Compreender a nossa relação com o Real
Na medida que avançamos nos estudos podemos confirmar a presença intrínseca da subjetividade em nossa forma de enxergar o mundo e cómo nos relacionamos com ele. O que chamamos de realidade é uma conjunção do registro simbólico e o imaginário descritos por Lacan, ou seja tudo o que constitui uma linguagem, uma forma convencional e construída culturalmente pela sociedade, somado a nossa interpretação do mundo: das imagens, dos acontecimentos e de outras pessoas também, elaboração feita por meio de um processo interno inconsciente que relaciona todas as experiências vividas e os afetos associados a elas, o que forma parte também da constituição de nossa identidade. Essa realidade que nos atravessa é na verdade uma ilusão que gera em nós alguns desconfortos, sendo estes parte do que sim é Real. Atualmente, a presença da linguagem imagética como dominando todas as áreas (política, artística, comunicacional, laboral, social, etc.) e sendo accessível através da tecnologia por todos os sujeitos que podem ser criadores quanto consumidores desta ferramenta, podendo ser colocada em diferentes situações e contextos livres de ser regulamentados, deixa exposta a ideia de que tudo o que percebemos como realidade é uma ilusão composta das relações analisadas nos paradigmas da imagem e os vínculos que existem entre os signos, objetos e interpretantes no estudo da semiótica. Por tal motivo muitos de esses desconfortos que nos angustiam hoje tem sua base nessa confusão de não poder discernir com clareza o que é real do que é realidade.