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Desafio - Módulo IV

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Porque a possibilidade de ser mais assertivo com relação ao tratamento aumenta grandemente. A visão horizontal das possibilidades de abordagem facilitam para ambos envolvidos e trás  confiança de um método a partir do estudo do caso. A verdade é que nos nossos dias há muitas ferramentas , métodos e pontos de vista, então discutir sobre o que pode ser possível para cada caso me parece minimamente cuidadoso e ético  da parte do profissional.

Porque ao reconhecer o usuário e o profissional como sujeitos ativos e igualmente importantes na relação, valoriza-se o diálogo, o respeito mútuo e a escuta, criando um espaço onde ambos contribuem igualmente para o cuidado, permitindo uma relação mais equilibrada, empática e horizontal.

A sociedade está em evolução constante, desde os tempos remotos até a atualidade não exclusivamente pela tecnologia, mas pelas relações. Quer sejam relações de afeto, diplomacia ou comerciais, o atual momento é caracterizada pela cooperação mútua entre as pessoas. Quem poderia imaginar que um arquivo salvo em um computador pudesse (e precisasse) ser compartilhado com outros? E esse compartilhamento não é pura e simplesmente para que a posse de um documento seja de outrem, mas para que haja contribuição. De maneira análoga, em uma sala de aula por exemplo, o modelo professor e fileira de carteiras tende a viver seus últimos anos e mostra-se como caminho a participação mais ativa de alunos do que propriamente do professor. De maneira semelhante, o mix de experiências vivenciadas e experiências condicionadas (por uma parte ou por outra) busca a construção e edificação da base do cuidado.

A proposta de uma abordagem horizontalizada no cuidado em saúde, pautada na psicanálise, sustenta-se em três eixos teórico-clínicos centrais:

  1. Reconhecimento do Sujeito do Inconsciente (Lacan, 1953):
    A psicanálise postula que todo usuário é um sujeito desejante, cujas demandas de saúde estão atravessadas por sua história singular e dinâmicas inconscientes. Ao considerar o vínculo profissional-usuário como espaço de enunciação (e não apenas de intervenção técnica), rompe-se com a lógica vertical do "saber médico" absoluto. Isso ecoa o princípio freudiano de que "o paciente sabe mais do que supõe" (Freud, 1912), exigindo escuta analítica mesmo em contextos não-clínicos.
  2. Transferência como Ferramenta de Cuidado (Winnicott, 1965):
    A relação terapêutica no SUS pode operar como "ambiente suficientemente bom" quando reconhece a transferência – projeção de afetos do usuário sobre o profissional. Uma postura horizontal permite que essa dinâmica seja trabalhada como ferramenta, não como obstáculo. Exemplo: a resistência do paciente à adesão terapêutica pode ser lida como sinal de conflitos inconscientes, não como "falha comportamental".
  3. Ética do Desamparo (Figueiredo, 2004):
    A horizontalidade pressupõe aceitar a condição de desamparo (Hilflosigkeit) constitutiva do humano (Freud, 1895). O profissional, ao se colocar como parceiro (não detentor de onipotência), viabiliza um cuidado que:

    • Evita a medicalização da existência (redução do sujeito a sintomas);
    • Favorece a construção compartilhada de sentidos para o adoecimento.

Dados empíricos: Pesquisas em Saúde Mental Coletiva (Campos, 2000) demonstram que serviços que adotam essa perspectiva têm maior efetividade em casos complexos (ex.: usuários com sofrimento psíquico crônico), pois:

  • Reduzem repetições iatrogênicas (ex.: internações desnecessárias);
  • Potencializam a autonomia (não no sentido liberal, mas como autorização subjetiva).

A horizontalização, na perspectiva psicanalítica, não é mera "gentileza" – é condição para um cuidado eticamente fundamentado e clinicamente eficaz. Ela transforma o espaço de saúde em lugar de fala, onde o usuário pode ressignificar seu sofrimento para além do modelo biomédico reducionista.

Referências:

  • FREUD, S. "Recomendações aos Médicos que Exercem a Psicanálise" (1912).
  • LACAN, J. "Função e Campo da Fala e da Linguagem" (1953).
  • WINNICOTT, D. "O Ambiente e os Processos de Maturação" (1965).
  • CAMPOS, G. "Saúde Paidéia" (2000).

Diante de um quadro de cuidado de um paciente que não se tenha chegado a um diagnóstico, se faz necessário uma junta avaliativa com outros profissionais de saúde. Dessa forma, podemos concluir como equipe a melhor forma de cuidado com esse paciente.

O vínculo entre o paciente e o profissional permite a criação de uma relação de confiança para a fala e escuta, base da psicanálise. É importante que o ambiente seja propício para encorajar o paciente a se mostrar como sujeito e permitir que os símbolos de seu inconsciente se manifestem, para que o profissional possa interpretá-los, como fenômenos psíquicos que são, a partir da escuta clínica. É importante o ambiente adequado à emergência do sujeito do inconsciente.

Nesse caso é necessário um olhar holistico, do profissional,  é preciso se atentar para todas as questões do paciente desde o ambiente (fisico), a saúde do corpo, o emocional e até mesmo o espirtual, pois o ser humano é um ser integral, um individuo, e essa palavra vem de indivisivel, ou seja, aquilo que não se separa, não tem como olhar somente para um parte, se faz necesário olhar o todo. e da mesma forma o usuário precisa encontrar nesses espaços um acolhimento, para que assim possa ser desenvolvido uma troca entre profissioanl e usuário.

O acesso a uma saúde digna, precisa ser pra todos. Até mesmo porque a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.

Uma proposição que considera os vínculos entre o usuário e profissional, possibilita a constituição de um espaço horizontal porque rompe com a lógica hierárquica tradicional da saúde, na qual o profissional é visto como detentor exclusivo do saber e o usuário como um receptor passivo de orientações.

Ao adotar uma leitura psicanalítica das relações, compreende-se que o sujeito não é apenas um corpo biológico a ser tratado, mas um ser inserido em um contexto singular, atravessado por experiências, desejos e significados que influenciam diretamente sua saúde. O vínculo entre profissional e usuário torna-se, então, um elemento essencial para a construção do cuidado, pois permite que a escuta qualificada, o acolhimento e a corresponsabilidade sejam valorizados no processo terapêutico.

Essa abordagem possibilita que o cuidado seja construído em conjunto, respeitando as subjetividades e promovendo maior adesão às propostas terapêuticas. Além disso, fortalece a autonomia do usuário, permitindo que ele participe ativamente das decisões sobre sua saúde. Dessa forma, o espaço de atenção torna-se mais humanizado, dialógico e eficaz, favorecendo tanto a promoção da saúde quanto o bem-estar integral dos envolvidos.

(Baseado em informações no modelo do CAPS)

Porque a proposta de cuidado horizontal é multiprofissional onde tratarão o indivíduo de maneira holística e de acordo com a singularidade do paciente.

Exemplo prático de um caso, paciente com diabetes mellitus que apresenta a depressão como comorbidade dessa. No cuidado horizontal haverá:

Médicos: controle de medicação e ajustes

Enfermagem: medição de insulina, entre outras necessidades desse cunho.

Nutricionista: indicara um plano alimentar adaptado e dentro das possibilidades financeiras.

Apoio a saúde mental: suporte emocional de entendimento da nova realidade e aceitação de mudanças. Nessa área onde o profissional psicanalista tem sua contribuição.

 

Do ponto de vista psicanalítico o sujeito não é somente um paciente, mas sim um indivíduo com um passado e uma historia.

Através de uma escuta ativa ele poderá acessar partes do inconsciente que estão em conflito. Identificar o porquê da manifestação corpórea da enfermidade. Motivo esse que se trata (ou pode se tratar) de um conflito que não foi possível ser simbolizado pela linguagem. O corpo expressa aquilo que o sujeito não conseguiu verbalizar. Mas na escuta psicanalítica poderá organizar e trazer um novo significado.

O espaço para uma escuta ativa contextualiza e acolhe o individuo, criando condições de autoconhecimento e entendimentos inconscientes. E isso contribuirá no sucesso do tratamento do paciente. Dessa forma o paciente não recebe um tratamento imposto mas consciente e fará parte ativamente do processo e aderirá muito melhor ao tratamento.

Citando os demais profissionais: o cuidado horizontal completo possibilita um fluxo de informações (pacientes/profissionais) eficiente e eficaz sendo assim de suporte contínuo e dinâmico.

 

No contexto da psicanálise aplicada  à saúde, o cuidado horizontal pressupõe a valorização do usuário como sujeito ativo na construção  do seu processo de saúde e tratamento. Isso significa reconhecer que ele não é apenas um receptor passivo de intervenções, mas alguém que traz sua história, seus desejos e suas resistências para o campo do cuidado.

Na perspectiva psicanalista, o vínculo entre profissional e usuário deve ser construído a partir da escuta ativa e do respeito a cada caso. O profissional  deve ser facilitador do processo terapêutico, oferecendo espaço para o usuário narrar suas experiências e participar ativamente das decisões sobre o seu tratamento. Além disso, deve favorecer um  ambiente  em que ele se sinta compreendido e respeitado. Isso permite que o cuidado seja mais humanizado e eficaz, pois considera não apenas os aspectos clínicos, mas também as dimensões emocionais e subjetivas do processo de saúde.

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