um reflexo da verdade. Isso se relaciona ao Simbólico, pois passamos a confiar na imagem como parte de um discurso estruturado. Exemplo: uma foto de um casamento pode simbolizar felicidade e união, mas não mostra conflitos ou sentimentos ocultos. Assim como no Simbólico, a imagem ganha sentido dentro de um sistema (cultura, linguagem, convenções). A interpretação da imagem aqui é uma representação simbólica, estruturada por significados e contextos, mas ainda não atinge o Real.
3 - Paradigma Pós-Fotográfico - Registro do Real - Hoje, as imagens são manipuladas e desconectadas da realidade, criando crises de identidade e percepção. O registro do Real, segundo Lacan, é aquilo que não pode ser completamente representado. Exemplo: deep fakes, avatares de IA mostram rostos que parecem reais, mas não existem. Isso cria um desconforto porque toca no Real - aquilo que não conseguimos nomear ou compreender totalmente. A interpretação da imagem aqui não é mais uma simples representação, mas uma aproximação do real que, paradoxalmente, nos afasta dele. Quando mais tentamos capturar o real, mais ele escapa.
A imagem nunca é o Real em si, mas uma tentativa de representá-lo. No pré-fotográfico, ela é uma ilusão; no fotográfico, ela é um símbolo estruturado; no pós-fotográfico, tenta tocar o real, mas se perde na manipulação. A Psicanálise no ensina que, por mais que tentemos fixar uma verdade na imagem, sempre há algo que escapa - e é justamente esse "não dito" que nos fascina e inquieta.