Imagem como representação/aproximação do real
Citação de Cassandra Lúcia de Maya Viana em dezembro 24, 2024, 10:10 pmImagem como aproximação do real
O que torna uma imagem real ou mais ou menos real (no sentido de realidade), não da psicanálise)? Por que uma imagem de um corpo excessivamente magro parece real para muitos, enquanto uma dissimulação para outros? Por que há tanta controvérsia a respeito das imagens fake veiculadas pela mídia?
A imagem é experimentada por meio dos sentidos. No entanto, alguns a percebem como parte socialmente constitutiva, representada pelas pessoas a respeito do mundo. Já outros a percebem como o próprio mundo, como se este existisse, já de antemão, “pronto” para ser observado.
O que se percebe com essas perguntas é que a imagem é uma das formas utilizadas para expressar a realidade e a sua relação com ela. Beccari e Portugal (2013) afirmam que há muitas formas de olhar para o mundo. E isso não diz respeito apenas a uma categorização social, e a contatos com as instituições sociais e políticas, mas também pela própria forma como o olhar se projeta.
O ato de ver é, portanto, fundamental nesse processo e dialoga com os filtros, os julgamentos coletivamente construídos, aos quais poucas vezes as pessoas têm acesso e compreensão consciente. A forma de olhar, isto é, de projetar a visão, interfere também na constituição das pessoas como seres humanos.
Como demonstra o documentário A janela da alma (2014), o ato de ver é profundamente social e subjetivo. Esse documentário serve para demonstrar que a perspectiva sobre si mesmo, sobre o mundo, e sobre os outros ao seu redor, depende das diversas formas de enxergar.
Imagem como construção do real
Pensar a relação entre a imagem e o suposto real, dentro de uma concepção social da realidade leva à reflexão proposta por Mota-Ribeiro e Coelho (2011) sobre a modalidade da imagem. A modalidade da imagem é um aspecto da dimensão interacional, o qual se relaciona com a credibilidade das imagens, no sentido de como a mensagem é construída. Os marcadores visuais das imagens permitem que elas sejam interpretadas como mais ou menos reais, ou seja, como mais ou menos “credíveis”. Uma modalidade elevada remete para o real e uma baixa modalidade, pode indicar apenas a possibilidade de ser real. No entanto, isso não diz respeito necessariamente ao fato de a cena ser representada de forma fantasiosa, pois uma imagem com fantasmas, por exemplo, pode ter uma modalidade elevada caso seja representada como “real”. O autor/produtor da imagem deve usar elementos visuais que possam atribuir credibilidade a ela.
A credibilidade faz parte de uma construção social, coletiva. Os elementos usados para construir uma mensagem visual como real podem ser interpretados de forma diferente por outro grupo social. Assim, enquanto um confere uma modalidade alta àquela mensagem, outros podem atribuir uma modalidade baixa. A credibilidade varia de sociedade para sociedade, uma vez que é culturalmente marcada. Dentro de uma mesma cultura, o próprio padrão de credibilidade pode variar. Essa variação também é histórica, pois se dá ao longo do tempo. A relação entre a imagem e o real é como uma dinâmica de representação, e não como uma correspondência objetiva.
Dentro de cada cultura, é possível encontrar diferentes formas de observar uma mesma imagem. Os padrões que caracterizam uma imagem mais “real” são contextuais, relacionais e variam conforme o tempo, com o espaço, com o sujeito que vê a imagem, com a situação de interação entre os sujeitos, e entre outros elementos. Essa reflexão também é essencial para trabalhar a relação entre o eu e o outro – o meu olhar e o outro olhar – de forma mais ética e democrática diante do que está sendo veiculado na mídia
Imagem como aproximação do real
O que torna uma imagem real ou mais ou menos real (no sentido de realidade), não da psicanálise)? Por que uma imagem de um corpo excessivamente magro parece real para muitos, enquanto uma dissimulação para outros? Por que há tanta controvérsia a respeito das imagens fake veiculadas pela mídia?
A imagem é experimentada por meio dos sentidos. No entanto, alguns a percebem como parte socialmente constitutiva, representada pelas pessoas a respeito do mundo. Já outros a percebem como o próprio mundo, como se este existisse, já de antemão, “pronto” para ser observado.
O que se percebe com essas perguntas é que a imagem é uma das formas utilizadas para expressar a realidade e a sua relação com ela. Beccari e Portugal (2013) afirmam que há muitas formas de olhar para o mundo. E isso não diz respeito apenas a uma categorização social, e a contatos com as instituições sociais e políticas, mas também pela própria forma como o olhar se projeta.
O ato de ver é, portanto, fundamental nesse processo e dialoga com os filtros, os julgamentos coletivamente construídos, aos quais poucas vezes as pessoas têm acesso e compreensão consciente. A forma de olhar, isto é, de projetar a visão, interfere também na constituição das pessoas como seres humanos.
Como demonstra o documentário A janela da alma (2014), o ato de ver é profundamente social e subjetivo. Esse documentário serve para demonstrar que a perspectiva sobre si mesmo, sobre o mundo, e sobre os outros ao seu redor, depende das diversas formas de enxergar.
Imagem como construção do real
Pensar a relação entre a imagem e o suposto real, dentro de uma concepção social da realidade leva à reflexão proposta por Mota-Ribeiro e Coelho (2011) sobre a modalidade da imagem. A modalidade da imagem é um aspecto da dimensão interacional, o qual se relaciona com a credibilidade das imagens, no sentido de como a mensagem é construída. Os marcadores visuais das imagens permitem que elas sejam interpretadas como mais ou menos reais, ou seja, como mais ou menos “credíveis”. Uma modalidade elevada remete para o real e uma baixa modalidade, pode indicar apenas a possibilidade de ser real. No entanto, isso não diz respeito necessariamente ao fato de a cena ser representada de forma fantasiosa, pois uma imagem com fantasmas, por exemplo, pode ter uma modalidade elevada caso seja representada como “real”. O autor/produtor da imagem deve usar elementos visuais que possam atribuir credibilidade a ela.
A credibilidade faz parte de uma construção social, coletiva. Os elementos usados para construir uma mensagem visual como real podem ser interpretados de forma diferente por outro grupo social. Assim, enquanto um confere uma modalidade alta àquela mensagem, outros podem atribuir uma modalidade baixa. A credibilidade varia de sociedade para sociedade, uma vez que é culturalmente marcada. Dentro de uma mesma cultura, o próprio padrão de credibilidade pode variar. Essa variação também é histórica, pois se dá ao longo do tempo. A relação entre a imagem e o real é como uma dinâmica de representação, e não como uma correspondência objetiva.
Dentro de cada cultura, é possível encontrar diferentes formas de observar uma mesma imagem. Os padrões que caracterizam uma imagem mais “real” são contextuais, relacionais e variam conforme o tempo, com o espaço, com o sujeito que vê a imagem, com a situação de interação entre os sujeitos, e entre outros elementos. Essa reflexão também é essencial para trabalhar a relação entre o eu e o outro – o meu olhar e o outro olhar – de forma mais ética e democrática diante do que está sendo veiculado na mídia