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O pré-fotografico, o fotográfico e o pós fotográfico na relação compreensiva e a real

Para compreender a noção do real – e suas articulações com as noções de imaginário e simbólico – é importante fazer referência, primeiramente, ao campo da psicanálise, o qual influenciou a caracterização de paradigmas sobre a imagem[1]. O real da psicanálise difere-se da noção de real de realidade do uso comum. Lacan recorreu tanto ao campo da filosofia quanto ao conceito freudiano de realidade psíquica – noção de real associada a um “resto” que escapa ao discurso (materna) e que é impossível de ser transmitido.

Em uma pequena síntese sobre o assunto, podemos concluir que:

Pré-fotográfico: está para o imaginário - pensar que o “eu” consiga elaborar parte do que ele deseja e assim se definir pelo desejo (por exemplo, “eu me realizo sendo pai”, ou “eu desejo me tornar psicanalista”), o desejo está sendo tomado pelo imaginário (sentido).

.Fotográfico: está para o real - pensar pela dimensão do orgânico e da natureza humana que é propensa a desejar.

.Pós-fotográfico: está para o simbólico - pensar os diferentes discursos sobre o que é desejo, perceber-se-a que há diferentes ideias para definir “desejo”, se o desejo é algo bom ou ruim, sobre os diferentes objetos do desejo etc. Estamos já no duplo (ou múltiplo) sentido, o lugar do sujeito, que é um lugar social e que se constitui de posições discursivas complementares ou conflitantes, isto é, de afirmação, negação e silenciamentos de sentidos.

Foi nesse encontro conflituoso que a fotografia e os seguintes desdobramentos surgiram. Há nesses gêneros um corte, um recorte, um fragmento apenas que é capturado no tempo-espaço. Com o modelo fotográfico, a utopia da completude entre o mundo e a imagem cai por terra. Sobre essa relação, veja o enunciado de Santaella (1996, p. 180 apud SANTAELLA; NÖTH, 1998, p. 192):

“Quanto mais um aparelho ou máquina se aperfeiçoa no registro mimético dos objetos e situações, mais evidente se torna sua impossibilidade de ser igual àquilo que registra. Há um descompasso entre o ritmo do mundo, matéria vertente do vivido, e a capacidade do registro. A febre da vida não cabe em imagens. Sob as vestes da imagem, algo cai. Esse algo é o real, que insiste na sua irredutibilidade”.

[1] - Citações deste texto a partir do Ebook - O imaginário, o simbólico e o real da imagem – Aula 07 – Curso Psicanálise Clinica – IEVI.pós